Olimpiada Nacional de Historia de Brasil: una mirada con Apoena a la narrativa de los pilares de la educación brasileña

National History Olympiad of Brazil: A Perspective with Apoena on the Narrative of the Pillars of Brazilian Education

Olimpíada Nacional de História do Brasil: Um Olhar com Apoena na Narrativa dos Pilares da Educação Brasileira

 

 

Recibido: 20/03/2024

Aprobado: 24/07/2024

Este artículo ha sido aprobado por la editora, Dra. Susana Graciela Pérez Barrera

 

 

Weber Campos de Souza [1]

 

 

Resumen

Este estudio aborda la influencia de la Olimpiada Nacional de Historia de Brasil (ONHB) en la enseñanza de la Historia en la Escuela Primaria II. Basado en los cuatro pilares de la educación (aprender a conocer, hacer, vivir juntos y ser), el estudio destaca la importancia de la ONHB como una importante experiencia de aprendizaje histórico, reflexivo y cultural. Se introduce el concepto indígena apoena, que significa "el que ve más allá", para enfatizar el papel de la Olimpiada en la promoción de una enseñanza activa, protagónica y colaborativa en las Ciencias Humanas. Exploramos las directrices de la Base Curricular Común Nacional (Brasil, 2018), que se mejoran con el uso de ONHB en la enseñanza de Historia, destacando la importancia de la enseñanza de las Olimpiadas. El estudio presenta la relevancia de la ONHB en la formación ética y ciudadana de los estudiantes, abriendo caminos para debates sobre cuestiones sociales, políticas, económicas y ambientales. El público objetivo son estudiantes de 8° y años de Educación Primaria II, considerando el grupo etario en el que se inicia el ONHB. Finalmente, destacamos el aporte de la ONHB al desarrollo del pensamiento crítico, social e histórico de los estudiantes, fortaleciendo una educación humanizada y protagónica

Palabras clave: educación, Brasil, olimpiada nacional de historia, aprendizaje significativo.

Abstract

This study addresses the influence of the National History Olympiad of Brazil (ONHB) on History teaching in Middle School. Drawing on the four pillars of education - learning to know, do, live together, and be - the study highlights the importance of ONHB as a significant experience of historical, reflective, and cultural learning. The indigenous concept apoena, meaning "one who sees further," is introduced to emphasize the role of the Olympiad in promoting active, protagonist, and collaborative teaching in the Humanities. We explore the guidelines of the National Common Curricular Base (BNCC), which are enhanced by using ONHB in History teaching, emphasizing the importance of the Olympiad's didactics. The study presents the relevance of ONHB in students’ ethical and civic formation, paving the way for discussions on social, political, economic, and environmental issues. The target audience is 8th and 9th-grade students in Middle School, considering the age group when ONHB begins. Finally, we highlight the contribution of ONHB to the development of critical, social, and historical thinking in students, strengthening humanized and protagonist education.

Keywords: education, Brazil, national history Olympiad, significant learning.

 

Resumo

Este estudo aborda a influência da Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB) no ensino de História no Ensino Fundamental II. Baseando-se nos quatro pilares da educação - aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser - o estudo destaca a importância da ONHB como uma experiência significativa de aprendizagem histórica, reflexiva e cultural. O conceito indígena apoena, que significa "aquele que vê mais longe," é introduzido para enfatizar o papel da Olimpíada em promover um ensino ativo, protagonista e colaborativo nas Ciências Humanas. Exploramos as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as quais são potencializadas pelo uso da ONHB no ensino de História, destacando a importância da didática da olimpíada. O estudo apresenta a relevância da ONHB na formação ética e cidadã dos estudantes, abrindo caminhos para debates sobre questões sociais, políticas, econômicas e ambientais. O público-alvo são os estudantes do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II, considerando a faixa etária em que a ONHB tem início. Por fim, ressaltamos a contribuição da ONHB para o desenvolvimento do pensamento crítico, social e histórico dos estudantes, fortalecendo a educação humanizada e protagonista. 

Palavras-chave: educação, Brasil, olimpíada nacional de história, aprendizagem significativa.

 

Introdução

A Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB) constitui um relevante instrumento pedagógico no Ensino Fundamental II, especialmente no que tange ao ensino de História, desta forma, este estudo tem como objetivo investigar a influência da ONHB na formação dos estudantes, analisando-a sob a ótica dos quatro pilares da educação - aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser. Além disso, a pesquisa utiliza o conceito indígena Apoena, que significa aquele que vê mais longe, para enfatizar a relevância da ONHB como uma prática educativa que promove um ensino ativo, protagonista e colaborativo.

Para o desenvolvimento deste estudo, propomos uma reflexão sobre a transcendência da educação brasileira alicerçada nos quatro pilares da educação, a saber: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Em um segundo momento, analisamos uma experiência significativa de aprendizagem histórica, reflexiva e cultural, a partir da Olimpíada Nacional de História do Brasil, doravante ONHB. Essa Olimpíada busca ressignificar para o estudante o direcionamento do seu contexto escolar, propiciando um aprofundamento cognitivo e cidadão em que a forma ativa, protagonista e colaborativa possa atuar de forma significativa no contexto da área das Ciências Humanas.

Buscamos articular nossa análise ao termo epistemológico indígena Apoena. O vocábulo, de origem Tupi-Guarani, quer dizer "aquele que vê mais longe" ou "aquele que vai mais longe". Nosso contato com este termo ocorreu em 2016, no estado do Amazonas. Apoena está associado à ideia de harmonia, equilíbrio e interconexão com a natureza. Tradicionalmente, as culturas indígenas têm uma profunda compreensão da relação entre seres humanos e o meio ambiente, reconhecendo a importância de viver em harmonia com a natureza para o bem-estar de todos

Para alcançar os objetivos propostos, a metodologia utilizada inclui uma revisão bibliográfica detalhada e a análise de documentos oficiais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Plano Nacional de Educação (PNE). Esses documentos são cruciais para compreender como a ONHB se alinha com as diretrizes educacionais nacionais e para avaliar sua eficácia no desenvolvimento de competências e habilidades entre os alunos do Ensino Fundamental II. A teoria que sustenta esta pesquisa está embasada nos quatro pilares da educação propostos por Jacques Delors (1998), bem como nos conceitos de aprendizagem colaborativa e reflexiva.

A BNCC destaca a importância de metodologias ativas no ensino de História, evidenciando que "as práticas pedagógicas devem estimular a participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento histórico" (BNCC, 2018, p. 26). A ONHB, nesse contexto, se apresenta como uma ferramenta potente para alcançar esse objetivo, ao proporcionar aos alunos a oportunidade de investigar, debater e contextualizar fatos históricos de maneira crítica e reflexiva.

Além disso, o Plano Nacional de Educação (PNE) reforça a necessidade de uma educação que promova a formação cidadã e ética dos estudantes, enfatizando que "é fundamental que a educação básica fomente valores de convivência democrática e respeito às diversidades" (PNE, 2014, p. 33). A ONHB, ao estimular debates sobre questões sociais, políticas, econômicas e ambientais, contribui significativamente para esse propósito, preparando os alunos para serem cidadãos críticos e engajados.

O conceito de Apoena é particularmente relevante no contexto da ONHB, pois representa a visão ampliada e a capacidade de enxergar além do imediato, características essenciais para o desenvolvimento de um pensamento crítico e histórico. A ONHB permite que os estudantes exerçam um papel ativo na aprendizagem, conforme descrito por Paulo Freire: "o estudante é sujeito na construção do conhecimento, não mero objeto de ensino" (Freire, 1987, p. 45).

Na prática, a ONHB promove um ambiente de aprendizagem colaborativa, onde "os estudantes são incentivados a trabalhar em grupo, compartilhar conhecimentos e construir juntos a compreensão dos fatos históricos" (BNCC, 2018, p. 30). Esse formato estimula não apenas a aquisição de conhecimento, mas também o desenvolvimento de habilidades sociais e de convivência, conforme preconizado pelo pilar "aprender a conviver".

A relevância da ONHB se estende também à formação do pensamento crítico, conforme ressaltado por Delors: "aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser são os quatro pilares fundamentais para a educação no século XXI" (Delors, 1998, p. 89). A ONHB, ao integrar esses pilares em sua metodologia, potencializa o desenvolvimento integral dos alunos, preparando-os para enfrentar os desafios contemporâneos.

Para que este estudo se desenvolvesse, seu enfoque foi qualitativo, documental e exploratório, com paradigma sociopolítico e descritivo, com revisão bibliográfica em renomados autores e clássicos da educação, bem como documentos oficiais.

E para tal, os resultados esperados se pautou em reafirma a importância da ONHB como uma prática educativa inovadora e significativa, que se alinha com as diretrizes da BNCC e do PNE, e promove uma educação humanizada e protagonista. Os resultados desta pesquisa evidenciam que a ONHB não apenas enriquece o ensino de História, mas também fortalece a formação integral dos estudantes, preparando-os para os desafios do século XXI.

Em síntese, a ONHB desempenha um papel crucial na formação ética e cidadã dos estudantes do Ensino Fundamental II, proporcionando uma experiência de aprendizagem que vai além do conteúdo curricular tradicional. Ao promover um ensino de História que valoriza a investigação, o debate e a reflexão crítica, a ONHB contribui para a formação de cidadãos conscientes e atuantes, capazes de compreender e transformar a realidade em que vivem.

Marco teórico

Conceitos preliminares na educação

A canção História Para Ninar Gente Grande por meio do substantivo feminino invasão, o qual denomina um ato de violência ou arrogância, denúncia de forma medial a forma como o ensino de História apresenta uma narrativa alicerçada na mistura de raças, salientando o branqueamento da sociedade brasileira como proposta de progresso civilizatório. Tal contexto, cria mecanismos para uma disciplina onde os heróis brancos nacionais e seus feitos extraordinários sejam colocados nas páginas dos livros de História como uma moldura digna de admiração e bravura, configurando como exemplos para a formação de uma nação forte e a caminho do progresso. No entanto, por trás desse herói emoldurado existe sangue de mulheres, indígenas, negros e crianças que serviram para escrever páginas de um livro que poucas pessoas podem ler (Mangueira, 2018).

O tempo presente sempre foi uma instigação para a historiografia das disciplinas. Nas lutas por sua delimitação como ciência no século XIX a política era despolitizar o historiador, o geógrafo, o sociólogo e o filósofo, ou seja, afastá-los dos conflitos da cena pública. Na América Latina, com o início do período republicano durante o século XIX existiu uma forte propensão a um modelo político-pedagógico que já vigorava desde o século XVIII na Europa desenvolvido pelo inglês Joseph Lancaster (1778-1838) chamado Método Lancaster.

Jauregui (2003) expõe algumas características do método da seguinte maneira,

1.          Dividir as crianças de uma mesma classe entre tutores e pupilos; cada tutor deve sentar ao lado do pupilo e lhe explicar aquilo que sabe melhor do que o outro, evitando, com isso, grandes dificuldades, enquanto ele mesmo ainda aprende melhor sua lição.

2.          Seleção de um instrutor e de um assistente; são os dois alunos mais adiantados de cada sala, cujas funções serão de levar listas, fazer as orações e substituir o professor sempre que este precisar se ausentar.

3.          A divisão por classes; cada aluno se encontra em seu nível, ou seja, está reunido com um número de jovens que saiba o mesmo que ele e que não saiba mais que ele. Desse modo, nenhum aluno preguiçoso ou rude retarda o desenvolvimento dos outros.

4.          O local para a escola deve consistir em uma grande sala, se possível, longa, bem ventilada e calculada de modo que cada aluno possa ocupar cerca de 60 cm quadrados (pp. 221-228).

É vital fazermos um percurso versando sobre a disciplina de História durante o século XIX, uma vez que sua implementação ocorreu com a criação do Colégio de Pedro II, em 1838, no Rio de Janeiro. Segundo o ministro e secretário de Estado da Justiça do Império da época Bernardo Pereira Vasconcelos, o Brasil apresentava uma falta de experiência, sendo assim, o precedente dos anos iniciais da educação no Brasil fez com que a disciplina de História no país partisse da premissa civilizatória do pensamento francês nas décadas por conseguinte do século XIX e nas primeiras décadas do século XX as aulas ganharam os primeiros compêndios e manuais produzidos no Brasil, como o Histoire de la Civilisation, de Seignobos e o Cours d’Histoire, de Albert Malet. O que parecia um progresso educacional nas primeiras décadas da educação no ensino de História em terras tupiniquins, nada mais foi do que o olhar europeu invadindo mais um capítulo da história do Brasil, assim, para Nadai (1986),

A história inicialmente estudada no país foi a história da Europa Ocidental, apresentada como a verdadeira História da Civilização. A História pátria surgia como seu apêndice, sem um corpo autônomo e ocupando papel extremamente secundário. Relegada aos anos finais dos ginásios, com número ínfimo de aulas, sem uma estrutura própria, consistia em um repositório de biografias de homens ilustres, de datas e de batalhas (p.146).

Nesse ponto, é válido refletir que indiferente ao interesse ou da História lecionada, as salas de aula na disciplina de História são tomadas a partir de um conjunto de nomes e datas para decorar, fazendo dos alunos um depósito de conteúdos sem ligação com o presente não prezando por uma visão crítica e significativa, nem tampouco os evidenciando como sujeitos históricos responsáveis por sua sociedade e nação, potencializando algo que perdurou durante muitos anos nas escolas do Brasil (o que denominamos de Ensino Tradicional ou História Historicizante) (Fonseca, 2003).

Segundo Fonseca (2003), a História Historicizante apresenta um enfoque onde “privilegia o estudo dos fatos passados que são apresentados numa sequência de tempo linear e progressiva” (p. 50), ou seja, tratar-se de posicionar a história como ela realmente aconteceu, com um suposto objetivo de puramente endossar na apresentação documental, factual e de acontecimentos de ordem política enfatizando um ensino onde a celebração de festas cívicas pudessem cada vez mais evidenciar nomes de homens importantes, dignos de suas imagens ficarem expostas nas principais paredes de uma instituição de ensino, nomes como: Tiradentes, Duque de Caxias, Dom Pedro I e Dom Pedro II, com forte apelo a um nacionalismo republicano emergido por símbolos nacionais sem ao menos uma reflexão crítica e cidadã para os porões da história.

De acordo com Jauregui (2003) é importante ressaltar que a formação moral e a transmissão de valores sempre estiveram presentes na educação, mas as mudanças vão ocorrendo conforme o contexto sociopolítico, mas a disciplina de História, de forma específica apresenta um papel central na formação da consciência histórica nos indivíduos, ensejando, dessa forma, a construção de identidades.

Neste entremeio de passado, presente e futuro educacional, cabe pensarmos a situação atual da educação no Brasil, a qual é complexa e enfrenta desafios significativos. Um dos pontos críticos e um dos quais destacamos neste estudo é a forma como a História é ensinada nas escolas, repassando uma narrativa centrada em uma visão eurocêntrica e elitista. Essa abordagem tradicional da História perpetua estereótipos e invisibiliza experiências importantes que não se encaixam na narrativa dominante. Diante disso, os desafios exigem abordagens inovadoras que promovam uma educação crítica e reflexiva, capaz de despertar nos estudantes a consciência histórica e a capacidade de questionar o passado e suas implicações no presente. Eis, então, uma das justificativas de aprofundarmo-nos em iniciativas como a Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB), que não apenas incentiva o estudo da História de maneira mais profunda e engajada, mas também promove habilidades de pensamento crítico, argumentação e valorização da diversidade cultural (Rocha, 2021).

 Segundo Rocha (2021) o conceito de pensamento crítico no contexto do ensino de história será abordado muitas vezes no decorrer deste estudo, para tanto torna-se necessário explicarmos como entendemos o referido conceito, destacando sua relação com a análise, o questionamento e a interpretação de informações históricas de maneira cuidadosa e reflexiva. Além disso, “ele envolve a capacidade de examinar fontes históricas de forma crítica, considerando seu contexto, autenticidade e possíveis desdobramentos” (p. 22). O pensamento crítico também implica em avaliar diferentes interpretações históricas, reconhecendo que os eventos do passado podem ser compreendidos de várias maneiras e que a narrativa histórica pode ser influenciada por perspectivas particulares ou individuais. “Com o desenvolvimento e a capacidade de pensar criticamente, os estudantes aprendem a formular perguntas significativas sobre o passado, a identificar causas e consequências de eventos históricos, e a considerar o impacto histórico em contextos contemporâneos” (p. 29).

É importante destacar que a sustentação do ensino e aprendizagem no Brasil tem como alicerce a BNCC - Base Nacional Comum Curricular que, na área das Ciências Humanas, é integrada pelas disciplinas: História, Geografia, Filosofia e Sociologia. Contudo, essa sustentação pedagógica possibilita um diálogo ético em que a consciência humanitária prima, a partir da reflexão do Eu, do Outro e do Nós, a partir de um método que amplia um debate acerca da organização estrutural da família, da sociedade e das demais esferas públicas e privadas. Por meio deste estudo, tentaremos explicar como as diretrizes da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) conseguem potencializar para o ensino de História a importância da didática da Olimpíada Nacional de História do Brasil, pois a ONHB promove a ideia da relação da disciplina com o olhar analítico e a construção de posicionamento lógico/argumentativo diante de situações que exigem respeito e diálogo (Rocha, 2021).

A força dessa relação, cujas questões possuem uma formação ética e cidadã, contribui para potencializar na vida do estudante uma capacidade de torná-lo um ser humano como aquele que vê mais longe, ou aquele que vai mais longe, a partir de assuntos da sua realidade cotidiana como: racismo, feminicídio, disputas ideológicas, historicidade, consumismo, cultura, tolerância religiosa, sustentabilidade e políticas públicas.

Segundo Bauman (2009, p. 25) “tentar transmitir conhecimentos duradouros e imutáveis na sociedade líquida atual é uma perda de tempo”; para reformar o ensino, é necessário reconsiderar a formação de professores, conectando-os diretamente à prática. Historicamente, as práticas docentes estavam distantes da realidade ou foram influenciadas por pensadores distantes da sala de aula. É perceptível que em uma sociedade onde os veículos de informações ramificam em aspectos acelerados quantidades desenfreadas de fatos, em formatos instantâneos e, repetidas vezes, sem o olhar sério e comprometedor com a realidade vivenciada encontrarmos versões distorcidas abrangendo uma realidade atual, assim como também a distorção dos fatos do passado.

Segundo Meneguello (2011), falar de ONHB pode abrir caminhos que articulam para uma educação humana, crítica, reflexiva e protagonista, afinal, seus textos históricos, mapas, gráficos, poemas, cartas, cartazes de propagandas, trechos de músicas, leis brasileiras e imagens são algumas das ferramentas dessa olimpíada. Essa atividade busca o debate, o pensamento crítico e reflexivo, a valorização cultural das regiões do Brasil e a argumentação social.

Ao pensar a ONHB como ferramenta para o ensino de História, a coordenadora da ONHB, Cristina Meneguello (2011), destaca que a olimpíada não é uma solução mágica, mas oferece uma atividade desafiadora nas ciências humanas, estimulando o conhecimento e o estudo. Ela reconhece a dificuldade de avaliar o conhecimento de forma tradicional, optando por desenvolver uma metodologia específica para respeitar a disciplina, portanto, Meneguello (2011) enfatiza a evolução do ensino da História do Brasil não apenas como formação técnica, mas também como construtora de valores éticos e morais. Essa reflexão aponta para caminhos cruciais na formação de uma sociedade participativa, especialmente em um Estado Democrático de Direito.

Abordagens e Procedimentos da Olímpiada

A citação de Meneguello (2011) destaca a importância da disciplina de História do Brasil não apenas como um estudo do passado, mas como uma ferramenta essencial para compreender o presente, o mundo e a sociedade. Ela ressalta que o valor da História vai além daqueles que planejam seguir uma carreira específica na área, enfatizando que é relevante para qualquer carreira e formação. Esse ponto de vista destaca a ideia de que a compreensão do contexto histórico pode enriquecer a perspectiva dos indivíduos em diversas áreas, fornecendo dados e fatos sobre como eventos passados moldaram a sociedade atual. Entender as raízes históricas de questões contemporâneas pode ser crucial para uma análise mais completa e informada do mundo ao nosso redor. Assim, a História é apresentada como uma disciplina fundamental para o desenvolvimento de uma compreensão mais profunda e contextualizada do presente e do futuro, assim, a disciplina de História do Brasil é fundamental, não só para eles (os participantes) conhecerem o passado, mas também para entenderem o presente deles, o mundo e a sociedade ao redor deles. A História não é importante apenas para quem vai seguir essa carreira, mas para qualquer carreira, para qualquer formação. (Meneguello, 2020)

Diante do exposto, podemos depreender que o ensino da disciplina de História do Brasil é algo que vem sendo articulado nos últimos anos. Tal posicionamento direciona para não apenas um conteúdo de formação técnica e científica específica, mas também para um posicionamento capaz de produzir valores humanos pautados em conceitos éticos e morais dentro de qualquer esfera, seja pedagógica, profissional ou cidadã. É importante destacar que essa reflexão é capaz de produzir diversos caminhos que sinalizam temas vitais para a sobrevivência de uma sociedade participativa e atuante, principalmente para reforçar uma sociedade que apresenta em sua constituição um Estado Democrático de Direito (Damasceno, 2019).

Atentar para a autonomia dos estudantes, através das práticas de inúmeras formas de experimentos, utilizando vivências reais dentro do cenário das políticas públicas, ou até mesmo para simulações como fóruns, simpósios e feiras acadêmicas, permite determinadas conjunções para que os estudantes consigam resolver obstáculos e superar os desafios que existem no convívio social solucionando problemas e enfrentando desafios característicos da prática social. Desse modo, cabe destacar o que postula Damasceno (2019) sobre a didática no ensino de História:

Essa ideia de uma Didática própria à História serve a toda uma reflexão sobre nossa prática escolar e nossa ciência, sobre a compreensão sistêmica que o saber teórico construiu sobre o ensino escolar, o papel do professor ante a pesquisa e a produção historiográfica, além de nosso compromisso e atuação social. É um campo em construção e ampliação, que merece ser visto como mais do que o processo de repasse escolar dos saberes acadêmicos, um campo que possui historicidade e que ampara o Ensino Histórico em meio a um bacharelismo acadêmico que o renega e diminui (p. 36).

Fundamentados em Damasceno (2019), podemos resgatar questionamentos contra essa massificação que o ensino de História sofre com o senso comum da sociedade no geral, os métodos quantitativos muitas vezes acabam por sobressair aos qualitativos e as ferramentas utilizadas para os conhecimentos tendem a serem norteados apenas por provas, exames e trabalhos, prejudicando o que de fato é importante para a aprendizagem do estudante que é o raciocínio crítico e social.

Damasceno (2019) ressalta a necessidade de considerar o Ensino Histórico como um campo em constante construção e expansão. Isso implica enxergar a disciplina não apenas como um meio de transmitir informações, mas como um espaço com sua própria historicidade, capaz de oferecer uma compreensão mais profunda e crítica da sociedade.

A crítica à massificação do ensino de História destaca o desafio enfrentado diante do senso comum predominante na sociedade. O texto sugere que métodos quantitativos e avaliações baseadas apenas em provas e exames podem limitar a verdadeira aprendizagem, prejudicando o desenvolvimento do raciocínio crítico e social dos estudantes (Meneguello, 2020).

Nesse contexto, é fundamental repensar as práticas pedagógicas, valorizando abordagens qualitativas, incentivando o pensamento crítico e social, e utilizando ferramentas educacionais que vão além da simples avaliação quantitativa. O compromisso do professor não se restringe apenas ao repasse de conteúdo, mas “envolve a formação integral dos alunos, preparando-os para compreender e analisar criticamente o mundo ao seu redor” (Freire, 1987, p. 37).

A noção de Apoena, como interpretada pela perspectiva histórica, não se restringe apenas a acumular ou transferir conhecimento de maneira passiva. Pelo contrário, Apoena representa uma visão mais ampla e profunda, destacando a compreensão histórica como uma ferramenta para orientar a identidade e prática dos estudantes (Meneguello, 2020). Por meio dessa abordagem, a participação na ONHB não se resume apenas a responder questões de história, mas sim a adotar uma postura de pesquisa, de crítica, de investigação dentro e fora do espaço escolar. Essa prática não apenas fortalece o conhecimento histórico, mas também desenvolve habilidades essenciais, como o raciocínio crítico e a capacidade de não apenas compreender, mas interpretar o mundo à sua volta.

De acordo com Meneguello (2020) ao empregar a noção de Apoena nesse contexto educacional, a educação histórica se torna uma ponte para que os estudantes enxerguem mais longe, não apenas no sentido de pensar e se preocupar com o futuro, mas também no desenvolvimento de uma consciência histórica que os capacita a se relacionar com a sociedade e a participar ativamente na construção desse futuro. Assim, a participação na ONHB não é apenas uma competição acadêmica, mas uma oportunidade transformadora para cultivar uma visão do que é história, permitindo que os estudantes se tornem agentes críticos e informados em seu contexto e além dele.

Tendo como elemento regulamentador, que visa o estabelecimento das práticas do ensino de História no Brasil, podemos citar a BNCC - Base Nacional Comum Curricular, de maneira que atribui o devido valor à aprendizagem da disciplina. De acordo com um trecho do referido documento, lê-se,

Para se pensar o ensino de História, é fundamental considerar a utilização de diferentes fontes e tipos de documentos (escritos, iconográficos, materiais, imateriais) capazes de facilitar a compreensão da relação tempo e espaço e das relações sociais que os geraram. Os registros e vestígios das mais diversas naturezas (mobiliário, instrumentos de trabalho, música, etc.) deixados pelos indivíduos carregam em si mesmos a experiência humana, as formas específicas de produção, consumo e circulação, tanto de objetos quanto de saberes. Nessa dimensão, o objeto histórico transforma-se em exercício, em laboratório da memória voltado para a produção de um saber próprio da história (Brasil, 2018, p. 400).

A BNCC destaca a importância fundamental de considerar a diversidade de fontes e tipos de documentos ao abordar o ensino de História. Ao mencionar diferentes categorias de fontes, como escritas, iconográficas, materiais e imateriais, a citação enfatiza a necessidade de uma abordagem abrangente para compreender a relação entre tempo, espaço e as interações sociais que moldam os eventos históricos (Damasceno, 2019).

Segundo Damasceno (2019) a inclusão de registros e vestígios de várias naturezas, como mobiliário, instrumentos de trabalho e música, ressalta a riqueza da experiência humana e a diversidade de formas de produção, consumo e circulação ao longo do tempo. Desta forma, a História não é apenas um estudo de datas e eventos, mas uma exploração das nuances da vida cotidiana, das práticas culturais e das transformações sociais.

 A ideia de que os objetos históricos são um exercício e um laboratório da memória destaca a abordagem prática e dinâmica do aprendizado histórico. O passado é encarado como mais do que uma narrativa estática; é um campo de investigação em constante evolução. Ao transformar “o objeto histórico em uma ferramenta para produzir conhecimento, a citação sugere uma abordagem ativa, na qual os alunos se envolvem na análise crítica, na interpretação e na construção de significados próprios a partir das fontes disponíveis” (Damasceno, 2019, p. 17).

Assim, a citação ressalta a importância de ir além dos tradicionais métodos de ensino de História, incentivando uma abordagem mais interdisciplinar e participativa, onde os estudantes se tornam historiadores em seu próprio laboratório de aprendizado. Essa perspectiva ampla e inclusiva contribui para uma compreensão mais profunda e significativa das complexidades do passado, promovendo um aprendizado mais envolvente e contextualizado.

Embasados em outro documento que tange a educação, podemos elencar os Quatro Pilares da Educação, são um conceito desenvolvido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como uma abordagem holística para o desenvolvimento educacional. Esses pilares foram propostos no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, também conhecido como Relatório Delors, em homenagem ao seu presidente, Jacques Delors, segundo o presidente (1998) ele destaca como é o trabalho com os quatro pilares na educação (Morin, 2009).

Um dos pressupostos básicos da educação deve ser a preparação da pessoa como um todo, o que inclui espírito e corpo em toda sua extensão. A essência de aprender a ser preconiza a preparação do ser humano como um todo, para que tenha capacidade e autonomia de elaborar pensamentos críticos que permitam formular juízo de valor e tomar as decisões mais adequadas nas diversas situações em que se depara ao longo da vida (Delors, 1998, p. 85).

Desta forma, Morin (2009) descreve que a aprendizagem ocorre por meio de novas maneiras de trabalhar o ensinamento com os alunos, do manejo de suas práticas, do desenvolvimento de processos de adaptação interna e externa, ou seja, de capacidade de absorver toda a complexidade que envolve as relações do aprendizado.

Indo ao encontro de Morin (2009), Rocha (2021) descreve os 4 pilares da educação, estes quais representam conceitos fundamentais que se complementam e são interdependentes. Aprender a conhecer enfatiza o desenvolvimento cognitivo e o pensamento crítico, não se limitando à simples acumulação de informações, mas também cultivando a capacidade de compreender, analisar e sintetizar conhecimentos de diversas áreas. Isso inclui estimular a curiosidade, a investigação e o desenvolvimento da mente crítica.

No que se refere a Aprender a Fazer destacamos a importância de aplicar o conhecimento e desenvolver habilidades práticas. Isso envolve habilidades técnicas, manuais e de resolução de problemas, bem como colaboração em projetos práticos.  Além disso, prepara os indivíduos para enfrentar desafios do mundo real e contribuir de forma significativa para a sociedade. Já 'Aprender a Viver Juntos ressalta o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e éticas; promove empatia, tolerância, respeito mútuo e cooperação para a resolução pacífica de conflitos. Tais habilidades preparam os indivíduos para viver harmoniosamente em sociedade, respeitando a diversidade e contribuindo para comunidades inclusivas e justas (Rocha, 2021).

Por fim, Aprender a Ser enfatiza o desenvolvimento integral dos indivíduos em todas as suas dimensões. Isso inclui física, intelectual, emocional e espiritual. Este pilar contempla o autoconhecimento, a autoestima, a autonomia, a criatividade e capacidade de tomar decisões responsáveis e éticas (Rocha, 2021).

Assim, esses pilares da educação, interligados e complementares, fornecem uma base abrangente para o desenvolvimento educacional. Preparam os indivíduos para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo e contribuem para a construção de sociedades mais justas, pacíficas e sustentáveis.

Freire (1987), embora não tenha utilizado explicitamente o termo Quatro Pilares da Educação, abordou conceitos semelhantes em sua obra, enfatizando uma abordagem holística e transformadora da educação.

De acordo com as teses centrais que vimos desenvolvendo, pareceu-nos fundamental fazermos algumas superações, na experiência que iniciávamos. Assim, em lugar de escola, que nos parece um conceito, entre nós, demasiado carregado de passividade, em face de nossa própria formação (mesmo quando se lhe dá o atributo de ativa), contradizendo a dinâmica fase de transição, lançamos o Círculo de Cultura. Em lugar de professor, com tradições fortemente “doadoras”, o Coordenador de Debates. Em lugar de aula discursiva, o diálogo. Em lugar de aluno, com tradições passivas, o participante de grupo. Em lugar dos “pontos” e de programas alienados, programação compacta, “reduzida” e “codificada” em unidades de aprendizado (p. 102-103).

Freire (1987) apresenta um olhar sobre a educação como um processo dinâmico e participativo, no qual os indivíduos não apenas adquirem conhecimento, mas também desenvolvem habilidades, valores e consciência crítica, contribuindo assim para a transformação pessoal e social. Embora o estudioso não tenha utilizado os termos específicos dos quatro pilares, suas ideias ressoam profundamente com os princípios subjacentes a eles.

Materiais e métodos

Para o desenvolvimento desta pesquisa sobre a influência da Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB) no ensino de História no Ensino Fundamental II, adotou-se uma abordagem qualitativa, documental e exploratória, com um paradigma sociopolítico e descritivo. Este estudo tem como objetivo principal compreender como a ONHB contribui para a formação dos estudantes, utilizando os quatro pilares da educação - aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser - e o conceito indígena Apoena.

O método de pesquisa utilizado foi o qualitativo, que se caracteriza pela análise detalhada de fenômenos complexos em seu contexto natural. Segundo Creswell (2014), "a pesquisa qualitativa é apropriada quando se deseja explorar e entender o significado que os indivíduos ou grupos atribuem a um problema social ou humano" (p. 32). Portanto, esse método permitiu uma análise aprofundada dos impactos da ONHB na educação dos alunos.

Os critérios de seleção dos sujeitos ou participantes foram baseados em estudantes do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II que participaram da ONHB entre 2022 e 2024. A escolha desses anos específicos se deu pela relevância e atualidade dos dados, além de permitir uma análise contemporânea das práticas pedagógicas. A seleção dos participantes foi intencional, buscando incluir alunos com diferentes níveis de desempenho na olimpíada para uma visão abrangente dos impactos da competição.

O método de amostragem utilizado foi o não probabilístico por conveniência, que, segundo Gil (2017), "é uma técnica em que os sujeitos são selecionados pela acessibilidade e proximidade do pesquisador" (p. 89). Essa escolha se justifica pela necessidade de obter dados de participantes diretamente envolvidos na ONHB, facilitando a coleta de informações detalhadas sobre suas experiências e percepções.

As variáveis analisadas no estudo incluíram o desenvolvimento das competências e habilidades propostas pelos quatro pilares da educação, bem como a aplicação do conceito de Apoena na prática pedagógica. Essas variáveis foram selecionadas para avaliar a eficácia da ONHB em promover um ensino ativo, reflexivo e colaborativo.

As técnicas de coleta de dados utilizadas foram a análise documental e entrevistas semiestruturadas. A análise documental envolveu a revisão de materiais oficiais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Plano Nacional de Educação (PNE), além de relatórios e registros da ONHB. Segundo Lüdke e André (2013), "a análise documental é uma técnica que permite ao pesquisador obter informações a partir de documentos oficiais e registros escritos" (p. 55).

As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com professores e alunos participantes da ONHB, permitindo uma compreensão mais profunda das experiências e percepções dos sujeitos. Esse tipo de entrevista, de acordo com Triviños (2009), "é caracterizado pela flexibilidade e possibilidade de explorar temas emergentes durante a coleta de dados" (p. 144).

Os instrumentos de análise de dados incluíram a codificação e categorização temática, que possibilitaram a identificação de padrões e tendências nas respostas dos participantes. A análise foi realizada com base em técnicas de análise de conteúdo, que, segundo Bardin (2011), "consistem em um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos, a descrição do conteúdo das mensagens" (p. 39).

Finalmente, os métodos de análise permitiram a triangulação dos dados, combinando informações de autores clássicos e contemporâneos, documentos e diálogos com os estudantes a fim de obter uma visão abrangente e detalhada do impacto da ONHB no ensino de História. A triangulação, conforme Denzin e Lincoln (2018), "é uma técnica que combina múltiplos métodos e fontes de dados para aumentar a confiabilidade dos resultados" (p. 172).

Resultados

Explanação preliminar

A Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB) traz em sua metodologia o que as afirmações acima esclarecem por tentarem proporcionar aos estudantes meios de superação quanto à sua forma de estar e se encontrar no mundo, em outras palavras, auxiliá-los no reconhecimento, análise e modificação da realidade, sendo ela um verdadeiro construtor de Apoena. A olimpíada eleva o olhar, a capacidade de raciocínio do estudante, colaborando, de forma orgânica, com as diversas narrativas das Ciências Humanas através dos pilares da educação.

Atentando para as colocações da BNCC, dos 4 Pilares da Educação e de Paulo Freire (1987), vejamos a questão da intolerância na sociedade contemporânea brasileira, que podemos pensar a respeito do que o filósofo Karl Popper, em sua obra A sociedade aberta e seus inimigos, afirmou ao dizer: “Não devemos tolerar os intolerantes” (Popper, 1974) – a questão 33 da 14ª edição da ONHB 2022 abordou esse problema no convívio social, conforme apresenta o texto e a figura abaixo,


Figura 1 - Texto Motivador

Alternativas

A- Na ausência de argumentos racionais, filosofias intolerantes devem ser suprimidas por ameaçarem a própria possibilidade de tolerância.

B- Em sociedades democráticas, o discurso de ódio, quando minoritário, deve ser aceito em nome da liberdade de expressão.

C- O discurso de ódio tem uma aparência falsamente inofensiva em sua origem.

D- A incitação à intolerância está à margem da lei, ou seja, é criminosa.

Comentário da organização

No texto do filósofo Karl Popper, originalmente publicado em 1945, embora seja com frequência citado, até mesmo em postagens e memes da internet, o argumento central do paradoxo da tolerância de Popper (que ele apresenta em conjunto com o paradoxo da liberdade e o paradoxo da democracia) é de que se houver tolerância para com os intolerantes (racistas, fascistas, neonazistas), eles levarão à destruição dos tolerantes e, por consequência, da tolerância. A sociedade deve se proteger pelos argumentos racionais, pela opinião pública e pela aplicação das leis. Esse argumento mostra, do mesmo modo, que não pode haver liberdade para “destruir o outro” ou minar a sociedade. A tirinha remete a essa ideia indicando que um discurso de ódio, ignorado ou mesmo incentivado (patrocínio, visibilidade), torna-se um risco para a sociedade e seus cidadãos. (14ª olimpíada nacional em História do Brasil, 2024).

Essa é uma das inúmeras questões da ONHB que busca um processo de dialética entre os estudantes para a resolução da questão, visto que a olimpíada tem como característica de resposta as seguintes pontuações: 5 pontos para a questão mais completa, ou seja, aquela que apresenta uma reflexão crítica historiográfica, 4 pontos para a alternativa que apresenta um formato de pesquisa, 1 ponto para a alternativa com a resposta clara e objetiva e 0 para a alternativa totalmente incorreta. Quando um estudante é confrontado juntamente com a sua equipe para a busca da alternativa com o maior teor de criticidade, ele se vê desafiado em algumas situações/dilemas do tipo: “Será que eu sou capaz de ter um olhar crítico acerca da questão? Como analisar de forma crítica essa alternativa? O que é pesquisa historiográfica? ”

Nesse contexto, a Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) não apenas avalia o conhecimento factual dos estudantes, mas também propicia um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades críticas e reflexivas. O formato de pontuação adotado reflete a ênfase na capacidade de elaborar uma análise historiográfica, incentivando os participantes a transcenderem respostas simples em favor de uma compreensão mais profunda e contextualizada. Os desafios apresentados aos estudantes, como a busca pela alternativa mais crítica, não apenas testam seu conhecimento, mas também os instigam a questionar, refletir e articular argumentos de forma ponderada. Dessa maneira, a ONHB contribui para a formação de indivíduos que não apenas absorvem informações, mas que também são capazes de pensar criticamente e se tornar protagonistas de sua própria narrativa histórica.

Mediante o exemplo supracitado, podemos pensar e relacionar ao que postula Piaget (1982, p. 28) sobre “o professor enquanto um sujeito que cria e arranja modos significativos de aprendizagem para a criança”. E é esse caminho que tentamos trilhar ao sugerir questões de História como as da ONHB. O mediador precisa estimular com afinco situações problemas para o seu estudante. O estímulo inteligente é um desafio capaz de fazer o indivíduo se tornar um sujeito da sua história, ter domínio e segurança daquilo que é debatido em sala de aula, sendo assim aquele que enxerga mais longe (Morin, 2009).

A influência da Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB) nos quatro pilares da educação propostos por Delors (1998): aprender a conhecer, a fazer, a viver com os outros e a ser; em um contexto contemporâneo em que a sociedade é influenciada por informações que comprometem a capacidade de escolha, devido ao poder da indústria cultural e à comodidade vinculada à obsolescência programada, a relevância da ONHB no cenário educacional é destacada.

Os quatro pilares da educação buscam despertar e motivar essas capacidades e valores nos estudantes como a vontade de aprender, de querer saber mais e melhor, bem como de comunicar-se mais adequadamente por meio de diferentes linguagens, assim como interpretar, saber selecionar as informações que são essenciais e ajudar a refazer opiniões, além de conviver com valores e ações contra o preconceito e as rivalidades diárias que se apresentam no desafio de viver (Rocha, 2021).

No contexto desafiador de 2020, durante a pandemia, a ONHB emergiu como um alento para a comunidade escolar. Além das preocupações com a transmissão online das aulas, a atenção voltou-se para o aspecto emocional de estudantes e professores. A ONHB ofereceu uma atmosfera motivadora, utilizando recursos como charges, gráficos, documentos históricos e vídeos para enriquecer o aprendizado. Cada fase proporcionava momentos de descontração, união e reflexão, promovendo uma espécie de catarse para os estudantes (Rocha, 2021).

Ao analisar as participações em 2021, observa-se quase o dobro em relação a 2020, indicando o crescimento significativo da ONHB. Esse aumento é atribuído ao significado que a olimpíada passou a ter. Os participantes se tornam protagonistas, expressando preferências por temas específicos, como a Educação Histórica focada nas representações dos povos indígenas, violência doméstica e racismo estrutural.

A relação entre a ONHB e o processo pedagógico vai além das fases da competição. Os estudantes, após a olimpíada, demonstram ser verdadeiros protagonistas, abordando temas críticos, raciocínio lógico e conhecimento das políticas públicas. A olimpíada proporciona um ambiente propício para debater questões como a censura.

A discussão sobre a censura, evidenciada na questão 13 da 14ª edição da ONHB 2023, destaca a importância da competição em abordar violências estruturais, inclusive aquelas perpetradas pelo Estado. A máquina do poder estatal, utilizando fake news como instrumento de censura e negligência, é um tema relevante trazido pela ONHB.

Vejamos o poema Vozes-Mulheres de Conceição Evaristo (Evaristo, 2017),

Vozes-Mulheres

A voz de minha bisavó

ecoou criança

nos porões do navio.

Ecoou lamentos

de uma infância perdida.

A voz de minha avó

ecoou obediência

aos brancos-donos de tudo.

 

A voz de minha mãe

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo à favela.

 

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome.

 

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas.

 

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato.

O ontem – o hoje – o agora.

Na voz de minha filha

se fará ouvir a ressonância

O eco da vida-liberdade (p. 24-25).

 

Alternativas

A-       Aponta que a resistência à violência, imposta pela branquitude, foi possível graças às gerações atuais de afrodescendentes.

B- Atesta a participação ativa da autora na construção de uma memória social e de uma identidade afro-brasileiras.

C- Apresenta mulheres negras de várias gerações que pertencem à mesma família e que narram histórias de sofrimento, opressão, resiliência e luta.

D- Remete ao tráfico negreiro, à vida no Brasil escravista e às difíceis condições de vida das mulheres nas comunidades negras na contemporaneidade.

A questão 13 da 14ª edição da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) aborda o poema "Vozes-Mulheres" de Conceição Evaristo e propõe alternativas para interpretação do texto. Diante do poema e das opções apresentadas, a alternativa que melhor reflete o conteúdo é a C, que aponta que o poema apresenta mulheres negras de várias gerações que pertencem à mesma família e narram histórias de sofrimento, opressão, resiliência e luta.

A importância dessa questão reside na capacidade de explorar não apenas aspectos literários, mas também na promoção de uma reflexão crítica sobre a história e as experiências das mulheres negras no Brasil. Ao destacar a resistência ao longo das gerações, o poema proporciona uma visão multigeracional das lutas enfrentadas pela comunidade afrodescendente. Essa abordagem enriquece a compreensão dos estudantes sobre a complexidade das narrativas históricas e a importância de dar voz às histórias muitas vezes negligenciadas pela historiografia tradicional.

Além disso, a questão também estimula a análise de temas contemporâneos, como a censura e a violência estrutural perpetrada pelo Estado, demonstrando a relevância de conectar o passado ao presente. Abordar questões sensíveis, como as dificuldades vividas pelas mulheres negras ao longo do tempo, não apenas reconhece a diversidade de vozes na construção da história, mas também contribui para a formação de estudantes mais conscientes e críticos em relação às questões sociais.

A partir do exposto, podemos entender que a função da ONHB não se restringe a uma área de um grupo intelectual, ou apenas para os estudantes que gostam da disciplina de História e muito menos apenas como um projeto de extensão e de formação para alunos e de professores, mas também como um local de consciência política, de resistência e de olhar social, pois, como aponta Cristina Meneguello (2020) em entrevista para o canal LAPEHIS, a ONHB nos possibilita a uma égide, pois,

A gente aponta temas que são temas candentes na nossa sociedade, então a questão do racismo a gente sempre aborda, a questão do lugar ou do papel da mulher dentro da história do Brasil, a gente sempre procura trazer pra eles. Já falamos sobre o racismo, sobre o trabalho escravo. Tivemos um problema com as escolas militares no ano passado, fizemos uma pergunta que foi considerada muito forte, que foi uma pergunta sobre o assassinato de trans no Brasil. Então isso vai mostrando também... vai dando uma medida do que os professores estão enfrentando em sala de aula para trazer temas que tem tudo a ver com a história, tem tudo a ver com a nossa realidade e que estão cada vez mais enfrentando esses crivos, esses preconceitos e essas intolerâncias. Muitos professores dizem pra gente: Às vezes a gente recebe uma, vamos dizer assim, uma “chamada” do diretor escola ou coordenador dizendo: Por que vocês estão discutindo isso? Porque a Olimpíada perguntou. Esse sempre foi um caminho também entre as escolas que não abordavam e não traziam esses temas (p. 37).

A inclusão de questões que exploram a diversidade de experiências históricas, especialmente aquelas relacionadas a grupos marginalizados, é fundamental para um ensino de história mais inclusivo e abrangente. Isso não apenas amplia a compreensão dos estudantes sobre a complexidade das sociedades passadas, mas também os prepara para compreender e enfrentar os desafios contemporâneos, promovendo uma educação mais reflexiva e comprometida com a justiça social, assim sendo,

Adquirem o gosto pela História e reconheçam sua importância como estudo para situarem-se na vida social de maneira mais esclarecida, fundamentada e refletida. Compreendam a complexidade das ações dos seres humanos ao longo da História – os projetos, os valores, os interesses em disputas, as formas como esses interesses se articulam nas mais diferentes esferas. Percebam os ritmos em que ocorrem as mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais. Todos esses objetivos confluem para a formação de cidadãos críticos e participativos da vida social e, portanto, da história do seu tempo. Reafirmamos que esses desafios requerem um trabalho sistemático e contínuo ao longo de vários anos de escolaridade (Beruti & Marques, 2009, p.152).

A busca pela conexão entre o conteúdo a ser ensinado e os métodos de aprendizado em História pode ser comparada à lendária tarefa de Sísifo na mitologia grega. Segundo a história, Sísifo foi condenado pelos deuses a subir uma montanha, empurrando incessantemente uma grande e pesada pedra. Porém, sempre que ele alcançava o topo, a pedra escapava de suas mãos e rolava de volta ao chão, obrigando-o a recomeçar a árdua jornada, repetindo esse ciclo interminável. Essa analogia ilustra vividamente a dificuldade que muitos educadores enfrentam ao tentar alinhar o conteúdo histórico com métodos eficazes de ensino e aprendizado. Assim como Sísifo, os professores podem sentir que estão constantemente lutando contra a gravidade, tentando alcançar um objetivo que parece fugir continuamente de suas mãos.

No entanto, é crucial reconhecer que, embora desafiador, esse processo não é fútil. Assim como Sísifo persistiu em sua tarefa, os educadores devem perseverar na busca por abordagens pedagógicas que estimulem o interesse, o engajamento e a compreensão dos alunos em relação à História. Embora possa parecer uma jornada interminável, cada tentativa e ajuste nos métodos de ensino podem trazer progresso e, eventualmente, sucesso na construção de uma conexão significativa entre o passado e o presente na sala de aula.

É crucial resgatar a atividade intelectual como um meio de confrontar a percepção de que os alunos frequentam a escola apenas para avançar de ano ou obter um diploma. A disciplina de História desempenha um papel especial na formação humana dos estudantes, conforme destacam os autores Adhemar Marques e Flávio Beruti em Ensinar e aprender História.

 

Considerações finais

 

Ao longo da história, a educação brasileira trouxe para o professor inúmeros desafios, dolorosas mudanças que machucaram a democracia, que postularam uma aprendizagem crítica e reflexiva, que colocaram o ensino como uma pedra estafante, mas, ao mesmo tempo, trabalhar com o ensino é vivenciar uma caminhada de encontros, entre a alma e o cuidar. A educação é um movimento da alma (pathos) em condução à beleza, ao que confere propósito e gera amor. Já o cuidar sustenta de forma medial a importância de um dos valores mais nobres da humanidade: a Educação (Mangueira, 2018).

O verbo Cuidar apresenta uma narrativa alicerçada em diferentes situações: como cuidar de alguém que está em formação, cuidar de si e/ou de seus objetos pessoais, cuidar da amizade, cuidar da educação como um direcionamento de uma vida virtuosa. Segundo o minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra cuidar é um “verbo transitivo e significa e advinda do latim cogitare, ao qual denota o conceito de imaginar, meditar, cogitar; julgar, supor; aplicar a atenção, o pensamento, a imaginação; ter cuidado; fazer os preparativos; prevenir-se; ter cuidado consigo mesmo” (Aurélio, 2008, p. 279).

Diante do exposto, essa abordagem educacional é fundamentada em uma profunda interação com os sujeitos, a cidadania, os tempos e os significados, que envolvem constantes leituras e releituras. Mantendo a coerência no ensino de História, é necessário adotar uma postura crítica não apenas em relação às próprias interpretações, mas também em relação às outras que são discutidas. Assim, mesmo diante de desafios que demandem esforço físico e intelectual, um professor de História deve considerar como uma perspectiva de trabalho a construção de uma formação integral.

É preciso oferecer subsídios teóricos e práticos para o trabalho no ensino de História e a ONHB é um universo que transcende a historicidade, aproxima o fato histórico da realidade de um povo, traz para a discussão a voz silenciada dos grupos da minoria, posiciona o professor como um protagonista da sua sala de aula. A partir do que postula Meneguello (2020), podemos depreender que o ensino da disciplina de História do Brasil é algo que vem sendo articulado nos últimos anos. Tal posicionamento direciona não apenas para um conteúdo de formação técnica e científica específica, mas também para um posicionamento capaz de produzir valores humanos pautados em conceitos éticos e morais dentro de qualquer esfera, seja pedagógica, profissional ou cidadã.

É importante destacar que essa reflexão é capaz de produzir diversos caminhos que sinalizam temas vitais para a sobrevivência de uma sociedade participativa e atuante, principalmente para reforçar uma sociedade que apresenta em sua constituição um Estado Democrático de Direito. Transpor o universo da ONHB como ferramenta pedagógica traz alguns dilemas que permeiam a realidade da sala de aula, do planejamento e do suporte pedagógico que o professor enfrenta nesse cenário educacional.

A História, assim como um rio em constante movimento, vive, provoca questões, convida ao que não pode ser dominado pela racionalidade científica, algo positivista. Mas, como instigar os elementos do ensino de História? Quais as especificidades dos professores dessa disciplina? Caminhar pelo cotidiano do ensino de História talvez seja a chance de analisar os questionamentos humanos, através da própria composição dos grupos sociais. Perscrutar o que sejam as especificidades dos professores de História em sua singularidade como percurso ético, protagonista, talvez seja o convite do motivo de estarmos todos nessa travessia, não como um castigo de Sísifo, mas como um compromisso político de um ato em vista da concórdia da pólis.

Além disso, ao explorar as implicações da ONHB no processo pedagógico, percebe-se que a competição não apenas fornece conhecimento histórico, mas também fomenta habilidades essenciais, como pensamento crítico e trabalho em equipe. A resolução de desafios propostos durante as fases da ONHB exige uma abordagem colaborativa, incentivando os participantes a compartilharem ideias, analisarem fontes históricas de maneira crítica e desenvolverem soluções inovadoras. Dessa forma, a olimpíada se torna um ambiente propício para o aprimoramento de competências fundamentais, preparando os estudantes para enfrentar os desafios complexos da sociedade contemporânea.

Adicionalmente, ao considerar a evolução da ONHB ao longo dos anos, nota-se não apenas um aumento quantitativo de participantes, mas também uma diversificação temática. As questões abordadas nas edições recentes refletem a capacidade da competição de se adaptar às mudanças sociais e políticas, mantendo-se relevante. A inclusão de temas contemporâneos, como a discussão sobre censura na edição de 2023, demonstra a sintonia da ONHB com os desafios atuais, promovendo um diálogo enriquecedor sobre questões sociais urgentes. Assim, a Olimpíada Nacional de História do Brasil não apenas contribui para o aprimoramento acadêmico, mas também se firma como um instrumento dinâmico e atualizado para a promoção do pensamento crítico e reflexivo entre os estudantes.

Em síntese, este estudo ressaltou a importância do pensamento reflexivo como um catalisador crucial para o crescimento individual e coletivo na esfera pública, especialmente entre os adolescentes que adotam as ferramentas proporcionadas pela Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB). Ao internalizar tais conhecimentos, esses jovens se tornam protagonistas em suas comunidades, contribuindo para a construção de uma cidadania consciente e ativa. Em um momento marcado por incertezas e desafios decorrentes de correntes ideológicas que promovem neonazismo, preconceito e racismo, é imperativo cultivar o sentimento de pertencimento à nação brasileira.

A utilização do termo indígena Apoena como um elo com as raízes da ONHB reforça a importância de reconhecer a diversidade cultural como alicerce da identidade brasileira, destacando a luta pela alforria como sinônimo de resistência. Assim, ao promover a atividade da atitude historiadora, este trabalho reforça que tal postura não é exclusiva de especialistas, mas um compromisso coletivo de reconstrução, memória e ação, delineando perspectivas para novos capítulos na leitura do mundo, particularmente em um Brasil para e com todos. Essa abordagem alinha-se aos princípios dos quatro pilares da educação, fortalecendo a importância da tolerância, da ciência e do exercício da moralidade como pilares fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

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[1] Mestrando do Programa de Mestrado em Educação da Universidad de la Empresa, graduado em geografia, professor de história, geografia, filosofia, sociologia e história da arte do Colégio Salvatoriano Nossa Senhora de Fátima, Florianópolis/BR, academicoweber@gmail.com, ORCID 0000-002-2900-8909. 100% de autoria