PRODUÇÃO ACADÊMICA DE ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO: O QUE DIZEM OS PERIÓDICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA?

ACADEMIC PRODUCTION ON HIGH ABILITIES/ GIFTEDNESS: WHAT DO THE PHYSICAL EDUCATION JOURNALS SAY?

Mag. Deizi Domingues da Rocha9 Dra. Susana Graciela Pérez Barrera10

RESUMO

Este estudo objetivou analisar o estado da arte da produção acadêmica relacionada a Altas Habilidades/Superdotação nos periódicos da Educação Física, por meio de uma revisão bibliográfica da produção científica nacional. Foram considerados os periódicos do campo da Educação Física classificados conforme estratos | 67superiores de avaliação da Capes (A1, A2, B1 e B2) no período de 2004 a 2015. A análise de 21 artigos que atenderam os critérios do estudo revelou “certa” atualidade do assunto, no qual há produções, mas ainda se faz necessário um aprofundamento das questões de ordem terminológica. Os resultados mostram que vem sendo desenvolvidas pesquisas, porém, há um déficit de produções na/para a área educacional, haja vista a importância da escola no processo de indicação e identificação em Altas Habilidades/Superdotação.

Palavras-chave: Altas habilidades/Superdotação; Educação Física; produção científica.

ABSTRACT

This research aimed analyzing the state of the art of academic production related to High Abilities/Giftedness in Physical Education journals, through a bibliographical review of the national scientific production. Those journals from the field of Physical Education having the highest rates according to Capes’ evaluation strata (A1, A2, B1 and B2) from 2004 to 2015 were considered. The analysis of 21 papers that met the criteria of the study revealed some updated knowledge on the subject, where there are productions, but it is still necessary to deepen terminology issues. The results show that research has been developed; however, there is a lack of productions in/to the educational area, given the importance of the school in the process of indication and identification in High Abilities/Giftedness.

Keywords: High skills/Giftedness; Physical Education; scientific production.

9 Mestra em Educação (UNOCHAPECÓ-SC). Graduada e pós-graduada em Educação Física. Professora de Educação Física no Centro Associativo de Atividades Psicofísicas Patrick no Serviço de Atividades em Altas habilidades/superdotação (CAPPSAAH/SD). E-mail: deizirocha@unochapeco.edu.br

10 Post-doctora en Educación (UFSM), doctora y magíster en Educación (PUCRS), Responsable por la Unidad de Investigación y Líder del Grupo de Investigación en Altas Habilidades/Superdotación de la Facultad de Ciencias de la Educación (UDE). Miembro del SNI. Investigadora becada Fulbright. sperezbarrera@ude.edu.uy

INTRODUÇÃO

A produção científica relativa à área de Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), conforme Pérez e Freitas (2009, p. 1) ainda é “bastante incipiente no contexto brasileiro, embora os precursores da área tenham pesquisado e divulgado seus trabalhos a partir da década de 1920-1930”. Passados alguns anos desta publicação, podemos afirmar de acordo com Iorio, Chaves e Anache (2016) que vivemos um movimento de expansão e interesse por parte de pesquisadores sobre o tema AH/SD no Brasil. Assim, faz-se necessário um estudo panorâmico que permita uma visão do que tem sido pesquisado sobre/com este tema e algumas áreas específicas do conhecimento, como por exemplo, a Educação Física (EF).

Este artigo é um “estado da arte” da produção científica que discorre sobre o tema “Altas Habilidades/Superdotação e Educação Física” e teve como objetivo analisar a produção acadêmica relacionada a AH/SD nos periódicos da EF. A realização desta pesquisa foi motivada pela recorrente reclamação entre docentes e discentes de um curso de formação em Educação Física a “suposta” escassez de estudos, ademais da dificuldade de acesso à literatura estrangeira e a “dispersão” terminológica e conceitual. Percebeu-se também a necessidade de legitimar a importância de todas as áreas do conhecimento no processo de identificação e atendimento à Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação (PAH/SD), bem como o entendimento de que estas pessoas fazem parte do público alvo da educação especial. Nesse sentido, como a Educação Física (EF) vem “lidando” cientificamente com o tema AH/SD?

Apesar de avanços significativos, de acordo com Rech e Freitas (2005) e Ramalho, Silveira, Barros e Brum (2014) e agora 2016, ainda convém iniciar este artigo lembrando que para muitos docentes o termo “educação especial” remete exclusivamente à imagem de estudantes com algum tipo de deficiência, panorama que nos “joga” comumente a idear que os educandos com AH/SD não precisam de atendimento especializado.

A política de educação especial visa a garantir a essas pessoas o direito ao acesso e à permanência no contexto formal, com a elaboração de diferentes estratégias que permitam o desenvolvimento das suas potencialidades, considerando-os enquanto sujeitos autores e atores do processo de formação humana de forma singular, autônoma e emancipatória.

68 | Para além do acesso e permanência no contexto formal, a área de AH/SD nos faz repensar as práticas pedagógicas com o intuito de permitir ao educando explorar e potencializar sua área de interesse, ou seja, atender a necessidade do sujeito no sentido de ampliar o contato e aprofundamento com o assunto/área de estudo. Nesse cenário, surgem algumas inquietações haja vista a falta de conhecimento sobre AH/SD, tais como conceito, características, mitos, identificação, práticas pedagógicas e encaminhamentos: Quem são essas pessoas? Como identificá-las? O quê e como fazer após a identificação? Na área de EF também “existem” PAH/SD? O que estamos fazendo para atendê-las? Qual a terminologia evidenciada nesta área para “falarmos” de AH/SD?

A EF é uma área do conhecimento inserida na Educação que, enquanto prática pedagógica, tematiza elementos da cultura corporal de movimento, tendo como pressuposto o movimento humano portador de sentido e significado. Procura, de forma intencional, desenvolver práticas que evidenciem as diferentes relações do se-movimentar11 para a formação humana. Desse modo, a EF é um campo de intervenção profissional que, por meio de diferentes manifestações e expressões da cultura corporal de movimento (tematizadas na ginástica, no esporte, no jogo, na dança, nas lutas, na brincadeira popular, na festa, bem como em outras manifestações), pode abrir uma interlocução dialógica entre diversos segmentos sociais.

Nesse sentido, faz-se necessário primeiramente contextualizar as teorias que embasam o percurso acadêmico desta pesquisadora, apesar de não ser esta a pretensão do estudo. Entendemos que a escolha de um tema para o acontecimento de uma pesquisa é um processo que requer cuidados, envolvimento e fidedignidade do pesquisador. Assim, é possível lembrar Marques (2001, p. 26), quando se refere à “construção de novos saberes, a partir de saberes anteriores”, como uma investida significativa. Desta forma, apresentamos a Teoria dos Três Anéis de Renzulli (1986) e a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner (1999) como balizadoras dos nossos processos investigativos. Isso porque, conforme apontam Freitas e Pérez (2016), é imperativo o consenso entre as teorias que vamos empregar quando abordamos o tema AH/SD, ou seja, deve haver relações significativas, no qual possa somar ou complementar uma a outra.

11 O “se”, do “Se-movimentar”, como Kunz (2000) traduziu em seus estudos a expressão alemã “Sich-bewegen”, refere-se a próprio, ou seja, o sujeito do movimento.

[...] a Teoria das Inteligências Múltiplas (GARDNER, 2000) e a Teoria de Superdotação dos Três Anéis (RENZULLI, 1986) já bastante conhecidas [...]. A sincronia entre o conceito multidimensional que propõe a existência de oito Inteligências (lógico-matemática, linguística, espacial, musical, corporal-cinestésica, naturalista, intrapessoal e interpessoal) não hierarquizadas e o conceito de altas habilidades/superdotação, entendido como resultado das interações que ocorrem entre dois ou três grupamentos de traços – habilidade acima da média, comprometimento com a tarefa e criatividade (RENZULLI, 2016) – permitem propor indicadores de AH/SD em qualquer uma dessas inteligencias (Pérez & Freitas, 2016, p. 11).

Nesse encontro teórico buscamos identificar nos artigos selecionados aproximações entre as duas áreas do conhecimento: AH/SD e EF. Para tanto, constatamos que nas publicações das revistas eletrônicas da EF conforme Qualis definido, não existem trabalhos com a terminologia específica AH/SD, mas também sabemos que a área da EF há longa data vem estudando os “talentos esportivos”. Para o termo “talento esportivo” ao encontro das teorias citadas acima, podemos aproximá-lo significativamente da inteligência corporal-cinestésica, bem como da inteligência espacial e possíveis interlocuções com as outras. Desta forma, considerar neste momento, a indicação “talento” e/ou “talento esportivo” como sinônimo de AH/SD na área corporal-cinestésica é uma possibilidade de avançarmos nos estudos de AH/SD na EF embasados pelas teorias de Gardner e Renzulli, sem desconsiderar o que até então já se produziu.

Após a leitura dos artigos, buscamos identificar os direcionamentos dos mesmos. Nesse caso, entender o conceito de AH/SD torna-se primordial, na medida em que os estudos nesta área estão apontando caminhos significativos para o sentido/significado da utilização da palavra “talento”.

O escopo desse trabalho se deu na possibilidade de sistematizarmos a produção científica de revistas eletrônicas da EF com Qualis Capes A1; A2; B1 e B2, tendo em vista a grande temática AH/SD e EF, para que os próximos trabalhos possam estar embasados nesta identificação, bem como na possibilidade de ampliar estudos pouco vislumbrados, contribuindo para avanços qualitativos nas investigações da área. Desse modo, este trabalhou procurou contribuir para uma sistematização que facilitasse uma análise panorâmica, bem como o acesso organizado dos avanços obtidos pelos pesquisadores que se aventuraram neste promissor campo de estudo, intervenção e investigação, conforme estudos recentes da área de AH/SD.

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DO CAMINHO METODOLÓGICO

Na proposta da pesquisa denominada de “estado da arte” predomina, em sua natureza metodológica, o caráter exploratório e bibliográfico, tendo a abordagem qualitativa o seu viés característico. É importante salientar que a pesquisa denominada de estado da arte não é apenas o levantamento do material que já foi produzido sobre uma determinada temática, mas o diagnóstico e a avaliação crítica do que foi encontrado; isto é, como afirma Pillão:

[...] uma modalidade de pesquisa adotada e adaptada/interpretada por diferentes pesquisadores de acordo com suas questões investigativas [...]. Os trabalhos envolvidos nessa modalidade de pesquisa apresentam em comum o foco central – a busca pela compreensão do conhecimento acumulado em um determinado campo de estudos delimitado no tempo e no espaço geográfico (Pillão, 2009, p. 45).

Considera-se que seja exploratória, principalmente na fase inicial, devido ao processo de coleta de informações e material e o diagnóstico das fontes pesquisadas. No caso desta pesquisa as fontes de informação foram os artigos publicados nos periódicos nacionais da EF.

As pesquisas exploratórias são compreendidas como investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos (Marconi & Lakatos, 2002, p. 85).

A pesquisa é também bibliográfica pelo processo de constituição dos dados da mesma, que compreende

o levantamento de artigos e a leitura desse material selecionado. Para Gil (2010, p.50), este tipo de categorização é útil no sentido de “permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Por fim é de abordagem qualitativa que, conforme Minayo (2010, p. 57), “se conformam melhor a investigação de grupo e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica de atores, de relações para análise de discursos e documentos”.

Em relação à seleção dos documentos que compõem o objeto de estudo da pesquisa, escolhemos analisar os artigos publicados nos periódicos do campo da Educação Física, de língua portuguesa, no período de 2004 a 2015, classificados nos estratos superiores do Qualis da Capes (A1, A2, B1 e B2), que avalia a qualidade dos periódicos de acordo ao fator de impacto. Esta etapa ocorreu durante o mês de outubro de 2016. A escolha destes níveis se deu por serem, em tese, as produções mais qualificadas da área.

Para a efetivação de uma pesquisa de estado da arte, segundo Romanowski e Ens (2006), é necessário adotar algumas etapas, tais como:

1ª etapa: levantamento dos resumos dos artigos publicados nos periódicos selecionados. Para este momento da pesquisa foram consideradas as seguintes palavras-chave: “Altas habilidades/Superdotação” de forma combinada e/ou isolada e “Educação Física”. Nessa direção, durante as buscas, percebemos limitação para o encontro da temática proposta de acordo com a organização estabelecida. Desta forma, ao não encontrarmos trabalhos com o termo específico AH/SD (combinado ou isolado) nas produções no campo da EF, houve necessidade de realizarmos uma nova busca utilizando como palavras-chave: “talento”; “talento esportivo” com a perspectiva de poder identificar estudos envolvendo à temática.

2ª etapa: identificação dos artigos por meio da leitura dos resumos e que apresentassem uma perspectiva de abordagem sobre “talento”, seja no título ou nas palavras-chave, tendo-as como critérios de inclusão.

3ª etapa: localização dos artigos selecionados na própria base de dados, que fornece um link para download dos arquivos publicados.

4ª etapa: leitura dos artigos selecionados.

5ª etapa: fichamento dos artigos selecionados com a descrição da problemática, do objetivo principal e dos possíveis direcionamentos;

6ª etapa: análise qualitativa desses elementos;

70 | 7ª etapa: sistematização e análise dos resultados.

Na 1ª etapa foram levantados 44 artigos com as palavras-chaves “talento esportivo” e/ou “talento” nos referidos periódicos e foi constatado o termo “talento” no corpo do texto de todos. Ao realizarmos a 4ª e 5ª etapa, identificados 21 artigos que atendiam o objetivo desta pesquisa. Assim sendo, 23 trabalhos foram excluídos por estarem fora dos critérios de inclusão. Os 21 artigos selecionados foram analisados individualmente e, posteriormente, foi definido o enquadramento em possíveis categorias. Segue abaixo o quadro de caracterização desses artigos.

Quadro 1: Artigos de periódicos de Educaçao Física melhor classificados no Qualis da CAPES no período de 2004 a 2015 analisados

REVISTA/CLASSIFICAÇÃO NO QUALIS/ ANO TÍTULO AUTOR(ES)
1 MOTRIZ /B1/2012 Processo de formação de tenistas talentosos Rafael Pacharoni Marcelo Massa
2 REV. BRAS. DE EF E ESPORTE/B1/2010 Do talento ao alto rendimento: indicadores de acesso à excelência no handebol Luís Massuça Isabel Fragoso
3 REV. BRAS. DE EF E ESPORTE/B1/2007 A contribuição do curso de Pós-graduação em Educação Física da Escola de Educação Física e Esporte no desenvolvimento da linha de pesquisa em Esporte infanto-juvenil, Treinamento a longo prazo e talento esportivo Maria Tereza Silverira Böhme
4 REV. BRAS. DE EF E ESPORTE/B1/2010 Judocas olímpicos brasileiros: fatores de apoio psicossocial para o desenvolvimento do talento esportivo Marcelo Massa Rudney Uezu Maria Tereza Silveira Böhme
5 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2010 Subsídios para uma abordagem sociocultural sobre o talento esportivo Larissa Zink Bolonhini Jocimar Daolio
6 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2015 Processo de formação esportiva: da identificação ao desenvolvimento de talentos esportivos Alexandra Folle Juarez Vieira do Nascimento Amândio Braga dos Santos Graça
7 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2006 Formação esportiva: teoria e visões do atleta de elite no Brasil Lila Peres Hugo Lovisolo
8 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2014 Viabilidade de aplicação de um instrumento para a avaliação da qualidade dos processos de detecção e seleção de talentos esportivos na realidade brasileira Leandro Carlos Mazzei Cacilda Mendes dos Santos Amaral Flávia da Cunha Bastos Maria Tereza Silveira Böhme
9 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2012 Influência do tempo de reação simples na seleção de jovens talentos no tênis Franco Noce Tadeu Sartini Ferreira Clarice Zinato Moreira André Gustavo Pereira de Andrade Marco Túlio de Mello Varley Teoldo da Costa
10 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2012 Psicologia dos talentos em desporto: um olhar sobre a investigação Sílvio Ramadas Sidónio Serpa Ruy Krebs
11 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2010 O abandono da modalidade esportiva na transição da categoria Juvenil para adulto: estudo com talentos do atletismo Priscila Garcia Marques da Rocha Edivando Souza dos Santos
12 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2003 A trajetória de desenvolvimento de talentos esportivos Lenamar Fiorese Vieira José Luiz Lopes Vieira Ruy Jornada Krebs
13 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2000 A relação entre timing vital e social de talentos esportivos: um Estudo com atletas paranaenses do atletismo Lenamar Fiorese Vieira José Luiz Lopes Vieira
14 REVISTA DA EF – UEM/ B1/2001 Talentos esportivos: estudo dos atributos pessoais dos Atletas paranaenses do atletismo Lenamar Fiorese Vieira José Luiz Lopes Vieira
15 PENSAR A PRÁTICA/ B2/2008 Recuperando contribuições para entender o processo de detecção do talento desportivo João Paulo Borin Aguinaldo Gonçalves
16 PENSAR A PRÁTICA/B2/ 2009 Análise do quartil de nascimento de atletas profissionais de futebol Luiz Carlos Couto de Albuquerque Moraes; Eduardo Macedo Penna; Renato Melo Ferreira; Varley Teoldo Costa; Alessandro Fahel Matos;
17 REV. BRAS. DE CIÊNCIA DO ESPORTE/B2/2009 Seleção de tenistas brasileiros talentosos Rafael Pacharoni Rudney Uezu Marcelo Massa

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Rocha, D. D. da & Pérez Barrera, S. G.

18 REV. BRAS. DE CIÊNCIA DO ESPORTE/B2/2010 Desempenho esportivo no judô olímpico brasileiro: o talento é precoce? Marcelo Massa Rudney Uezu Maria T. S. Böhme Luiz R. R. Silva Jorge D. Knijnik
19 REV. BRAS. DE CIÊNCIA DO ESPORTE/B2/2007 Detecção, Seleção e Promoção de Talento Esportivo: Considerações sobre a Natação Emilson Colantonio
20 REV. BRAS. DE CIÊNCIA DO ESPORTE/B2/2007 O tema talento esportivo na ciência do esporte Maria Tereza Silveira Böhme
21 REV. BRAS. DE CIÊNCIA DO ESPORTE/B2/2004 Estabilidade: aspecto significativo na previsão do talento no basquetebol feminino Vagner Roberto Bergamo

Fonte: elaboração da autora

ANÁLISE E DISCUSSÃO

Ao analisar os artigos, percebemos que a predominância dos estudos pautou-se nos seguintes elementos: Identificação, seleção e detecção de talentos esportivos (11 artigos); desenvolvimento de talentos esportivos (6 artigos) e abordagem ao conceito de talento (4 artigos). É importante salientar que apesar dos primeiros elementos terem características pontuais, a maioria apresentou na sua introdução o conceito de talento, fato que nos chamou atenção devido a “certa” compatibilidade de ideias dos autores. Podemos perceber, inicialmente pelos títulos dos trabalhos e depois pela leitura dos mesmos, que as abordagens dos textos estão em sua maioria direcionada a uma modalidade esportiva, como por exemplos: judô, natação, basquetebol, handebol e atletismo. As interlocuções estão diretamente relacionadas à EF e à Psicologia. A partir disso, foram organizadas as seguintes categorias de análise: Conceituando Talento: inter-relação com AH/SD (teorias de Gardner e Renzulli); Identificação, seleção, detecção e desenvolvimento de talentos

72 | esportivos.

CONCEITUANDO TALENTO: INTER-RELAÇÃO COM AH/SD E A EF (TEORIAS DE GARDNER E RENZULLI)

Ao nos aproximarmos do termo talento na área da EF podemos perceber que existem diferentes abordagens para sua definição. Não há um consenso teórico; contudo, de maneira geral, vem sendo entendido como aquele sujeito que está acima da normalidade. Em se tratando de estudos sobre talento, temos como marco inicial os reflexos da segunda guerra mundial, conforme aponta Joch (2005 como citado em Bolonhini & Daolio, 2010, p. 79) “os estudos sobre a temática do talento iniciaram-se na Alemanha durante a década de 1960”, reflexos que aparecem evidentes na área da EF como, por exemplo, a reabilitação dos combatentes de guerra ou pelo fato de usarem o esporte como meio de demonstrações políticas que por vezes camuflam ou idealizam valores pessoais, morais e sociais. No artigo, os autores buscaram oferecer subsídios para uma abordagem sociocultural do talento esportivo na área da EF. Para isso apresentaram um resgate sobre a definição de talento esportivo para alguns cientistas,

[...] pessoas que atingem resultados superiores aos das outras, situadas no mesmo estágio de vida, devido às suas capacidades de performance (MATSUDO, 1989). [...]. Joch (2005) atribui o talento a uma pessoa que possui (principalmente devido à genética) disposições para alcançar altos desempenhos esportivos. Kiss et al. (2004) definem o talento como pessoas que possuem aptidão especial para o desempenho esportivo. Finalmente, para Matsudo et al. (2007), a palavra talento é atribuída a crianças (em geral de oito a dezoito anos) qualificadas, por especialistas, como capazes de apresentar alto desempenho devido ao porte de capacidades excepcionais e aptidões intelectuais (Bolonhini & Daolio, 2010, p. 80). (grifo dos autores).

Nesse direcionamento, prevalecem as capacidades do sujeito e desempenho que o mesmo possa demonstrar. O que fica evidenciado para Bolonhini e Daolio (2010, p. 80) é que na EF definimos o talento como “aquele que possui capacidades especiais que proporcionam um alto rendimento e como pessoas que possuem aptidão especial para o desempenho esportivo”. Para estes autores é necessário superar a ideia de que o talento está no corpo (físico) do sujeito, teoria pautada nas ciências naturais, fato que na contemporaneidade não se sustenta sozinho, ou seja, precisamos “beber” em outras fontes como, por exemplo, as contribuições das ciências humanas que permitem ampliar esta discussão e (re)significar o conceito de talento.

No trabalho de Borin e Gonçalves (2008), o objetivo foi reconstruir a definição do termo talento e, em seguida, entender os processos ou modelos de identificação do jovem talentoso, bem como as limitações e dificuldades na orientação desportiva. Para isso utilizaram Marques (1993), quando afirma que o:

[...] indivíduo talentoso possui características bio-psíquico-sociais que, diante de determinadas condições, deixam antever com segurança a possibilidade de obtenção de elevados rendimentos. Nesta mesma direção, Bompa (2002) aponta que o termo é empregado para aqueles que demonstrem elevadas capacidades biológicas e psicológicas, as quais, dependendo do respectivo meio social, podem apresentar alto desempenho. Destaca, também, que o nível de rendimento depende de traços individuais e dos programas que objetivam estimular e recompensar a aprendizagem e o treinamento (Borin & Gonçalves, 2008, p. 169).

Ainda Borin e Gonçalves (2008) demonstram certa preocupação em explorar o conceito de talento, pois acreditam que os fatores constitucionais e ambientais exercem influência nos resultados nos esportes, fatores que implicam conhecer e operar com as características do sujeito, seja nas questões fisiológicas, metabólicas, morfológicas, psicológicas ou sociais, entre outras. Os autores assinalam que o processo de “identificar” o sujeito talentoso é algo complexo, pois devemos considerar diferentes dimensões do humano e o contexto de formação, assim como uma rede de informações que estuda o sujeito individualmente e coletivamente, ponderando um conjunto de habilidades e competências que podem (ou não) estar interligadas.

O trabalho de Massuça e Fragoso (2010, p.483) objetiva conhecer as variáveis que os treinadores julgam mais influentes no sucesso do atleta. Para isso, os autores apresentam o termo talento como sendo de origem bíblica e consideram que o mesmo “constitui uma das condições fundamentais para acender a excelência no desporto de competição e a sua identificação representa o primeiro passo de um longo processo de especialização que permite selecionar os sujeitos certos”. Amparados por Sobral (1994), os autores | 73tentam distinguir o termo talento do termo dotado; no entanto, afirmam que em ambos podem ou não verificar certa prontidão esportiva.

Hahn (1988) distingue três tipos de sujeitos capazes de triunfar no campo da atividade física: 1) aqueles que apresentam um talento motor geral e são capazes de aprender com facilidade uma ampla quantidade de tarefas motoras de certa dificuldade [...] 2) aqueles que apresentam talento desportivo geral e que, para além de terem um grande talento motor geral, estão dispostos a submeter-se a um programa de treino desportivo; 3) aqueles que apresentam um talento específico desportivo e que, para além de terem talento desportivo, também têm condições para ter rendimento numa modalidade desportiva específica. Portanto, para este autor existe como que um sistema de “upgrade” que vai tornando cada tipo de sujeito uma versão melhorada da anterior. (Mussuça & Fragoso, 2010, p. 483).

Nessa direção, o talento é apresentado como condição primeira para a excelência no esporte de rendimento, naquilo que chamam de perfeição esportiva, para o ápice do atleta. Para isso, os autores consideram que tal perfeição está alicerçada num processo completo de especialização, e, colocam a necessidade de detectar os talentosos o mais cedo possível.

Colantonio (2007, p. 129) salienta que ao conceituarmos talento esportivo devemos levar em consideração

o nível competitivo ao que nos referimos, “[...] assim, um jovem atleta pode ser considerado um talento esportivo no nível do esporte escolar, não ocorrendo o mesmo quando este compete no nível do esporte federado, através do clube esportivo, ou em níveis superiores como competição estadual ou nacional”.

No trabalho de Böhme (2007, p. 120), cujo objetivo foi de apresentar como o tema Talento Esportivo tem sido tratado na Ciência do Esporte, a autora define que “na área do esporte de rendimento, utiliza-se o termo “talento esportivo” para designar aquelas pessoas que possuam um potencial, uma aptidão especial, ou uma grande aptidão para o desempenho esportivo”. No decorrer do trabalho a autora apresenta elementos importantes para a análise do tema, tais como: componentes na conceituação de talento (estático e dinâmico); relação dinâmica entre os níveis de desempenho competitivo individual inicial, atual e final; detecção e perspectivas de talento, como fundamento de uma teoria do talento esportivo.

Ainda a autora apresenta uma definição operacional de talento esportivo como sendo:

[...] o resultado individual de um processo dependente das relações temporais existentes (R) entre as disposições genéticas (dG), a idade relacionada com a fase do seu desenvolvimento (iD), as exigências de desempenho esportivo no treinamento (dT), assim como de qualidades psicológicas (qP), as quais são verificadas através de uma aptidão individual acima da média, determinadas através de tarefas esportivo-motoras específicas (testes de aptidão, competição) (Böhme, 2007, p. 120).

Em outro artigo, Weineck (1991, p. 313) refere que “talento é uma vocação marcada em uma direção, que ultrapassa a média, que ainda não está completamente desenvolvida”. Refere que Gagné (como citado em Ramadas, 2012) distingue superdotação de talento, no qual afirma ter uma relação de interdependência e que, apesar de que seu Modelo Diferenciado da Dotação e Talento trouxe contribuições para os estudos, é insuficiente quanto a sua detalhação. Para Gagné, devemos considerar um conjunto de capacidades inatas para a superdotação, bem como alguns fatores de ordem intrapessoal e ambiental.

Com o objetivo de verificar a estabilidade da expectativa de sucesso esportivo por meio da análise do comportamento da aptidão física durante o processo de crescimento e o efeito de treinamento em atletas jovens (AJ) e atletas adultas (AA) de basquetebol, Bergamo (2004) verificou que as preocupações adicionais quanto à detecção e promoção do talento esportivo estão no fato de relacionarmos estatisticamente o número de possíveis talentos dentro de uma dada população. Afirma o autor que, de acordo com a “estatística o talento ocorre com uma freqüência muito reduzida, cuja probabilidade é inferior a 1/10.000 [...]. A inclinação e a predisposição do talento são observados nas pessoas que se encontram dentro de uma faixa muito reduzida da população” (Ibidem, p. 52). Essa observação se dá principalmente nos esportes coletivos, nos quais o talento necessita de variáveis que se correlacionam negativamente, como é o caso da estatura, velocidade e resistência. O estudo mostra a relação existente entre o Treinamento a Longo Prazo (TLP) e o talento esportivo, ou seja, entende-se que para formar um atleta de elite faz-se necessário sua participação no treinamento sistematizado.

Bolonhini e Daolio (2010) verificaram que o termo talento está relacionado às pessoas que atingem resultados superiores aos das outras, situadas no mesmo estágio de vida, pelas suas capacidades de desempenho; 74 | pelas disposições para alcançar altos desempenhos esportivos ou mesmo pelas pessoas que possuem aptidão especial para o desempenho esportivo. Para Mosquera e Stobäus (2006, p. 6) “as pessoas talentosas, por sua parte, são aquelas que têm uma grande capacidade em relação a um aspecto concreto de inteligência ou, ainda, uma grande destreza para uma habilidade, ou um comportamento específico. Os talentos em geral são especialistas em uma área do conhecimento”. Essa diferenciação tem sido feita por profissionais que hierarquizam as inteligências, valorizando mais a linguística e a lógico-matemática e, consequentemente, negligenciando a artística e corporal-cinestésica. Corroborando as colocações de Pérez (2012),

Particularmente, penso que imaginar que existe uma superdotação intelectual (geral, mensurável, melhor e verdadeira), e algo que chamamos de “talento” que é específico, imensurável pela sua própria natureza, menos importante pela desvalorização das áreas às que costuma se associar (artes plásticas, dança, teatro, música, es-portes), e que não é considerado superdotação, é como aceitar que Hitler tinha razão, ao defender a supremacia ariana [...]. [...] Em minha opinião, entender superdotação como sinônimo de AH/SD na área intelectual, e talento, como sinônimo de AH/SD somente nas áreas artísticas e esportivas se justifica quando se aceita uma hierarquia das inteligências, uma categorização das inteligências, por grau de importância (Pérez, 2012, p. 52-53-56).

Sabatella (2008, p. 77) refere que a inteligência corporal-cinestésica “engloba aqueles estudantes que realizam proezas atléticas, incluindo também o uso superior de habilidades motoras refinadas, necessárias para determinadas tarefas e habilidades mecânicas”. Guenther (2000, p. 32), por sua vez, expõe que é “[...] indicado pela capacidade e habilidade de dominar o próprio corpo, suas coordenações, músculos, tendões e articulações, em um nível de desempenho de alta qualidade, no campo atlético, esportivo, ou na área de coordenações finas”.

Quanto à definição de “talento esportivo”, Massa (1999, p. 11) cita o conceito de Weineck (1991): “indivíduos que apresentam potencial acima da média populacional, podendo chegar a realizar altos desempenhos esportivos”. Mazzei, Amaral, Bastos e Böhme (2014, p. 527) utilizam as definições de Abbott (2006), Böhme (1994, 2011) e Vaeyens et al. (2008) “[...] talentos esportivos são denominados aqueles indivíduos que possuem desempenho e condições de sucesso acima da média populacional em determinadas atividades e práticas esportivas”.

Diante disso entendemos que na área da EF as expressões “talento e/ou talento esportivo” e “AH/SD” são sinônimos, no entanto, enquanto estudiosas e pesquisadoras da área das AH/SD e considerando as teorias de Gardner e Renzulli buscaremos legitimar o segundo termo (AH/SD) na área da EF, pois conforme salientam Regnier et al. (1993 apud MASSA, 1999, p. 12) “a determinação e desenvolvimento do talento esportivo deve ser observado como um processo contínuo, inter-relacionado e cíclico [...]”. Massa (1999) acrescenta a importância de estratégias que otimizem a identificação e desenvolvimento de educandos com AH/SD.

De acordo com Virgolim (2007), o desenvolvimento da PAH/SD depende do caminho que irá trilhar:

[...] os superdotados e talentosos são os maiores recursos de uma nação, mas acreditamos que o pleno potencial desses alunos somente será efetivado se obtiverem serviços educacionais adequados, desafiadores e de alto nível, que lhes permitam desenvolver amplamente suas habilidades intelectuais e levar vidas enriquecidas e satisfatórias, a fim de que se tornem os profissionais, artistas, educadores e líderes que continuarão a escrever história e contribuir para a evolução da humanidade (Virgolim, 2007, p. 37).

Para isso é necessário provocarmos os estudiosos dessa área a repensar a terminologia a ser utilizada, pois conforme Renzulli (1986 como citado em PÉREZ, 2006, p. 41), devemos acrescentar novos conhecimentos “à nossa compreensão da condição humana” e “também deve-se pensar na finalidade prática dos conceitos, que geralmente serão utilizados para fins políticos”. Pérez comenta que:

Desta forma, seria muito temerário afirmar que a destacada inteligência corporal-cinestésica de uma ginasta como a “pequena notável” gaúcha Daiane dos Santos, medalha de ouro em várias competições mundiais, ou de um bailarino como o russo Mikhail Baryshnikov, reconhecido como o melhor do século XX; a melodiosa inteligência musical de Elis Regina ou de Johann Sebatian Bach; ou a fantástica inteligência espacial de Tarsila do Amaral ou de Pablo Picasso são apenas “talentos” se comparados com as inteligências de outros nomes das ciências duras que talvez não tenham conseguido a aclamação mundial que tiveram e ainda têm os anteriores. Quem seria capaz de negar-lhe essas inteligências à Humanidade? (Pérez, 2006, p. 42-43).

Portanto, talento é um termo utilizado para alguns autores que entendem as áreas artística e psicomotora não como uma inteligência, deixando maior importância para as inteligências mais valorizadas na área | 75acadêmica (linguística e lógico-matemática). Assim, conforme Mazzei et al. (2014), “os talentos esportivos devem ser desenvolvidos a partir de suas características psicológicas, biológicas, sociais, de seu desempenho e também em relação às etapas de sua vida social, acadêmica e profissional”, ou seja, há um consenso de que devemos tratar as PAH/SD, e aqui em específico na área da EF (jovens atletas), por meio das aborda-gens multidimensionais e holísticas.

IDENTIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE “TALENTOS ESPORTIVOS”

Muitos são os equívocos atrelados às PAH/SD, como a ideia de que elas são capazes de evoluir sozinhas, dispensando atendimentos especializados. Ao contrário, é extremamente necessário que a PAH/SD tenha um ambiente e condições favoráveis para o desenvolvimento de suas habilidades e competências. Corroborando Fleith e Alencar (2007), é direito universal e constitucional de todas as pessoas serem assistidas conforme seus potenciais. Em se tratando da inteligência corporal-cinestésica, devemos reconhecer que muitos países investem maciçamente em programas de captação e estímulo de talentos, como por exemplo, o Brasil que nos últimos dez anos, quando vivenciou a temporada de megaeventos, evidenciou a busca por talentos esportivos.

A maioria dos trabalhos selecionados apresentam como foco a discussão em torno da identificação, detecção, seleção e desenvolvimento dos “talentos esportivos”, fato que causa certo desconforto e preocupação para área da EF. Isso porque, além de pensar nas questões de ordem terminológicas, sobretudo, precisamos alargar os horizontes no que se refere ao papel do professor de EF no contexto formal junto à temática das AH/SD, ou seja, sensibilizar o olhar e a prática pedagógica do professor, para que o educando tenha o maior número de vivências e experiências corporais tematizadas pelos elementos da cultura corporal de movimento.

No entanto, não seria a escola o primeiro lugar de encontro, de experimentação do sujeito com a sua “habilidade”? Esse questionamento nos leva a refletir sobre a procura por identificar talentos esportivos, fator que tem inserido crianças em idade cada vez mais precoce no treinamento para o esporte. Certo ou errado?

Talvez fosse este um aspecto negativo do processo de identificação, ou seja, o que fazer? Quais os cuidados a serem tomados?

Conforme Mazzei et al. (2014, p. 528), a busca pelos talentos esportivos independe do país, fato que nos aponta características em comum para a sistematização do desenvolvimento desses sujeitos, como a “[...] implementação de ações no esporte de base que possibilitem a prática e participação esportiva; [...] a existência de processos relacionados com a detecção/seleção de jovens talentos; [...] a promoção de atletas talentosos que irão integrar equipes nacionais [...]”.

Segundo Noce, Ferreira, Moreira, Andrade, Mello e Costa (2012), o tema da detecção de talentos é um assunto que tem sido evidenciado cada vez mais na literatura. Em estudo realizado por estes autores com o objetivo de apresentar a importância dos tempos de reação simples, cognitivo e motor, na seleção de talentos para o tênis, os mesmos afirmam que a identificação de talentos é um processo de desenvolvimento que não deve ser baseada em um único teste motor ou de aptidão, mas considerar aquilo que se evidencia nos treinamentos e nas competições esportivas.

De acordo com Böhme (2007, p. 121), a detecção de talentos esportivos se refere a todas as formas empregadas para descobrir um número satisfatório de crianças e adolescentes dispostos e prontos para a admissão em um programa de formação esportiva geral básica, o qual considera como primeira etapa do TLP. Para a autora, a formação de talentos esportivos visa a desenvolver todas as qualidades da personalidade dos jovens talentos esportivos por meio do TLP. Para isso, são necessários paciência e esforço por parte do praticante, métodos pedagógicos de treinamento adequados, assim como apresentação de forma gradativa de sucessos competitivos no decorrer do processo.

Para Noce et al. (2012, p. 370), os métodos pedagógicos definem um nível de “desenvolvimento das qualidades físicas, capacidades coordenativas e habilidade técnica desportiva”. Os métodos medicobiológicos dão ênfase ao estado de saúde do atleta, ou seja, as condições morfofuncionais. Nessa perspectiva, Noce et al. (2012), comentam que Kiss et al. (2004) apresentam um modelo no qual o desempenho depende da condição global do indivíduo, levando-se em consideração diversos aspectos, dentre eles, os cognitivos.

O estudo de Colantonio (2007) discorre sobre os feitos das últimas décadas no esporte mundial e sobre

76 | como o grande número de recordes mundiais batidos por atletas cada vez mais jovens vem causando certas inquietações e provocações em estudiosos e profissionais da área das ciências do esporte. Com isso,

o autor buscou em seu estudo discutir aspectos associados à detecção, seleção e promoção de talentos esportivos na modalidade natação, suas particularidades e a relação com o processo de TLP, no âmbito nacional e internacional.

Mazzei et al., (2014) propuseram verificar a viabilidade da aplicação do questionário proposto por Rütten, Ziemainz e Röger (2005) para avaliar a qualidade dos processos de detecção e seleção de talentos esportivos, isso porque acreditam que, em termos de avaliação, os programas de talentos esportivos geralmente possuem como critério principal os resultados finais alcançados, o que leva a questionamentos sobre as ações realizadas durante os processos realizados. Nesse caso, elaborar diretrizes gerais para TLP, implementar programas e políticas que visem a detecção, formação e promoção de talentos esportivos é uma possibilidade de alavancar um processo de desenvolvimento de atletas de ponta.

O trabalho de Folle, Nascimento e Graça (2015) objetivou realizar uma revisão sistemática de artigos originais que abordam o processo de identificação e desenvolvimento de talentos esportivos, constatando que a atualidade dessa temática está no cenário internacional. O artigo aponta que a preocupação dos investigadores deste tema está no processo de formação esportiva, ou seja, em desvendar os fatores e os estágios de desenvolvimento da carreira esportiva em detrimento dos fatores de identificação de talentos. A revisão dos autores identificou aspectos negativos, positivos e os que acabam atrapalhando a seleção de atletas para o cenário esportivo. Diante disso, apontaram alguns indicativos sobre o processo de identificação, fatores e estágios de desenvolvimento e as transições no desenvolvimento de talentos esportivos.

Já Massa, Uezu e Böhme (2010) objetivaram analisar os fatores de apoio psicossocial presentes no desenvolvimento de judocas brasileiros talentosos do sexo masculino. Os autores utilizaram literatura internacional e evidenciam no trabalho que muitas referências relacionadas ao talento esportivo estão diretamente atreladas aos aspectos psicossociais. Consideram alguns aspectos, tais como motivação, prazer, apoio familiar, bons professores e mentores, dedicação, entre outros como relevantes no processo de desenvolvimento do talento em diferentes domínios do conhecimento. No entanto, salientam a importância do TLP para o sucesso do sujeito.

Comentam que deve-se tomar cuidado no processo de promoção do sujeito e que a intervenção precisa ocorrer com seriedade e competência, o que é de direito do sujeito, mas também precisa ser/estar sensível, ao passo que estamos “falando” de pessoas. Massa, Uezu e Böhme (2010, p. 479) corroboram o que Marques (1991) e Weineck (1999) afirmam, que “procedimentos equivocados durante a fase de promoção do talento, podem fazer com que o jovem atleta abandone a prática esportiva pela saturação psicológica, devido a quantidades inadequadas e exaustivas de treinamento e a alta exigência em competições”.

Segundo Massa et al. (2010, p. 5), apesar de o judô ser uma modalidade com tradição olímpica, ainda não se conhece o processo de formação de judocas brasileiros, ou melhor, “não se conhece o momento em que

o talento se manifesta na modalidade. Tal problemática não é exclusiva do judô e se estende ao contexto popular, no qual ainda é comum a crença de que o talento pode ser observado precocemente numa criança”. A partir disso, os autores analisaram a manifestação do talento em judocas olímpicos brasileiros, apontando que a maioria dos judocas analisados não foram talentos precoces e que, nesse caso, isto implica em pensarmos que “não há, em regra, uma relação de estabilidade entre o desempenho inicial e o desempenho futuro. Em outras palavras, selecionar precocemente com base no desempenho inicial é um risco para o processo de promoção de talentos” (idem). Nesse sentido, os autores evidenciam a importância das crianças vivenciarem e experienciarem o maior número de práticas corporais, sendo de forma prazerosa no qual “[...] possam aderir a um programa de iniciação esportiva geral básica, descobrindo e desenvolvendo suas vocações, aptidões, prazeres e, consequentemente, despertando seus talentos”. (Ibidem, p. 9).

Ao observarem alguns estudos que relacionavam a seleção de talentos com a aptidão física-motora, valores antropométricos, fatores motivacionais, ambientais e tempo de prática, Pacharoni, Uezu e Massa (2009) resolveram verificar e analisar o processo de iniciação esportiva de tenistas brasileiros talentosos e os consequentes fatores que contribuíram para o alcance do profissionalismo, obtendo informações a respeito das atribuições do talento “tenístico” e o início de seu destaque no circuito. Pontuam que o início de uma atividade no clube (esportivo) é significativo, ao passo que neste espaço podem ser ofertadas diferentes práticas esportivas e uma estrutura física adequada, ou seja, o clube aparece como importante ferramenta no processo de desenvolvimento de talentos esportivos, tanto para descoberta como para o treinamento específico e sistematizado.

Nesse caminho, Vieira e Vieira (2000) buscaram investigar o impacto dos eventos de vida e experiências | 77 esportivas anteriores nas diferentes etapas de desenvolvimento de talentos do atletismo paranaense. Para os autores, talento do esporte apresenta combinação de vários fatores acima da média para manifestação esportiva, que só evidencia-se num número extremamente reduzido de pessoas. Assim, os autores referem que o talento esportivo apresenta diferentes capacidades e habilidades que o condicionam ao desempenho esportivo e isso requer um longo tempo de aprendizagem dessas habilidades que envolvem alto padrão, muito tempo e uma grande negociação de esforço. Em 2001, os mesmos autores investigaram as estruturas políticas e sua influência no desenvolvimento de talentos esportivos do atletismo no estado do Paraná, tendo como suporte a teoria dos sistemas ecológicos de Bronfenbrenner (1992, 1995, 1996) e também investigaram sobre que atributos pessoais são necessários para atletas serem considerados talentos esportivos.

No primeiro estudo Vieira e Vieira (2000) concluíram que a dinâmica da estrutura dos governos interferira de maneira relevante no processo de desenvolvimento dos talentos esportivos, “[...] dessa forma, a trajetória de desenvolvimento de cada talento é caracterizada por um processo único, que está intimamente relacionado ao processo de treinamento de vários anos, sendo dependente de estruturas administrativas” (Vieira &Vieira, 2001, p. 7). Para o segundo estudo salientaram a importância das relações interpessoais junto aos familiares, ao professor de EF e ao técnico esportivo, referindo que, a cada fase do atleta, pode-se constatar que os atributos pessoais dos talentos se modificavam passando pelo biótipo, o interesse, o destaque no grupo e persistência.

Vieira, Vieira e Krebs (2003) buscaram investigar o processo de desenvolvimento de talentos paranaenses do atletismo, tendo como suporte a teoria dos sistemas ecológicos de Bronfenbrenner (1992, 1995,1996), no qual concluiram que:

[...] a) trajetória de desenvolvimento de cada talento é um processo único, intimamente relacionado ao processo de treinamento de vários anos, sendo dependente de estruturas administrativas; b) as experiências nas diferentes fases do processo de especialização motora estão relacionadas ao interesse e motivação do talento. As evidências demonstram que talento é uma competência pessoal alcançada dentro do ambiente esportivo, alicerçada em qualidades físicas e psicológicas que capacitaram os atletas a obter alto rendimento dentro da modalidade de atletismo (Vieira; Vieira & Krebs, 2003, p. 83).

O foco do estudo de Peres e Lovisolo (2006) se deu em descrever o “tecido” de desenvolvimento dos atletas comparando-o ao “ideal”, com intuito de detectar diferenças e semelhanças na seleção e formação dos atletas brasileiros, tendo em vista as formas de investimentos financeiros (público e privado). De modo geral, os autores pontuam que os atletas de elite percorrem os três estágios “iniciação, especialização e aperfeiçoamento do desenvolvimento do talento, e somente alguns vivenciam o quarto estágio manutenção” (Ibidem, p. 212). Durante a entrevista que realizaram junto a atletas brasileiros de elite, identificaram que os mesmos reconhecem o talento, porém não o destacam como fator principal do sucesso. Outro fator que nos chamou a atenção foi os indicativos sobre a influência da educação física esportivizada na escola, como forma de vivenciar as modalidades esportivas. E o principal obstáculo avaliado pelos sujeitos da pesquisa foi a falta de um sistema de descoberta de talentos esportivos.

Rocha e Santos (2010) se preocuparam em investigar os motivos do abandono de talentos e identificar a orientação para a prática esportiva de atletas na transição da categoria juvenil para a de adulto no atletismo. Isso porque no contexto esportivo o abandono da modalidade é comum, principalmente quando consideramos a idade (transição da fase da adolescência para a adulta), falta de apoio financeiro, reconhecimento, formação familiar, lesão, responsabilidades e desafios sociais, entre outros. No entanto, para os autores, a orientação para a prática esportiva de um atleta é o fator determinante para o abandono (ou não) da modalidade:

O abandono precoce da modalidade por parte desses talentos esportivos é algo complexo e intimamente relacionado à intervenção durante todo o processo do treinamento esportivo, em que os cuidados primários e essenciais se localizam na iniciação esportiva. Não depende apenas dos pais e dos técnicos; parece haver um forte componente social que exerce influência, o qual, a partir dos poderes políticos, como o apoio ao esporte e divulgação da modalidade, estende-se a uma rede de aspectos de engajamento mais diretamente relacionada ao indivíduo, como emprego e família (Rocha & Santos, 2010, p.76).

78 | Reconhecendo o Brasil como o país do futebol, o trabalho de Moraes, Penna, Ferreira, Costa e Matos (2009,

p. 1) objetivou avaliar e identificar os quartis de nascimento de atletas profissionais em diferentes níveis: Campeonato Brasileiro Série A, B e Copa Libertadores da América. O futebol apresenta “múltiplos fatores que são determinantes para o desenvolvimento de um atleta, como características antropométricas, físicas, sociais, psicológicas e emocionais. Tais características podem influenciar de forma positiva ou negativa

o desenvolvimento do talento esportivo”. Segundo os autores, a categorização da época de nascimento (quartil) tem se mostrado uma das variáveis para o desenvolvimento de talentos no futebol. Com isso buscaram elucidar os efeitos positivos e negativos do quartil de nascimento, como por exemplo, o processo conhecido como “peneirada” que consiste em:

[...] uma avaliação subjetiva na qual os treinadores e os “olheiros” escolhem os atletas que irão futuramente integrar o elenco das equipes. Moraes e Medeiros Filho (2006, p. 108) descrevem que esse processo valoriza aqueles atletas que possuem uma maturação biológica adiantada, e que as características psicológicas são apenas superficialmente avaliadas, devido ao curto tempo de avaliação disponível e à grande quantidade de candidatos avaliados. Com isso, fica evidente a influência do quartil de nascimento nesse processo, pois atletas nascidos anteriormente dentro do ano de seleção podem apresentar vantagens físicas sobre aqueles nascidos posteriormente. Logo, durante o processo de seleção de atletas, diversos jovens jogadores podem ser erroneamente apontados como talentosos por apresentar maior vigor físico enquanto outros podem ser preteridos e não selecionados por apresentarem uma maturação biológica posterior. (Moraes et al., 2009, p. 5).

Ao estudar o processo de desenvolvimento de talentos em diferentes domínios do conhecimento, Massa et al. (2010) referem a pesquisa de Bloom com 120 sujeitos talentosos na qual poucos sujeitos foram percebidos como crianças talentosas por seus professores, treinadores e familiares “[...] e mesmo aqueles considerados talentosos em idades iniciais, posteriormente não foram capazes de demonstrar desempenho comparável a pessoas talentosas maduras numa determinada área de conhecimento” (Ibidem, p. 06). Os autores referem que:

[...] Isto contribui para o pensamento de que ser considerado um talento precoce não é garantia de sucesso, altos desempenhos e talento futuro. Portanto, com cautela e tendo como pano de fundo o desenvolvimento de longo prazo, a demonstração do talento precoce pode ser interpretada apenas e tão somente como um estágio inicial do desenvolvimento. Associada a essa interpretação de precocidade, o sujeito carecerá de aderência, apoio e um processo de TLP devidamente planejado e avaliado, do contrário esse sujeito ficará cada vez mais distanciado dos demais sujeitos talentosos que continuaram se aperfeiçoando no domínio específico do conhecimento. O sucesso de uma pessoa talentosa depende do seu comprometimento, motivação e paixão pela sua área de atuação e, ao mesmo tempo, do apoio de diversos segmentos da sociedade como, a própria família, bons mentores e professores e também bons treinadores no caso do esporte. (Massa et al, 2010, p. 6)

Ramadas (2012) comenta que se faz necessária a identificação de sujeitos com habilidades na área corporal-cinestésica para o seu desenvolvimento e também a orientação aos professores para o não uso da prática deliberada com crianças, inicialmente. Para o autor (2012, p. 335), antes do “possível” talento é significativo considerar o “ser” humano; as crianças devem ser reconhecidas como crianças e estas têm “necessidade de se envolver em atividades lúdico-desportivas agradáveis, típicas das etapas iniciais de aprendizagem”. Sugere também que, além do processo de treinos, o sujeito talentoso depende de outros fatores para o “sucesso”, como seu comprometimento e bons professores.

Diante disso, Hebbelinck (1989 como citado em Massa, 1999) cita quatro fatores para a identificação de AH/SD na área esportiva, sendo a determinação, a busca, a seleção e a promoção. Nesse sentido, a EF pode assumir um papel impulsionador desse sujeito na escola ao realizar sua indicação para um processo de investigação em AH/SD, sem que a EF perca sua função pedagógica, ao contrário, estará contribuindo para o desenvolvimento integral do sujeito, ao passo que lhe permitirá “trabalhar” suas potencialidades, podendo levá-lo a ser um atleta profissional. Além do mais, de acordo com Sabatella (2008) é importante identificar

o educando com AH/SD nas aulas de EF para dar a ele um ambiente estimulador, que favoreça seu desenvolvimento e a expansão de suas habilidades tanto quanto a ampliação de seus interesses. Não obstante, ainda para Sabatella (2008) devemos possibilitar desafios e oportunidades aos educandos, para alargar seus horizontes pessoais, projetar objetivos maiores, desenvolver condições de saber lidar com as diferenças entre seu potencial e dos outros, em um processo dinâmico de aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Apesar de não encontrarmos a expressão AH/SD nos estudos específicos da área de EF nos periódicos eletrônicos descritos, podemos afirmar que esta área vem estudando há longa data os comportamentos das PAH/SD nos esportes. Devemos considerar as palavras “talento” e/ou “talento esportivo” como sinônimos de PAH/SD no contexto da EF, discussão terminológica que deve ser edificada junto aos movimentos que defendem e estudam as AH/SD.

Não podemos, enquanto área do conhecimento (EF), nos colocar no caos que a própria legislação demonstra no uso de terminologias e ficarmos somente no entendimento de sinônimos; as relevantes produções científicas na área de AH/SD podem contribuir nessa discussão. Considerar as teorias de Renzulli e Gardner seria um ponto inicial. Nesse encontro, entender as AH/SD requer conhecermos o universo das inteligências múltiplas e, na EF, a corporal-cinestésica deve ser de imediato.

A pesquisa realizada indicou que a preocupação da identificação dos talentos gira em torno de fatores como o destaque entre os pares (habilidade acima da média). A maioria dos trabalhos (11) está direcionada a modalidades esportivas específicas (natação, judô, atletismo, etc.) e à elaboração de programas de detecção, seleção e promoção de talentos esportivos que consideram que o processo de desenvolvimento de atletas depende de alguns fatores tais como a influência de bons treinadores, incentivo dos pais, treinamento estruturado e ambiente de qualidade, TLP, o planejamento sistematizado que contemple a especialização motora, bem como a preparação psicológica e afetiva do atleta. Para a identificação de talentos, os fatores que mais se destacaram foram: físicos, psicológicos, antropométricos, técnicos e táticos.

Os estudos apontam a necessidade de haver um acompanhamento da trajetória esportiva dos jovens talentos para que suas habilidades sejam identificadas e desenvolvidas de forma sistemática, no qual o es-porte possa ser compreendido como um fenômeno social e educacional na formação integral do sujeito. Não obstante, não podemos esquecer a complexidade que é o contexto esportivo, inclusive nos consecutivos erros que cometemos na busca de resultados precoces junto a crianças e adolescentes.

Ao analisar a produção acadêmica relacionada às AH/SD nos periódicos da EF conclui-se que vêm sendo desenvolvidas pesquisas; porém, a grande maioria está delineada para área da fisiologia, ou seja, há um déficit de produções na/para área educacional, haja vista a importância da escola no processo de indicação e identificação de PAH/SD. Para tanto, acreditamos que o conhecimento acumulado na área da EF sobre AH/SD, ainda que incipiente, traz alguns elementos importantes para provocar debates mais aprofundados acerca das temáticas em questão, principalmente no que se refere à conceituação, à identificação, ao desenvolvimento e promoção de PAH/SD, considerando a inteligência corporal-cinestésica como ponto de partida.

Desse modo, as referências apresentadas neste estudo podem se tornar possibilidades de futuras pesquisas, perspectivando um aprofundamento teórico sobre os temas concomitantemente. Assim, uma questão a ser respondida, em um futuro estudo, é: qual o papel do professor de EF escolar no processo de indicação, identificação, desenvolvimento e promoção da PAH/SD na área corporal-cinestésica?

Diante dos desafios, das possibilidades e do muito que precisa ser pensado, estudado e compreendido, acreditamos que a área da EF precisa de maior aproximação à das AH/SD para que o professor de EF também assuma responsabilidades no processo de identificação e encaminhamento de PAH/SD, contribuindo na formação do sujeito, na formação para a vida.

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Fecha de Recepción: 27/10/2018 Fecha de Aceptación: 20/11/2018