Mestrando em educação, coordenador de projetos, UDE,
https://orcid.org/0000-0002-6863-4531y email: andreluizribeirodefreitas@gmail.com.
O presente resumo tem a finalidade de apresentar os resultados de uma pesquisa etnográfica sobre o impacto social e as relações estabelecidas em processos educativos em uma organização não governamental (ONG), que utiliza a educação musical como forma de promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos. A pesquisa levantou dados por meio de referências bibliográficas, observação e entrevistas semiestruturadas sobre os objetivos e as estratégias de uma oficina de música que conta com musicalização, canto coral e o ensino de instrumentos e prática de conjunto/orquestra para crianças e adolescentes entre 6 a 14 anos e 11 meses. A oficina de música escolhida é desenvolvida por uma ONG (Organização Não Governamental) em parceria com o Poder Público, no contexto de um CCA (Centro para Criança e Adolescente) localizado em São Paulo, capital. Essa pesquisa teve como objetivo geral analisar a efetividade e a relevância desse projeto social que pretende promover o exercício da cidadania, o empoderamento de crianças e adolescentes, o desenvolvimento sociocultural do público atendido e o impacto dessas ações no ambiente familiar dos beneficiados. Baseado em autoras como a antropóloga e musicista Hikisi (2006), que fala sobre a relação entre a música e as transformações de consciência e processos reflexivos, e também no livro da Joly, (2016), que fala de uma educação musical que promove processos humanizadores agregando pessoas por um mesmo propósito. Como resultado da pesquisa realizada com a participação de professores, educandos e da assistente social, percebemos que o estudo musical mobiliza diversos mecanismos que contribuem para o desenvolvimento físico (exercícios motores, posturais e respiratórios) e cognitivo (leitura de códigos e organização lógica dos sons). A prática musical em grupos artístico-pedagógicos (corais, naipes e orquestra) proporciona uma convivência ética e solidária entre os alunos, exercitando a sociabilidade e desenvolvendo valores para a vida em sociedade. Como forma de expressão artística, promove a autoconsciência e amplia o repertório sensorial e simbólico – podendo tanto sublimar uma realidade difícil, quanto conectar a uma nova realidade. As apresentações artísticas (re)criam identidades, pois nelas as crianças e jovens se percebem capazes de produzir beleza e emocionar. No palco, os alunos podem superar a invisibilidade social e/ou os estigmas associados às suas raças, etnias e classe social, fortalecendo suas autoestimas. A música educa o cérebro a estabelecer novas conexões neurais – estimulando ao mesmo tempo seus hemisférios direito (responsável pelos processos criativos) e esquerdo (responsável pelos processos lógico-matemáticos), aumentando a criatividade. Dessa forma, concluímos que desenvolver e implantar projetos socioeducativos e de promoção humana, que possibilitem cenários positivos para que a criança/adolescente, com pleno uso de seu potencial seja agente na busca por autonomia, observado e respeitado seu grau de vulnerabilidade, são elementos que combinados, podem causar grande impacto social na comunidade.
Palavras chaves: educação, arte-educação, música, inclusão social, ONG.