ACTIVE METHODOLOGIES FROM EVERYDAY SCHOOL LIFE
Aprobado: 28/10/2024
Este artículo ha sido aprobado por la editora, Dra. Susana Graciela Pérez Barrera
Vanda Lúcia Kuster Mota[1]
Resumo
O presente artigo objetiva investigar as barreiras à implementação de metodologias ativas com foco nas tecnologias digitais nos anos iniciais, destacando seu papel mediador no processo de ensino-aprendizagem na sala de aula contemporânea. Atenta aos desafios didáticos, do ensinar e aprender foi revisitado reflexões sobre os fundamentos epistemológicos, teóricos e pedagógicos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem em situações que visam desenvolver abordagens com metodologias inovadoras através das metodologias ativas diante dos múltiplos desafios enfrentados na área educacional dos anos inicias. Merecem uma atenção especial de todos os envolvidos neste processo, o fato de que a mudança de paradigma educacional rumo as tecnologias pedagógica não segue uma trajetória linear e tranquila, é marcada por conflitos, avanços, retrocessos e desafios, para assim fortalecer a educação escolar, empenhados com o compromisso de ser a escola espaço vivo e interligado ao mundo sem perder sua identidade. Ao encontro da sala de aula, vem o mundo tecnológico, que é entendida como um vasto campo de oportunidades que contribuem para o processo de ensino-aprendizagem já nos primeiros anos da vida escolar da criança. A metodologia desta pesquisa consiste em uma revisão sistemática da literatura com estudo de cunho qualitativo, relacionado à gestão do conhecimento, currículo e inovação educacional. Aprofunda-se na análise das aproximações com o tema, pautada pelo método bibliográfico para contribuir com um ambiente escolar que clama por novas didáticas diante na sala de aula. Com base nos referenciais teóricos, as metodologias ativas recorrem aos princípios pedagógicos da Escola Nova, remodelando e potencializando os métodos de ensino aprendizagem onde as demandas da sociedade contemporânea pressionam a escola e clamam por mudanças que levem o conhecimento ao aluno.
Palavras-chave: metodologias ativas, tecnologias, anos iniciais.
Resumen
El objetivo de este artículo es investigar el papel mediador de las metodologías activas en el aprendizaje y la enseñanza en el aula en la sociedad contemporánea. Atentos a los desafíos didácticos, la enseñanza y el aprendizaje merecen especial atención por parte de todos los involucrados en este proceso en el que todo está abierto y en construcción, para fortalecer la educación escolar, comprometida con que la escuela sea un espacio vivo e interconectado con el mundo sin perder su identidad. Las metodologías activas son vistas como diferentes oportunidades que contribuyen al proceso de enseñanza-aprendizaje en los primeros años. A partir de un análisis referencial cualitativo, se buscó profundizar en este tema, sobre todo para contribuir a un ambiente escolar que desarrolle aprendizajes efectivos. A partir de las referencias teóricas, es posible comprender y realizar los aportes teóricos que amplían las discusiones sobre las metodologías activas, reforzando la eficacia de las mismas en el ambiente del aula.
Palabras clave: metodologías activas, didáctica, educación
Abstract
The aim of this article is to investigate the intermediary role of active methodologies in learning and teaching on the classroom floor, in the face of contemporary society. Attentive to didactic challenges, teaching and learning deserve special attention from all those involved in this process in which everything is open and under construction, in order to strengthen school education, committed to the school being a living space linked to the world without losing its identity. Active methodologies are understood as different opportunities that contribute to the teaching-learning process in the early years. Based on a qualitative referential analysis, we sought to delve deeper into this topic, above all to contribute to a school environment that develops effective learning. The theoretical references allow us to understand and realise the theoretical contributions that broaden the discussions on active methodologies, reinforcing how effective these methodologies are in the classroom environment.
Keywords: active methodologies, didactics, education
Escola de Educação Básica Leovegildo Esmério da Silva, localizada no distrito de Salto dos Marianos em São José do Cerrito-SC, em um dia de junho de 2023. Vinte e dois anos de docência vão se aproximando nas quatro paredes que limitam o espaço da sala de aula, porém, o universo da educação ultrapassa, é infinito.
A prática docente é fundamental na atuação para um ensino e aprendizagem efetivos, dessa forma, algumas situações inquietam e promovem a discussão que proporciona tal reflexão.
Após duas décadas de práticas docente ainda fica a pergunta, como o ensinar encontra o aprender? O saber/ fazer do pedagogo, se constrói e reconstrói na realidade no espaço escolar. Assim, acende-se um alerta sobre a função e a existência da escola. A cada dia, aos poucos, tudo vai se confirmando, a escola está desorientada. Com olhar nas diversas práticas escolares, vivencia-se o impasse na função e na organização escolar diante de uma sociedade contemporânea mediada pelas tecnologias.
O passado é revisitado ao analisarmos essa reflexão, auxiliando na compreensão do momento em que se reconheceu a urgência de uma reestruturação na escola e das críticas ao modelo convencional. A Escola Nova surgiu como uma proposta educacional inovadora, tendo origem em críticas profundas ao sistema tradicional de ensino. Este último não conseguia se adaptar às demandas sociais emergentes decorrentes das mudanças impulsionadas pela industrialização no final do século XIX e início do XX. Era imprescindível um novo paradigma educacional capaz de atender às necessidades sociais contemporâneas, rompendo com os métodos mecânicos e repetitivos da educação tradicional.
Os desafios já são conhecidos no dia-a-dia no ambiente escolar séculos atrás, sobretudo na atualidade em que urge diferentes metodologias e dinâmicas no ambiente escolar moderno, exigindo do professor cada vez mais. Diante de uma sociedade complexa, dinâmica e em constante evolução, fica evidente que o verbo “dar aula” já está em desuso. A mudança no sistema de ensino aprendizagem necessita de mudanças, as práticas pedagógicas dos docentes sob o olhar do conhecimento multidisciplinar, exigem que os professores, em suas práticas pedagógicas, sejam desafiados a este novo enfrentamento.
Tapia (2016, p. 12) afirma que: “É fato que a aprendizagem não ocorre em um vácuo, mas em um ambiente social em relação ao qual precisamos nos sentir integrados, aceitos, conectados”.
Matos e Mazzafera (2022) afirma que a educação precisa ser compreendida como um todo presente no processo de crescimento da criança, do adolescente, do jovem, do adulto e do idoso, visto que é durante todo o seu percurso que a aquisição do conhecimento acontece. Além disso, tal processo não ocorre apenas no ambiente escolar, mas também acontece no meio de amigos, familiares, ou seja, por meio do convívio social e da interação com outros indivíduos.
Segundo Freire (1996) os saberes que o discente traz consigo, de suas vivências e experiências precisam ser considerados, pois tais elementos são essenciais para a promoção de sua aprendizagem dos conceitos presente no currículo escolar, portanto, faz-se necessário que o professor sempre relacione tais conhecimentos com o que será aprendido em sala de aula.
Abordar as diversas questões didáticas é sempre um tema de desconforto, visto que os docentes se sentem provocados e buscam incansavelmente sustentar em suas propostas pedagógicas o ensinar e fazer para que o conhecimento chegue ao aluno. Contudo, o que se percebe é um ambiente vazio de significado para alunos conectados, e transbordando insegurança profissional e um duelo entre o ensinar e aprender.
A busca por metodologias que incentivem e promovam uma aprendizagem mais dinâmica e interativa aos estudantes vem sendo uma busca incansável para os docentes, já que as metodologias ativas são estratégias importantes para a elaboração e cumprimento de um currículo que vise um estudante protagonista, reflexivo e crítico de suas ações e do mundo que o cerca, podendo, assim, fazer uso do seu conhecimento para lidar com seus problemas reais (Matos & Mazzafera, 2022).
Bacich e Moran (2018) defendem a metodologia ativa afirmando que por meio dela pode ser estabelecido relações com contextos da sociedade, cultura, política e escola, sempre voltando para o estudante com o objetivo de promover a aprendizagem.
Diante disso, o trabalho conduzido por meio do uso das mais variadas ferramentas e práticas da metodologia ativa possibilitam uma ação pedagógica que ocorre por meio da experiência e da promoção da autonomia dos estudantes, sendo assim tornam aula mais dinâmica e ativa que visa o interesse dos estudantes a fim de cumprir os objetivos estabelecidos pelo seu docente para com a sua turma (Bacich & Moran, 2018).
Partindo disso, indaga-se como utilizar as metodologias ativas através da Tics na sala de aula? O que estaria faltando nas nossas salas de aula para que os alunos pudessem demonstrar o mesmo nível de concentração e empolgação em atividades de aprendizagem da escola? Como se sentem os alunos da era digital diante dos processos educacionais e de ensino tradicionais?
Entende-se aqui, que as metodologias ativas não substituem totalmente as metodologias tradicionais; elas as complementam e enriquecem ainda mais a experiência de aprendizagem dos alunos. Observa-se que esse método não é novo em outras áreas do conhecimento, e é apenas com a pandemia da COVID-19 que as metodologias ativas deram o grande salto na área da educação, apresentando-as como possibilidades de aprendizagem e conhecimento oferecidos aos estudantes, tornando-os protagonistas de seu processo de ensino-aprendizagem.
Ainda aqui, discorre-se sobre as metodologias ativas que abrange as tecnologias digitais, com o propósito de compreender as metodologias ativas a partir do cotidiano escolar, suas contribuições voltadas para o processo de ensino/aprendizagem oferecido nos anos inicias do ensino fundamental.
No entanto, as barreiras a serem ultrapassadas no mundo globalizado são muitas, mundo este, em que a tecnologia digital vem marcando presença e adentrando dia após dia a sala de aula, revelando o ponto fraco da educação e sua maior carência. Segundo Bacich e Moran (2018), as metodologias ativas para uma educação inovadora apontam a possibilidade de transformar aulas em experiências de aprendizagem mais vivas e significativas para os estudantes da cultura digital.
Não compete aqui julgar, avaliar ou comparar práticas e atuações pedagógicas dos professores. O momento vivenciado pela escola é polêmico, e busca-se responsáveis das várias perspectivas de ver, ser e estar dentro da sala de aula. As angústias são muitas. Sendo assim, aproveita-se este artigo para investigar as barreiras à implementação de metodologias ativas com foco nas tecnologias digitais nos anos iniciais, destacando seu papel mediador no processo de ensino-aprendizagem na sala de aula contemporânea, buscando apoio teórico na literatura bibliográfica atual e nos clássicos, revisando as teorias de aprendizagem e organizando assim o tema a ser abordado.
A pesquisa se configura como revisão sistemática da literatura acerca do tema. Para tanto, na bibliografia foram utilizadas literaturas produzidas no intervalo de 2014 a 2024, sendo excluídas produções anteriores e de pouca relevância para com o tema. Se contempla aqui, uma abordagem qualitativa e exploratório, visto que se busca investigar o assunto, não o esgotando, mas trazendo diferentes perspectivas e discussões acerca do tema a ser tratado.
Em relação à teoria de aprendizagem que melhor sustenta as práticas pedagógicas atuais, é importante considerar abordagens que valorizem a construção ativa do conhecimento pelo aluno, como a teoria construtivista ou a teoria sociocultural de Vygotsky. Essas teorias enfatizam a interação social, o papel do aluno como agente ativo de sua própria aprendizagem e a importância do contexto cultural e social na construção do conhecimento.
Metodologias ativas a partir do cotidiano escolar nos anos iniciais
Algumas ideias que justificam o uso das metodologias ativas no ensino escolar surgiram com o movimento da escola nova ou pedagogia nova, contrapondo-se ao ensino tradicional, trazendo novas perspectiva para a educação. A Europa é o berço da escola ativa, que traz como proposta, a renovação do ensino já no século XIX.
O grande nome do movimento da pedagogia nova foi John Dewey, filósofo e pedagogo, que criticou o modelo tecnicista da educação, fazendo alvoroços na época, por defender o ideário escolanovista, afirmando que vida, experiência e aprendizagem se entrelaçam de forma dinâmica, a ponto de concluir que “a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas sim, a própria vida” (Dewey, 1967, p. 7). De acordo com o ideário da escola nova, quando falamos de direitos iguais perante a lei, devemos estar aludindo a direitos de oportunidades iguais perante a lei. Esse movimento propunha a deslocação a figura central do professor para o estudante, chegando ao Brasil através de Anísio Teixeira a partir da década de 20.
Retornando ao principal representante desse novo olhar para a escola, Dewey reconhecia as dificuldades a serem ultrapassadas para se chegar a uma sociedade flexível as mudanças de paradigmas e democrática. Criou caminhos que apontavam como se chegar a uma educação vista como um processo social, aproximando sociedade e escola como elementares uma na existência da outra. Diz ele acreditar que:
[...] Eu acredito que a escola é principalmente uma instituição social. Educação é um processo social, a escola simplesmente é aquela forma de vida de comunidade na qual todas essas agências se concentram trazendo a criança para compartilhar nos recursos herdados da raça, e usar os próprios poderes dela para os fins sociais. Eu acredito que educação, então, é um processo de viver e não uma preparação para viver no futuro. Eu acredito que a escola tem que representar a vida presente e ela continua na casa, no bairro, ou no playground. (Dewey, 2002, p. 2).
Ao analisar a conexão entre escola e sociedade, percebe-se que, da mesma forma que na sociedade, o estudante na escola é responsável por suas experiências e contribui ativamente para a construção de seu conhecimento. Portanto, a escola não pode ignorar essa vivência e participação ativa do aluno. O confronto entre as experiências do professor e do aluno ampliam as possibilidades para conhecer. Neste sentido o ato de educar está em movimento e nunca estático.
Ensinar sempre foi um ato de complexidade para ser compreendido, dentro desse desafio as metodologias ativas emergem como um caminho para aprimorar a qualidade do ensino que se oferece nas escolas públicas, incluindo-se também os anos iniciais do Ensino Fundamental. Embora seja uma ferramenta de suporte didático já consolidado, as abordagens tradicionais ainda são utilizadas isoladamente.
De acordo com Arendt (1961) é da condição do homem que cada geração evolua em um mundo velho para que ela possa se preparar para a nova geração de um novo mundo, no qual ela pode aceitar e recusar a partir de suas crenças, limites e desejos.
As mudanças dos últimos anos, sobretudo àquelas relacionadas a cultura digital, bem como as transformações culturais e sociais trouxeram para a educação uma demanda que exige um repensar no processo educacional, diante disso é preciso considerar que o modelo atual de ensino não contempla as demandas da escola, sendo necessário, sobretudo por uma pressão social, da comunidade escolar, que novas metodologias e práticas sejam executadas.
Para Cristo, Farias e Martin (2015) a educação do século XX é resultado da evolução dos diversos pensadores da educação, ou seja, perpassam por Frenet, Piaget, Vygotsky, Ausubel, Freire e Foucault e estas mudanças, inerentes ao processo e progresso educacional levam a consolidar as metodologias ativas como processo fundador e formados dos estudantes, que farão uso de seus conhecimentos e saberes para a resolução de problemas, bem como compreensão do que se está estudando.
As mudanças que ocorrem na dinâmica da sociedade têm afetado diretamente o processo educacional, contudo não se pode dar tal responsabilidade apenas a questões históricas ou sociais. Desse modo, as metodologias ativas, abordagem não tão recente, se apresentam como uma forma de ressignificar o conhecimento escolar por meio de uma relação dinâmica que ocorre entre docente, discente, aprendizagem e conhecimento. Sendo assim, é possível observar que:
Ao longo dos anos, o estudo de metodologias ativas vem se intensificando com o surgimento de novas estratégias que podem favorecer a autonomia do educando, desde as mais simples àquelas que necessitam de uma readequação física e/ou tecnológica das instituições de ensino. Dentre os elementos que compõem as metodologias ativas devem-se considerar, conceitualmente, dois atores: o professor, que deixa de ter a função de proferir ou de ensinar, restando-lhe a tarefa de facilitar o processo de aquisição do conhecimento; e o aluno, que passa a receber denominações que remetem ao contexto dinâmico, tais como estudante ou educando. Tudo isto para deixar claro o ambiente ativo, dinâmico e construtivo que pode influenciar positivamente a percepção de educadores e educandos. (Cristo; Farias; Martin, 2015, p.3)
Após o período de pandemia da Covid-19, tais metodologias se mostraram como uma maneira de inovação e reflexão para as práticas pedagógicas, sobretudo a fim de repensar e superar práticas mantidas até o momento, possibilitando, assim, um debate para a nova realidade educacional brasileira, o que permite explorar a capacidade criativa do educador, sua dinamicidade no processo de interação na sala de aula.
Ao analisar o sistema educacional, é mais do que urgente que a escola em suas práticas repense seu fazer, suas propostas de ensino e como levar o conhecimento até o aluno. Ao professor atribui a tarefa de levar o aluno a aprender, em meio a desimportância dos conteúdos e ao desprestígio do professor, bem como a invenção de um aluno-não-estudante. (Prado, 1991). O autor agrava ainda mais o cenário da sala de aula, ao afirmar que “a escola não tem ressonâncias na vida, e que o professor é uma figura ridícula que leva a sério coisas inúteis”. (Prado, 1991, p. 238). Assim aos ombros do professor recai a autoria da aprendizagem, no terreno da educação é o pedagogo quem cultiva os saberes do conhecer. Em um mundo de conhecimento multidisciplinar, isso é desafiador, já que os indivíduos podem desenvolver seus aprendizados das mais variadas formas e maneiras, em diferentes lugares – reais ou digitais, além disso, pode-se aprender tanto em ambientes formais como as escolas e as universidades como também na internet, na rua, em grupos (Moran, 2019).
Tal mudança traz uma ênfase discursiva, visto que exige capacidade, habilidades e competências dos estudantes, assim como uma renovação da prática pedagógica do educador. Faz-se necessário repensar uma educação inovadora para a realidade escolar contemporânea, já que a escola perde seu objetivo quando uma geração nova adentra um espaço com práticas do passado, ou seja, é como se a escola estivesse inserida em uma outra realidade, descontextualizada. Arendt (1961, p. 3) complementa: “o papel desempenhado pela educação em todas as utopias políticas, desde a Antiguidade até os nossos dias, mostra bem como pode parecer natural querer começar um mundo novo com aqueles que são novos por nascimento e por natureza”.
Desta maneira, engajar-se em uma perspectiva nova para a escola, sobretudo voltada a estudantes frutos da era digital, é estar voltado para novas práticas e metodologias que ultrapassem o modelo tradicional de ensinar. É importante ressaltar também que a culpa não é apenas do docente ou da prática tradicional, mas mudanças se tornam necessárias diante da revolução da tecnologia da informação. Atualmente é o mundo digital e dinâmicos que a sociedade exige, portanto, a reinvenção da sala de aula, assim como as necessidades de uma nova forma de aprendizagem nas metodologias e estratégias que provocam e estimulam o conhecimento do estudante são emergentes. (Cidral et al., 2017. Logo, o ambiente escolar não deve estar pautado apenas em memorizações, crianças fechadas e sentadas como ouvintes reproduzindo apenas o livro didático, mas é preciso ressaltar que inovar práticas não é transferir o antigo para o tecnológico, mas sim buscar estratégias que desenvolvam o protagonismo dos estudantes enquanto aprendizes.
Embora se observe que os professores mesclem práticas tradicionais a metodologias ativas, ainda é evidente a vulnerabilidade diante das tecnologias digitais, bem como a sua utilização eficaz para o contexto pedagógico. Ou seja, não se fala em descartar práticas tradicionais por completo, visto que apesar de algumas inconsistências (exercícios repetitivos, professor fala e aluno escuta, etc.), as práticas tradicionais trouxeram contribuições significativas para o ambiente escolar. Sendo assim, as metodologias ativas vêm para enriquecer o fazer pedagógico. Lipovetsky (2019) adverte ao fato de que não se pode eliminar os métodos tradicionais demasiadamente, eles são pertinentes e necessários no processo de aquisição da leitura e da escrita, aprendizagens essas, que são reconhecidas como a identidade da escola.
Fazer o uso da metodologia ativa exige uma aplicação e um planejamento do professor, visto que o uso de tal metodologia não exclui outras formas diferentes de aprender, como a aula expositiva, a leitura e a realização de exercícios no livro ou no caderno, por exemplo, mas ela precisa ser compreendida como mais uma aliada para superar as diferentes formas de aprender que se pode encontrar na sala de aula (Cristo; Farias & Martin, 2015).
Cristo, Farias e Martin (2015) defendem ainda que as redes de apoio a educação como forma de interação entre diferentes metodologias, proporcionam, assim, uma rede de colaboração, observando que as várias metodologias, se bem planejadas e aplicadas possibilitam aos estudantes o desenvolvimento reflexivo sobre os objetos de conhecimento, possibilitando diversas formas de aprender, favorecendo, desse modo, todo o processo educacional.
Alguns estudos sobre o processo de aprendizagem apontam as diferentes formas de aprender, destacando-se que alguns processos de assimilação ocorrem de maneira mais facilitada. William Glasser (2017), psiquiatra americano, traz em sua teoria uma explicação que as pessoas geralmente aprendem através de diferentes métodos durante esse processo de mediação, por isso torna-se evidente que o professor conheça os seus estudantes, suas limitações, potencialidade, realidades, contextos e interesses.
Sahagoff (2019) ao falar sobre a Pirâmide de Aprendizagem de Willian Glasser evidencia as diferentes formas de aprendizagem, sobretudo ressaltando que a prática mais efetiva é a de ensinar os outros, além de escrever e interpretar, bem como o debate, quando somado a outras ações como leitura, audição, observação, efetivam a aprendizagem do estudante.
Tal Pirâmide de Aprendizagem contextualiza e evidencia que não se pode limitar o ensino apenas em memorização e a aulas expositivas. O estudante deve estar ativo no processo, participando, produzindo, expressando, elaborando e compartilhando o conhecimento a fim de construir o seu entendimento sobre os diversos conceitos que se apresentam nas áreas do conhecimento. Esse processo pode ser facilitado pela exposição, mas é necessário que o estudante esteja envolvido e que tal conceito seja relevante para a sua realidade. De acordo com Nóvoa (2019), a sociedade vive uma revolução do conhecimento, ou seja, não se aprende mais como nos tempos idos, fazendo, assim, necessário o repensar/replanejar as abordagens para efetivar a aprendizagem dos estudantes.
Lipovetsky (2019) define que a aquisição de saberes abstratos requer vários quesitos do estudante como: esforço, perseverança, disciplina, repetição, exercícios, ou seja, várias técnicas lúdicas e atrativas que possam permear as diferentes metodologias organizadas pelo docente a fim de desenvolver sua capacidade de intelecção.
Lipovetsky (2019) defende a importância de se manter alguns pontos do método tradicional, visto que tal ação é capaz de fornecer conhecimentos básicos para saber ler, escrever, contar, argumentar e expor ideias.
[...] não podemos abandonar a escola clássica, a única capaz de fornecer os conhecimentos básicos para saber ler, escrever, contar, exprimir-se corretamente, argumentar, expor com correção e rigor as ideias. Não enterremos demasiado depressa as práticas metódicas de aprendizagem, que, baseadas na repetição, na memorização, na transmissão das referências fundamentais, são tão indispensáveis como o eram no passado. A liberdade do espírito e a formação das mentes “bem feitas” exigem a perpetuação de alguns métodos clássicos “estritos”, mais necessários que nunca numa época de excrescência dos dados e de dispersão “googlizada”. É ilusório pensar que as navegações na Internet estão à altura desta exigência e que são capazes de assegurar a aprendizagem do rigor intelectual, bem como o domínio das normas da expressão oral e escrita (Lipovetsky, 2019, p. 354).
Sendo assim, técnicas de memorização e repetição ainda precisam ser utilizadas em diferentes contextos, contudo é necessário que o professor vá além de tais práticas, é preciso envolver seus estudantes no processo de aprendizagem, desse modo não é o lúdico pelo lúdico ou a tecnologia digital por ela mesma, mas sim fazer uso de diferentes abordagens, estratégias e ferramentas como auxiliares e extensoras do processo da prática docente, de ensino-aprendizagem.
Moran (2019) já afirmava que a escola parece um museu, visto que parece estar desconectada do mundo em que se encontra, do mundo fora da sala de aula. É preciso que o repensar do fazer pedagógico, dos modelos de ensino-aprendizagem levem em conta o desenvolvimento da sociedade, sendo assim, é preciso se questionar sobre o papel do professor, do aluno e qual a melhor maneira para ensinar.
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (Brasil, 2018, p. 9).
Marcuschi (2008) afirmava que a interação e o conhecimento entre os indivíduos acontecem das mais diferentes formas e nas mais várias expressões da linguagem e da comunicação, sobretudo, atualmente, com o uso das tecnologias ditiais. Por isso, é preciso considerar as várias formas de se comunicar, produzir e divulgar textos, visto que é nesta interação que o processo comunicativo e de aprendizagem também acontecem.
Conhecer os estudantes e suas realidades é parte importante do processo de entendimento e planejamento por parte do professor, para que esse busque diferentes estratégias durante o caminho para a aprendizagem, sobretudo que investigue quais temas são relevantes para seus discentes, tornando a aprendizagem mais significativa. Por isso, as metodologias ativas podem auxliar as diversas práticas educativas. Logo, ressignificar esse ambiente é melhorar o desempenho dos estudantes frente a tal demanda, ampliando os espaços educativos (Libâneo, 2011).
Assim, um dos grandes desafios que implica a democratização do acesso à escola é o de buscar meios pelos quais a educação escolar, através do ensino de grandes tradições intelectuais, práticas e morais, possa cultivar valores como a igualdade, a tolerância, a nãoviolência, a solidariedade, enfim, modos de vida que tenham na democracia política e social o maior de seus compromissos (Carvalho, 2014, p. 18).
Nesse contexto de reconhecer o estudante presente na sala de aula, Arroyo (2011) defende que é a maneira com que enxegarmos o estudante que determina a seleção dos modos de ensinar e educar.
Assim como é próprio do capitalismo, a verdade que retorna é a que aponta para uma relação assim formalizada, na qual num polo temos alguém que deve ser “maximamente eficaz”, que tudo deve fazer para cumprir o ideal (o professor), e no outro temos alguém que deve receber o “máximo” para que se desenvolva o “máximo” que puder (note-se que o que define esses máximos nunca é explicitado, ou o é em termos vagos, de operacionalidade difícil). Pois bem, a verdade que retorna é a que aponta para o fato de que numa relação assim formalizada uma formação depressiva é bastante esperada, já que a palavra de ordem é maníaca (Voltolini, 2001, p. 108-109).
A partir de agora, um intenso discurso, mais ideológico do que de fato escolar se configura em nosso meio. A expressão “máximo” é tendenciosa, apontando uma ampla possibilidade reforma de forma massiva. Consideremos que é preocupante essa mudança, como um tsunami na educação, com grande poder de destruição, levando embora a identidade da escola.
A metodologia de ensino torna-se uma questão metodológica que exige a participação ativa do professor na prática escolar. Isso implica em adotar a pesquisa-ação para desenvolver novas práticas educativas e explorar novas possibilidades pedagógicas. É essencial estabelecer uma conexão entre teoria e prática, visando potencializar o aprendizado dos estudantes e promover mudanças na forma como o professor planeja e implementa suas aulas. Exigir que o docente utilize metodologias ativas sem que ele compreenda de fato o que isso significa não alcançará os objetivos do ensino-aprendizagem.
Reconhecer que o ensino-aprendizagem e a práticas educativa são processos sociais é fundamental na contemporaneidade. Assim sendo, não basta apenas o docente dominar o conhecimento, é preciso reiventar suas práticas, buscar diferentes abordagens e transmitir o saber. O professor, nesse contexto, não é o centro da prática educativa, mas é o facilitador que compreende a subjetividade de seus estudantes e adapta as práticas de ensino.
Valente (2018) ressalta que a aprendizagem por meio das metodologias ativas já vem sido discutidas a mais de cem anos, evidenciando que tal processo é tido como uma pedagogia alternativa, sobretudo na atual era da informação e comunicação, onde as tecnologias surgem e urgem ferozmente na sociedade. Sendo assim, é preciso reconfigurar a visão do professor como repassador de conhecimento e informação, ele precisa mediar o processo a fim de fazer com que o estudante possa progredir na consturção dos saberes.
Portanto, as metodologias ativas permitem um olhar diferenciado para o ambiente de aprendizgem, sobretudo para suprir as demandas do século XXI. Desse modo, garantir-se-á uma educação de qualidade, relevante e significativa. É preciso destacar também que se as abordagens e dinâmicas da sala de aula precisam de uma nova perspectiva, a prática avaliativa deve passar pelo mesmo processo, visto que é preciso se utilizar de tais dados para aprimorar o contexto pedagógico, realizar, assim, avaliações que sejam formativas e não apenas quantitativas (Silva; Pires, 2020).
Silva e Pires (2020) afirmam que o uso de métodos ativos atende a diversidade e a realidade de muitos estudantes, já que possibilita a variedade de instrumentos avaliativos, pois acompanham de maneira criteriosa todo o processo de desenvolvimento do estudante, por isso, aliar as metodologias ativas com uma análise de resultados transforma o contexto educacional e, sobretudo, a realidade do estudante na sociedade.
O termo protagonista da sala de aula, acende um alerta a educação. Com o protagonismo do aluno não podemos anular o professor, sendo ele autor de suas práticas, o arquiteto do ato de ensinar. Considerando todas as adversidades encontradas no espaço da sala de aula, Le Shulman (1997), instrui sobre o novo olhar na educação escolar, para que essa possa se reestruturar, deve ser dada uma atenção especial, a pelo menos cinco aspectos em torno dessa questão: os desafios encontrado por profissionais de excelência em meio a transição de uma reforma escolar; ser educador exige ser um profissional de inteligências múltiplas; a ênfase está no aprender do aluno, esquecendo que o professor também precisa aprender para poder ensinar, para tanto, ao menos seis princípios devem ser considerados (atividade, reflexão, colaboração, tempo, paixão e cultura); a formação docente contínua; o autor conclui seu discurso explanando que, os obstáculos encontrado na atuação do professor são encaminhamentos das reformas.
É necessário ressaltar também que é preciso que o estudante esteja focado nesse processo e que compreenda que diferentes abordagens, as ferramentas tecnológicas e os diversos materiais disponilizados pelo professor querem, sobretudo, inserí-lo na construção do seu conhecimento, extrapolando, assim, uma aprendizagem unilateral, ou seja, ele é o protagonista e o maior responsável pela sua aprendizagem (Lopes; Ribeiro, 2018).
Para os estudantes de hoje, qual é o sentido da escola ou da universidade diante da facilidade de acesso à informação, da participação em redes com pessoas com as quais partilham interesses, práticas, conhecimentos e valores, sem limitações espaciais, temporais e institucionais, bem como diante da possibilidade de trocar ideias e desenvolver pesquisas colaborativas com especialistas de todas as partes do mundo? (Moran, 2018, p.17)
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018) a implementação das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no contexto educacional promove um espaço para a aprendizagem, visto que insere um ensino ativo, proporcionando uma aprendizagem que está alinhada as diferentes realidades dos estudantes, despertando os interesses e engajando no processo educacional.
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (Brasil, 2018).
Diante das reflexões apresentadas, torna-se evidente que a busca pela inovação no ensino não se limita simplesmente à adoção de tecnologias, mas requer uma abordagem mais abrangente e significativa. Como salientado por Ambrósio (2020), um professor que almeja inovar precisa ir além, utilizando sua criatividade e planejamento para se posicionar como um mediador ativo da aprendizagem. Nessa perspectiva, é fundamental estimular os alunos a dialogar, opinar e questionar, promovendo sua autonomia no processo de construção do conhecimento.
Não seria reinventar ou redesenhar a escola, esse é o impasse em que vivemos como se tivéssemos que começar do zero. A palavra é reorganizar, não cabe aqui dizer que a escola não faz sentindo para aqueles que nela frequentam. A escola sempre foi um espaço desejável de frequentar e continua sendo. O que mudou foi o acesso ao conhecimento. É aqui que entramos em um labirinto, e buscamos qual é a saída. Isso é complexo, necessário e porque não assustador, não temos modelos prontos que tiveram êxito no ato de aprender de forma flexível numa sociedade altamente conectada. (Almeida & Valente, 2012, s.p.).
Teoricamente a escola já foi redesenhada, combinado a integração de estudantes, espaços, tempos através das metodologias ativas que se propõe a oferecer e contribuir com as melhorias de aprendizagem de cada estudante de acordo com suas necessidades e possibilidades. Reinventar currículo, metodologias, formas de avaliação, não basta.
Rodrigues (2019) debate a importância urgente de por em prática tema tão debatido ultimamente nos mais diferentes congresso e eventos de educação, por isso é preciso sair do debate e partir para a ação. Entend-se a complexidade, mas a mudança é mais do que necessária.
Ao pensar sobre a teoria de aprendizagem que embasa as práticas educacionais de hoje, reporta-se os métodos que enfatizem a partipação ativa do aluno na construção do conhecimento, tais como o construtivismo ou a teoria sociocultural de Vygotsky. Esse autor destacou a influência do contexto sociocultural na aprendizagem. Conforme Vygotsky (1978), “ a aprendizagem é um processo que acontece em um contexto social e cultural, mediado por ferramentas e símbolos culturais”.
Isso enfatiza a necessidadede levar em conta o ambiente social e cultural dos alunos, aqui pode ser citado a cultura digital presente na vida social dos estudantes, ao desenvolver estratégias de ensino. Incorporar as tecnologias digitais na sala de aula pode enriquecer a experiência de aprendizagem.
Sendo Vygotsky (1978) um dos principais teóricos da abordagem sociocultural, a aprendizagem é um processo ativo e mediado socialmente, onde o ambiente tem um papel fundamental na construção do conhecimento. Fazendo aqui referência a aprendizagem personalizada, a qual envolve adaptar o ensino às necessidades individuais de cada aluno. Propondo um sujeito social que não é apenas ativo, mas sobre tudo interativo.
Este conceito pode ser visto como um dos principais obstáculos para o avanço da sala de aula em direção ao novo formato de escola que está sendo planejado. Um professor capaz de atender às diferentes necessidades e características da turma.
David Ausubel (1968), contribui para que seja analizado estratégias para incentivar a aprendizagem significativa, sublinhando a importãncia de conectar novos conhecimentos com conceitos já existentes na extrutura cognitiva da criança. Em sua teoria o autor destaca que: “ a aprendizagem significativa acontece quando uma nova informação se liga de maneira substancial e não arbitrária ao conhecimento prévio do estudante, resultanto em uma reorganização cognitiva duradoura”. Trata de facilitar a aprendizagem mais profunda e duradoura.
Portanto, fica claro que a transformação do ensino-aprendizagem requer uma postura proativa por parte dos educadores, que devem estar dispostos a repensar suas abordagens, desenvolver novas estratégias e promover uma verdadeira cultura de aprendizagem colaborativa. Somente dessa forma será possível alcançar os objetivos de uma educação de qualidade e preparar os alunos para os desafios do mundo contemporâneo.
O uso das tecnologias digitais para inovação do ensino no cotidiano escolar dos anos iniciais
Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar (Freire, 2000, p. 155)
A pergunta crucial é: Como aprende quem ensina e o que constitui a aprendizagem do professor? Baseando-nos em Charlot (2006), podemos abordar essa questão. De acordo com esse autor, a aprendizagem para o exercício da docência pode ser comparada ao ato de caminhar, aprendendo-se enquanto se avança. Nesse processo, permeado por diversas trajetórias, alguns seguem caminhos semelhantes, outros diferentes, mas todos continuam progredindo, de alguma forma, durante a jornada. Ao iniciar essa caminhada, o indivíduo traz consigo aprendizados e conhecimentos adquiridos do ponto de partida até onde estamos.
No entanto, ao longo desse percurso, muitos desafios se apresentam, obstáculos inesperados que exigem reflexão, provocam questionamentos e demandam revisitar as trajetórias que nos trouxeram até aqui, elaborando novas estratégias e ajustando algumas, para que a jornada prossiga — o que é conhecido como formação continuada. Dessa forma, tanto os sujeitos antigos quanto os novos se agregam à experiência, aprendendo e ensinando formas de avançar, de ensinar e de aprender, pois, como disse Paulo Freire (2015, p. 25), "quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender". Saviani (1996, p. 149) também ressalta que "a formação do educador implicará, portanto, a necessidade de compreender o contexto no qual e para o qual o trabalho educativo se desenvolve".
Essa é uma observação significativa, que destaca a importância de equilibrar a dimensão prática, relacionada à ação e ao fazer, com a dimensão teórica, associada à reflexão e ao pensamento. Quando essas duas dimensões estão desconectadas, pode haver uma lacuna no processo educativo, resultando em uma compreensão superficial ou incompleta. Portanto, é essencial integrar o pensar com o fazer, a teoria com a prática, para promover uma aprendizagem mais significativa e abrangente.
Acredita-se que tecer diálogos sobre inovação pedagógica ou educacional requer, primeiramente, entender a ligação desse conceito a escola nova que estava presente nos discursos e nas práticas educativas” do final do século XIX e início do século XX, o ideário escolanovista de Dewey.
Evidencia-se aqui ao examinar o fundamento da escola nova, seus propósitos e transformações na concepção do ensino, é evidente o quanto algumas das ideias que orientam as abordagens práticas das metodologias ativas são diretamente influenciadas por esse ponto de vista. Pode-se afirmar que as abordagens práticas constituem uma extensão ou uma atualização da antiga escola nova, que buscava uma nova forma de organização e de finalidade, um método ativo de ensino aprendizagem.
É interessante observar como as ideias e conceitos da escola nova ressurgem e se integram ao contexto atual, especialmente com o avanço das tecnologias. A combinação da tecnologia com a educação promove um tipo de ensino mais personalizado e dinâmico, alinhado ao pensamento escolanovista.
No século XXI, estamos imersos em uma era digital, onde a sociedade multidimensional é uma realidade. O uso cada vez mais frequente e diversificado das tecnologias está transformando a dinâmica da sala de aula e, consequentemente, as abordagens pedagógicas. Por isso, é crucial debater esse assunto e explorar como as metodologias ativas podem ser potencializadas por meio das ferramentas digitais.
A urgência de mudanças na educação é amplamente reconhecida, e investir em abordagens inovadoras é essencial para preparar as próximas gerações para os desafios do mundo contemporâneo. Nesse sentido, a integração das tecnologias com as metodologias ativas representa uma oportunidade para promover uma educação mais inclusiva, participativa e significativa, capaz de atender às demandas e expectativas dos alunos do século XXI.
Segundo Horn e Staker (2015), a tecnologia, em conjunto com os processos de ensino, viabiliza que os alunos aprendam em qualquer momento, lugar e com um grande alcance. Isso possibilita atingir níveis que antes seriam demasiadamente caros sem os recursos digitais. Com tais ferramentas, o aluno consegue progredir rapidamente caso já tenha dominado um conceito; parar se houver necessidade de entender algo melhor; ou revisitar conteúdos quando julgar preciso. Portanto, é fundamental respeitar o ritmo de aprendizado do aluno. Os autores destacam que a tecnologia oferece aos alunos maneiras simples de seguir por diferentes caminhos para alcançar um objetivo comum.
No contexto educacional do século XXI, as metodologias ativas emergem como uma resposta às novas demandas educacionais. Essas abordagens, inspiradas nos princípios pedagógicos da Escola Nova, renovam e aprimoram os métodos de ensino e aprendizagem tradicionais, onde a cultura digital transformou os hábitos sociais, levando ao surgimento de novas formas de ensinar e aprender por meio das tecnologias digitais.
Em seus estudos, Cambi (1999) apresenta as ideias defendidas por Montessori: "a criança deve desenvolver livremente suas próprias atividades para amadurecer todas as suas capacidades [...]" e que "a criança deve agir por si e receber estímulos e solicitações, sobretudo, do ambiente e não diretamente do adulto".
Nesse sentido, é importante que a escola não ofereça aos alunos conteúdos prontos, mas que os estimule a raciocinar de forma crítica na produção de novos conhecimentos. Assim, evidencia-se a descentralização do papel do professor, com os conteúdos escolares sendo direcionados às necessidades individuais. Isso permite que os alunos desenvolvam suas capacidades e as apliquem na vida prática, estando mais preparados para atuar na sociedade.
Em pleno século XXI, apesar dos avanços tecnológicos e das demandas por mudanças no modelo de ensino, o papel do professor ainda é, em grande parte, caracterizado por aulas expositivas, enquanto os alunos assumem uma postura passiva de ouvintes. Esse modelo continua prevalente e prejudica o potencial dos educandos, que poderiam ser incentivados a aprender de forma autônoma. Na maioria das escolas, o método tradicional ainda é utilizado, e as provas são elaboradas para medir a quantidade de informações que o aluno adquiriu durante um determinado período. Este modelo de ensino e as formas de avaliação tornaram-se obsoletos na sociedade atual e precisam ser reformulados para atender às diversas necessidades sociais.
Os dilemas e desafios do uso das tecnologias fazem com que as experiências e saberes da criança sejam articulados com o currículo da escola. Diante desse novo contexto, é fundamental compreender “[...] os interesses e paixões de cada aluno e seus talentos, sua história e seu contexto” (Moran, 2015, p. 30), pois “aprendemos mais e melhor quando encontramos significado para aquilo que percebemos” (Moran, 2015, p. 31).
No contexto social e histórico do século XXI, observamos uma verdadeira revolução estrutural na sociedade. O conhecimento emerge como um dos bens mais valiosos, as famílias assumem uma variedade de formatos, e os meios de comunicação e tecnologias tornam-se os principais agentes de transformação, ganhando poder para influenciar diretamente nas mentalidades, identidades e comportamentos das pessoas.
Frente a isso, existe a procupação com a mudança no fazer pedagógico, como menciona Freire (1987). Refletir sobre a prática é a forma mais eficaz de desenvolver habilidades de pensamento. O ato de refletir ilumina a prática, assim como a prática ilumina o pensamento. Neste estudo, a análise da prática revela o interesse em promover uma transformação, criando um ambiente educacional inovador e de qualidade, baseado na ação, reflexão e mais ação.
Ainda sobre a prática docente frente as tecnologias Corrêa, Ribeiro (2013), diz ser necessário uma formação pedagógica, que conecte o conhecimento científico em conhecimento didático, para que esse profissional consiga destaque em questões estabelicidas pela instiuição quanto nas relacionadas a realidade social.
Portanto a realidade atual tem desafiado professores a criarem estratégias, utilizarem novas ferramentas e aprenderem a lidar com as tecnologias digitais, ou seja, a se reinventarem. Muitos profesores carecem do preparo técnico necessário para ministrar suas aulas. A literácia digital faz com que o ensino/aprendizagem aconteça, para isso fazem-se necessários equipamentos de qualidade para assim usarem os recursos tecnológicos a favor do cotidiano escolar.
Em meio a expansão do uso social das tecnologias digitais de informação e comunicação, Nóvoa (1992, p.28), defende que “a ação docente passa pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio e por processos de investigação de novos modelos de trabalho pedagógico”. Para o autor a renovação no ensino exige tanto dos docentes quanto dos discentes uma postura ousada. Uma nova forma de entender o papel dos sujeitos e os objetivos do ensino do ensino está intimamente ligada à mudança de postura do professor frente a sua prática pedagógica.
Trata-se de um processo de construção de conhecimento, e não de mera reprodução de conceitos já estabelecidos. Esse desenvolvimento conjunto deve acontecer através da interação entre os alunos, mediada pelo professor, o que exige uma preparação adequada do docente. Além do planejamento para uma atividade específica, é fundamental considerar o contexto da sala de aula, de modo a proporcionar um ambiente onde os alunos se sintam confortáveis e valorizados para participar. Uma das responsabilidades do professor é criar um espaço acolhedor, no qual os alunos tenham confiança para se expressar e participar sem o medo de cometer erros, entendendo que errar faz parte do aprendizado e não deve ser visto como um fracasso.
É necessário, portanto, implementar metodologias que envolvam os alunos em atividades progressivamente mais complexas, nas quais precisem tomar decisões e avaliar os resultados. As atividades devem ser cuidadosamente planejadas e equilibradas para promover o desenvolvimento das competências desejadas, sejam elas intelectuais, emocionais, pessoais ou comunicacionais. Dessa forma, o aluno é incentivado a pesquisar, avaliar diferentes situações e pontos de vista, fazer escolhas, assumir riscos, aprender por meio da descoberta e avançar do simples para o complexo (Moran, 2015).
Diante do exposto, os métodos tradicionais, que privilegiam a transmissão de informações pelos professores, faziam sentido quando o acesso à informação era difícil. Com a Internet e a divulgação aberta de muitos cursos e materiais, podemos aprender em qualquer lugar, a qualquer hora e com muitas pessoas diferentes. Isso é complexo, necessário e um pouco assustador, porque não temos modelos prévios bem-sucedidos para aprender de forma flexível numa sociedade altamente conectada. (Almeida & Valente, 2012)
Atualmente, a tecnologia proporciona a integração de todos os ambientes e momentos. A troca de conhecimento ocorre de forma simbiótica, profunda e contínua entre o mundo físico e o digital. Não se trata de dois mundos ou locais distintos, mas sim de um ambiente expandido, uma sala de aula ampliada que se funde e se hibridiza continuamente. Por essa razão, a educação formal se torna cada vez mais mesclada, misturada e híbrida, pois não se restringe apenas ao espaço físico da sala de aula, mas se estende aos diversos ambientes do dia a dia, incluindo os digitais. O professor deve manter a comunicação presencial com os alunos, porém também digitalmente, através das tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com cada indivíduo.
Nessa perspectiva, a inovação pedagógica surge e se desenvolve no contexto escolar. Portanto, não deve ser buscada apenas em reformas curriculares ou mudanças no ensino, mas sim em ambientes de aprendizagem que favoreçam o conhecimento com mínimo de ensino (Fernandes, 2000).
Essa combinação entre a sala de aula e os ambientes virtuais é essencial para tornar a escola mais aberta ao mundo e para trazer o mundo para dentro da escola. Outra mistura interessante é a que envolve a previsão de processos de comunicação mais estruturados e formais juntamente com outros processos mais abertos, como os que são comuns em redes sociais. Nessas plataformas, é possível encontrar uma linguagem mais informal, uma espontaneidade marcante e uma constante troca de imagens, ideias e vídeos.
Podemos fazer mudanças progressivas na direção da personalização, colaboração e autonomia ou mais intensas ou disruptivas. Só não podemos manter o modelo tradicional e achar que com poucos ajustes dará certo. Os ajustes necessários – mesmo progressivos - são profundos, porque são do foco: aluno ativo e não passivo, envolvimento profundo e não burocrático, professor orientador e não transmissor (Moran, 2015, p. 22).
No mundo das tecnologias e das telas, é necessário “dar menos aulas”, embora muitas aulas apresentem um planejamento dinâmico e criativo, o que predomina na prática é certa acomodação, com modelos básicos, focando mais em conteúdos do que nas metodologias e tecnologias.
Kfouri e Morais (2020) Os recursos tecnológicos, de forma geral, transformaram comportamentos sociais, e as tecnologias digitais, em particular, modificaram a maneira como acessamos informações, oferecendo novas alternativas para o processo de ensino e aprendizagem. A aprendizagem ativa, juntamente com as modernas formas de acesso à informação, proporciona mais autonomia aos alunos, melhores oportunidades de trabalho em equipe e uma aplicação prática do conhecimento.
Esse conceito vem contrapor o que Freire (1987) chamava de educação bancária, método que conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo transmitido. Além disso, transforma-os em "vasilhas", receptáculos a serem "preenchidos" pelo educador. Quanto mais o educador "enche" esses recipientes com seus "depósitos", melhor ele é considerado. Da mesma forma, quanto mais os educandos se deixem docilmente "preencher", melhores eles são considerados.
Certos modelos pedagógicos, como os que privilegiam a instrução direta e a transmissão de conhecimento pelo professor, não são adequados como base para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras. Ao contrário, é necessário promover abordagens que incentivem a participação ativa dos alunos, o questionamento e a problematização dos temas de estudo.
O ensino adquire novos significados ao relacionar-se com as novas tecnologias de comunicação, permitindo uma melhor leitura e compreensão da realidade, bem como a assimilação da rica tradição cultural herdada e de expressões culturais emergentes e mutáveis. Essas dimensões, muitas vezes ausentes da cultura escolar, destacam a necessidade de adaptação e renovação do papel da escola como instituição social.
É comum encontrar críticas severas dirigidas às escolas que permanecem ancoradas no passado, limitando-se a práticas tradicionais como a leitura, a escrita, a matemática e a absorção passiva de conhecimento cultural. Diante desse cenário, surgem conceitos frequentemente adotados no âmbito empresarial, instigados pelo movimento de mudança na educação (Carbonell, 2002).
As questões levantadas são profundas e fundamentais para repensar as práticas pedagógicas nas escolas. Elas nos levam a refletir sobre os pressupostos epistemológicos, pedagógicos e teóricos que sustentam as ações educativas no contexto escolar, bem como sobre o papel da inovação nesse processo.
A inovação é crucial nos processos educativos, especialmente em um mundo cada vez mais influenciado pelo avanço tecnológico e pela evolução do conhecimento. No entanto, entender como os professores concebem e aplicam a inovação na prática é essencial. O conceito de inovação na educação pode variar, mas geralmente envolve a introdução de novas abordagens, métodos ou tecnologias que visam melhorar a experiência de ensino e aprendizagem.
Santana (2019) acredita ser enganosa e importante destacar que inovar não se resume a simplesmente introduzir tecnologias ou realizar eventos pontuais na escola, como passeios, atividades esportivas ou oficinas. Essas ações podem até mesmo mascarar uma falsa sensação de inovação se não estiverem alinhadas a uma mudança real na concepção docente sobre os processos de ensino e aprendizagem.
Assim, é fundamental que as inovações pedagógicas estejam em constante evolução, explorando novas abordagens e descobrindo novas rotas para o ensino e a aprendizagem. No entanto, é importante ter em mente que toda prática pedagógica, consciente ou não, é fundamentada em pressupostos epistemológicos.
No contexto atual, marcado pela pandemia de Covid-19 e pelo aumento das práticas pedagógicas remotas, surgem novos desafios e oportunidades. A adaptação rápida a ambientes virtuais de ensino trouxe à tona a necessidade de repensar as práticas pedagógicas, considerando as demandas e possibilidades do mundo digital.
Moran (2015) acrecenta e destaca que a combinação de aprendizado com desafios e problemas reais é essencial para que os alunos aprendam de forma prática. Comenta que as metodologias ativas integradas com tecnologias digitais promovem a aprendizagem de maneira mais eficaz que métodos tradicionais, utilizando práticas, atividades, jogos, problemas e projetos significativos. Além disso, essas metodologias combinam a colaboração, permitindo que os alunos aprendam juntos, e a personalização, incentivando e gerenciando percursos individuais de aprendizagem.
Observa-se que assim como as tecnologias digitais, as práticas inovadoras devem envolver as crianças, para assim desenvolver as competências e habilidades. Contextualizando aqui a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, destaca que nos
Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo (Brasil, 2018, p. 58).
Durante os anos iniciais do Ensino Fundamental, a progressão do conhecimento se dá através da consolidação das aprendizagens prévias e da ampliação das práticas de linguagem, bem como da experiência estética e intercultural das crianças. Isso leva em conta não apenas seus interesses e expectativas, mas também as áreas em que ainda precisam desenvolver suas habilidades.
A integração da tecnologia na educação vai além do simples manuseio de dispositivos; envolve capacitar as novas gerações a compreender, questionar e lidar criticamente com as complexidades do ambiente digital. Nesse sentido, a Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017) se destaca como o documento orientador que reconhece e abraça essa necessidade urgente.
Posto isso, a BNCC incorpora a cultura digital como uma das Competências Gerais que fundamentam a proposta de educação integral do documento. Ela estabelece os fundamentos para preparar os estudantes não apenas para utilizar a tecnologia, mas também para compreender suas implicações éticas, sociais e culturais.
Em 2022, a Base Nacional Comum Curricular recebeu um documento complementar que define competências e habilidades computacionais a serem desenvolvidas ao longo de toda a Educação Básica. Organizado em três eixos fundamentais, o anexo tem como objetivo proporcionar conhecimentos práticos e promover uma compreensão profunda e crítica do mundo digital. Os três eixos estruturantes são:
· Pensamento computacional: Este primeiro eixo enfatiza a resolução de problemas através do pensamento lógico. Não se restringe apenas à programação, mas incentiva a incorporação de atividades cotidianas que estimulam o pensamento estruturado desde a Educação Infantil.
· Mundo digital: O segundo eixo abrange a compreensão do funcionamento da tecnologia, incluindo a transmissão de dados, a atuação em redes e o uso de gadgets.
· Cultura digital: O terceiro eixo trata do uso da tecnologia, levantando questões cruciais como privacidade online, ética no uso de dados e o impacto da inteligência artificial
Essa competência visa a capacitar os estudantes a compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de maneira crítica, significativa, reflexiva e ética em diversas práticas sociais, incluindo as escolares. Isso implica habilidades para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimento, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Reconhece-se o papel crucial da tecnologia, exigindo que os estudantes dominem o universo digital e sejam capazes de fazer uso qualificado e ético das diversas ferramentas disponíveis, além de compreenderem o pensamento computacional e os impactos da tecnologia na vida das pessoas e da sociedade.
Em suma, as reflexões levantadas sobre inovação pedagógica são fundamentais para repensar a educação em um mundo em constante transformação. Essas questões podem servir como ponto de partida para investigações mais aprofundadas e para o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais eficazes e significativas.
Considerações finais
No âmbito dessas discussões e análises, a abordagem adotada foi abrangente, unindo a prática à revisão minuciosa da literatura relevante. Este enfoque holístico se mostra essencial para uma compreensão profunda das demandas da educação atual e sua efetiva inserção na sociedade. A seleção cuidadosa das fontes bibliográficas priorizou as metodologias ativas com vista as tecnologias digitais, ressaltando a importância crucial dessas estratégias para aprimorar e embasar as atividades escolares nos anos iniciais, considerando que é possível manter a sala de aula e o professor ser o agente responsável neste espaço pelo projeto educativo inovador.
As metodologias ativas com o uso dos recursos digitais, trazem algumas inquietações, a organização escolar como um todo precisa ser revista. Embora necessária é um pouco assustadora, por se tratar de mudança, tudo o que é novo nos causa medo, sair do comodismo é quebrar paradigmas construídos historicamente. Estamos progredindo em ritmo insuficiente em comparação com as nossas necessidades.
As contribuições da escola nova para os processos educacionais são notáveis. Seus ideais desempenharam um papel significativo na construção do conhecimento em educação, influenciando novas perspectivas educacionais de grande importância para alunos e para a sociedade. Revisitar esses princípios e compará-los com as novas abordagens de aprendizagem ativa que prevalecem hoje em dia é fundamental para promover a expansão e disseminação dessas metodologias, já que incentivam o desenvolvimento dos estudantes e atendem às demandas sociais emergentes no século XXI.
Nesse contexto, acredita-se que o fazer pedagógico, apoiado na formação continuada, está gradualmente se moldando para representar uma mudança de paradigma na educação escolar. É por meio desses métodos de ensino que a escola tem avançado em direção à contemporaneidade, buscando desenvolver a autonomia do aluno e formar profissionais criativos, reflexivos e independentes, verdadeiros protagonistas do conhecimento.
Embora os novos métodos de aprendizagem já sejam uma realidade nos contextos escolares, ainda existem desafios que limitam a implementação plena dessas práticas. Desde questões relacionadas à formação docente até o uso efetivo das tecnologias digitais, diversas barreiras precisam ser superadas.
Em linha com os preceitos das metodologias ativas, entre outros métodos inovadores, torna-se evidente que as escolas planejem, implementem, coordenem e avaliem o processo de ensino/aprendizagem dos estudantes, com o foco em aproveitar ao máximo o potencial de desenvolvimento de cada educando.
Contudo, embora toda discussão atual é pertinente, alguns sistemas acabam por restringir tal demanda, sobretudo por estar pautado em questões quantitativas de ensino e avaliação. Portanto, para se promover uma educação inovadora requer uma perspectiva diferente para que o docente possa tornas suas práticas cada vez mais inovadoras, criativas e com uso consciente das tecnologias digitais. Não sendo desse modo, torna-se difícil atender as demandas dos estudantes.
Portanto, a implementação efetiva das metodologias ativas em conjunto com as tecnologias digitais, assim como a superação das barreiras existentes, requer uma mudança de mentalidade e de práticas por parte dos educadores e gestores escolares. Apenas dessa maneira será possível progredir em direção a uma educação de qualidade, alinhada com as necessidades e os desafios do século XXI.
Referências
Ausubel, D. P. (1968). Educational psychology: A cognitive view. Holt, Rinehart & Winston.ABMES. (n.d.). O futuro da educação: desafios e perspectivas da educação brasileira para a próxima década. ABMES - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. Retrieved February 28, 2024, from https://abmes.org.br/blog/detalhe/15550/o-futuro-da-educacao-desafios-e-perspectivas-da-educacao-brasileira-para-a-proxima-decada,
Almeida, M. E. B. & Valente, J. A. (2012). Tecnologias digitais, Linguagens e Currículo: investigação, construção de conhecimento e produção de narrativa, 2012.
Arendt, H. (1961). A crise na educação. Em Between Past and Future: six exercices in political Thought (p. 173–196).
Arroyo, M. G. (2011). Imagens Quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. Vozes.
Bacich, L., & Moran, J. (2018). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Penso. 45–49.
Brasil (2018). Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC,
Carbonell, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Artmed, 2002.
Carvalho, J. S. F. de. (2004). Democratização do ensino revisitado. Educação e Pesquisa, 30(2), 327–334. https://doi.org/10.1590/S1517-97022004000200011
Cidral, W. A. et al E-learning success determinants: Brazilian empirical study. Computers & Education, 122 (2) p. 273-290, 2017.
Correa, Guilherme Torres; RIBEIRO, Victória Maria Brant. A formação pedagógica no ensino superior e o papel da pós-graduação stricto sensu. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 39, n. 2, p. 319-334, abr./jun. 2013.
Cristo, C., Sampaio, Farias, A., Maria De, & Martin, A. (2015). Aprendizagem ativa na educação em saúde: Percurso histórico e aplicação. Em Revista Brasileira de Educação Médica (p. 143–158).
Dewey, John. My pedagogic creed. Tradução Fábio M. Said. (UFBA). Disponível em: Acesso em: 12 novembro. 2023.
Dewey, John.Vida e educação. Tradução Anísio Teixeira. 6. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1967.
Freire, P. (1987). Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Freire, P. (1996) Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. (30a ed.), Paz e Terra
Glaser, W. (2017). William Glasser. Fonte: PPD: Disponível em: Acesso em: 01 de junho de 2018.
Kfouri, S. F., Morais, G. C, (2020). Aproximações da Escola Nova com as Metodologias Ativas: Ensinar na Era Digital.
Libâneo, J. C. (2011). Adeus professor, adeus professora: novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez.
Lipovetsky, G. (2019). Agradar e tocar - Ensaio sobre a sociedade da sedução (Vol. 70).
Lopes, L. M. M., & Ribeiro, V. S. (2018). O estudante como protagonista da aprendizagem em ambientes inovadores de ensino.
Marcuschi, L. A. (2008) Produção textual, análise de gêneros e compreensão. Parábola.
Matos, S & Mazzafera, B. (2022). Reflexões sobre as metodologias ativas e tecnologias digitais como recursos pedagógicos no processo de ensino e aprendizagem de competências. Research, Society and Development.
Moran, J. ([s.d.]). Novas formas de ensinar a alunos sempre conectados. Usp.br. Recuperado 28 de fevereiro de 2024, de https://moran.eca.usp.br/wp-content/uploads/2017/08/transformar_escolas.pdf
Mendonça, C. P., Junior, A. (2016). Palestra proferida no “II Congresso Internacional Envolvimento de dois alunos na Escola Perspectivas da Psicologia e Educação.
Novoa, A. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixonte, Instituto de inovação Educacional, 1992, Porto Editora 2ª ed.
Almeida Prado, Lourenço, Dom. (1991). Educar – Ensinar a pensar, sim, conscientizar não. Rio de Janeiro: Agir.
Sahagoff, A. (2019). Metodologias Ativas: Um estudo sobre práticas pedagógicas. Em J. Junior, De Mello Andrade, L. Souza, Pereira De Souza, & N. Silva (Orgs.), Metodologias ativas: práticas pedagógicas na comtemporaneidade. Editora Inovar.
Santana, T. P. Prática pedagógica tradicional e inovadora. Revista Espaço Acadêmico, n. 216, p. 55-62, 2019.
Saviane, D. (1996). Educação do senso comum consciência filosófica. 12 ed. Campinas: Autores Associados.
Shulman, L. S. (1997). Conocimiento y enseñanza: fundamentos de la nueva reforma. Profesorado. Revista de Currículum y Formación de Profesorado. v, 9(2), 1–30.
da Silva, R. B., & de Assis Pires, L. L. ([s.d.]). Metodologias Ativas De Aprendizagem: Construção Do Conhecimento. Com.br. Recuperado 28 de fevereiro de 2024, de https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2020/TRABALHO_EV140_MD1_SA16_ID5081_13082020210651.pdf
Valente, J. A. (2018). A sala de aula invertida e a possibilidade do ensino personalizado: uma experiência com a graduação em midialogia. In: Bacich, L. e Moran, J., Eds., Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora: Uma Abordagem Teórica-Prática. Porto Alegre: Penso, 2018
Voltolini, R. (2001). Do contrato pedagógico ao ato analítico: contribuições à discussão da questão do mal-estar na educação. Estilos da Clínica.
Vygotsky, L. S. (1978). Mind in society: The development of higher psychological processes. Harvard University Press.
[1] Mestrando/a em Ciências da Educação pela Universidad de la Empresa-UDE, licenciada em Pedagogia Anos Inicias, Educação Infantil, Jovens e Adultos e Educação Especial. Especialista em Psicopedagogia, Educação Básica e Educação Especial, Anos Iniciais, Educação Infantil e Gestão Escolar. ORCID: 0009-0001-7709-7133, CV: http://lattes.cnpq.br/2037385275120836 e-mail: motavanda924@gmail.com