Democracia, Educação e Tecnologia

 

Democracy, Education and Technology

 

 

Recibido: 13/12/2021

Aprobado: 20/12/2021

Junior Aparecido Cardoso Peres[1]

 

 

Resumo

O presente artigo teve por objetivo analisar a tecnologia com um meio presente na vida do ser humano, haja vista que o conceito evolucionista se apresenta em todas as fases da vida, levando a espécie humana a se adaptar e tais adaptações são capazes de promover facilidades e benefícios para a espécie. Assim, é possível entender que a evolução é uma ação inata no homem, levando a espécie a se aceitar e passar por estes processos que não são motivados por suas escolhas, mas pela sua existência e capacidades de adaptações. Para que o artigo se estruturasse cientificamente foi utilizada a metodologia de pesquisa qualitativa com uma revisão bibliográfica em renomados autores, com suas literaturas sendo empregadas como suportes e justificando as premissas apresentadas. O artigo se justificou na apresentação da tecnologia no meio educacional, chegando à conclusão que o docente e demais profissionais são representantes do sistema educativo e precisam utilizar dos meios tecnológicos, e quiçá dos digitais a fim de facilitar a aprendizagem, quando o ambiente ou local estiver próprio para tal, pois ainda no mundo existem muitos indivíduos que não obtiveram acesso aos meios digitais, isso não significa o não acesso e a utilização das tecnologias, mas, devendo ser valorizados pelos docentes estes preceitos a fim de democratizar a educação. Assim sendo, tal escrito se destinou a todos os docentes que buscam democratizar o ensino e sua metodologia de trabalho pedagógico.

 

Palavras-chave: educação, tecnologia, docente, democracia.

 

 

Abstract

This article aimed to analyze technology as an environment present in human life, given that the evolutionary concept is present in all stages of life, leading the human species to adapt and such adaptations are able to promote facilities and benefits for the species. Thus, it is possible to understand that evolution is an innate action in man, leading the species to accept itself and go through these processes that are not motivated by its choices, but by its existence and adaptation capabilities. In order for the article to be scientifically structured, the qualitative research methodology was used with a bibliographical review of renowned authors, with their literature being used as supports and justifying the premises presented. The article was justified in the presentation of technology in the educational environment, reaching the conclusion that the teacher and other professionals are representatives of the educational system and need to use technological means, and perhaps digital ones, in order to facilitate learning, when the environment or location is appropriate for this, as there are still many individuals in the world who have not had access to digital media, this does not mean that they do not have access to and use of technologies, but these precepts should be valued by teachers in order to democratize education. Therefore, this writing was intended for all professors who seek to democratize teaching and its pedagogical work methodology.

 

Keywords: education 1, technology 2, teacher 3, democracy 4.

 

Introdução

 

O conceito evolucionista está presente em todas as fases e Eras da vida, levando a espécie humana a se adaptar e tais adaptações são capazes de promover facilidades e benefícios para a espécie humana, podendo a evolução ser entendida como uma ação inata no homem, obrigando este a se aceitar e passar por processos que não são motivados por suas escolhas, mas pela sua essência e pelas capacidades de adaptações. Diante desta dialética, os conceitos tecnológicos vão se aflorando e com eles os preceitos educacionais podem se democratizar, bem como, também, dificultar seu acesso para aquele público que não possui acesso às tecnologias e dificultar o processo educacional para os públicos não adeptos ou que não possuem meios tecnológicos. 

Quando o homem assume estas transformações ele evolui antropologicamente, holisticamente e tecnologicamente, haja vista que este último conceito pode ser considerada inato no homem, pois ele busca o desenvolvimento dos movimentos, mantendo uma harmonia e criando um círculo de benfeitorias para os outros semelhantes, desta forma, o artigo apresenta a educação como ação tecnológica continua e com alguns aspectos democráticos, pois muitos indivíduos não possuem acesso aos meios digitais, dificultando ou até impossibilitando sua aprendizagem, estes pressupostos justificam o escrito; este também teve por objetivo defender que a Educação deve ser uma ação democrática. 

Por esta razão o presente artigo teve por objetivo analisar a tecnologia como um meio presente na vida do ser humano, haja vista que o conceito evolucionista se apresenta em todas as fases da vida, levando a espécie humana a se adaptar e tais adaptações são capazes de promover facilidades e benefícios para a espécie.

Para que o artigo se estruturasse cientificamente foi utilizada a metodologia de pesquisa qualitativa e revisão bibliográfica em renomados autores com suas literaturas, empregando seus escritos como suportes justificativos das premissas apresentadas, assim, segue abaixo um esboço no qual retrata e busca a democratização do sistema educacional pelo meio tecnológico e quiçá pelo digitalismo.

Muitos indivíduos ainda não possuem acesso aos meios digitais, dificultando a máxima democrática educacional nos presentes dias, para tal, foi traçada uma relação entre a aparência e a educação, descrevendo as fases mais relevantes e apresentando a tecnologia como um suporte educacional, enxergando a mesma não apenas digital, mas uma ação na qual desenvolvem competências e habilidades nos indivíduos; o docente precisa ser tecnológico, mesmo não sendo digital para democratizar a educação, proporcionando o desenvolvimento de suas habilidades e competências.

 

Democracia e educação

A educação é um dos pilares para o desenvolvimento humano e social de uma sociedade; através dela que o ser humano é capaz de se perceber como um indivíduo dotado de capacidades e dons, colaborando para que estes indivíduos façam suas reflexões acerca da existência humana e seus comportamentos diante da sociedade como um todo e a sua conduta em relação a outros homens nos quais revelam as mensagens que trabalham a alma humana em sua essência, que quando hermeneuticamente assumida, entende e evolui a natureza humana. (Eggers, 2015).

Galeano (1995) expõe que a contemplação humana e a sua essência se pauta em uma simbologia no qual “somos um mar de pequenas fogueiras”, ou seja, a humanidade possui inúmeras formas de “contemplação humana” e formas de entender e interpretar a vida.

Essa frase de Galeano (1995) apresenta que o ser humano está em constantes mudanças e a sociedade não está estática, e tais mudanças enaltecem a condição humana pela qual um complementa o outro, assim, embasado em tal pressuposto traçamos um paralelo com a teoria da Mônada de Leibniz na qual “cada mônada apresenta-se, neste sentido, como um mundo distinto, à parte e próprio, mas também como unidade primordial que compõe todos os corpos” (Leibniz, 1988, p. 89).

Utilizando da teoria das Mondas de Leibniz (1988) no conceito educacional podemos dizer que cada ser humano possui suas qualidades, dons e maneiras distintas de enxergar, interpretar e vivenciar o mundo onde estão inseridos, proporcionando uma grande dicotomia de valores, mas que se entrelaçam e se complementam no seio da sociedade, levando-a se desenvolver e criar indivíduos dotados de capacidades e princípios.

Leibniz (1988, p. 91) expõe que,

É mesmo necessária que cada Mônada seja diferente de cada outra. Porque não existe nunca na natureza dois Seres que sejam perfeitamente um como o outro e onde não seja possível encontrar uma diferença interna ou fundada sobre uma determinação intrínseca.

Embasado na citação de Leibniz (1988) e nos expostos vamos ao encontro do questionamento sobre o que significa a analogia do fogo na sociedade de Galeano (1995); a sociedade possui muitos fogos, pessoas com inúmeras formas de interpretar e vivenciar a realidade na qual estão inseridas e estas interpretações são as que fazem o mundo ser diferente e igual ao mesmo, pois na diferença do outro que a lacuna existente na outra pessoa pode ser complementada, promovendo uma dialética antropológica, no qual um Ser se complementa em outro Ser, ou seja, não “existem fogos iguais” (Galeano, 1995).

 Todos os fogos possuem suas idiossincrasias e características como as inúmeras culturas existentes na sociedade tendo sua beleza e realeza diante do mundo, suas diferenças que se completam na outra e devemos respeitar essas formas distintas e hermenêuticas, pois cada pessoa brilha com sua luz (Galeano, 1995), e essa luz pode irradiar mundos que ainda estão obscuros, levando-nos a entender e perceber que a partir destas frases que a Educação é este mar com muitas fogueiras que não podem se apagar.

O docente, por ser o representante legal da educação tem por reponsabilidade cuidar destas fogueiras para que não se apague devido o frenesi do dia a dia, pois com a turbamulta de afazeres educativos, este profissional pode não perceber a presença de uma pequena fogueira, uma vez que essas pequenas fogueiras têm suas formas próprias de queimar, algumas com mais intensidade e outras com menos, mas todas queimam (Galeano, 1995). Algumas são frágeis outras mais incandescentes, mas não deixam de ter em sua essência a primazia do fogo que é a luz, algumas com mais intensidade e outros com menos voracidade, mas todos possuem a capacidade de iluminar.

Em uma sala de aula se encontram fogueiras de todos os tipos, desde as mais brandas que precisam de mais lenhas, às medianas que precisam de um olhar mais atento para não apagar e não extrapolar e se queimar sem um sentido, até as mais vorazes que precisam de um controle para não queimar sem nenhum sentido ou dominar as pequenas fogueiras que estão ao seu redor, pois cada fogueira possui suas características (Galeano, 1995), qualidades e dons que podem ajudar as outras.

O docente deve ser o mediador destas fogueiras para não deixar as pequenas fogueiras se apagarem ou se sentirem inferiorizadas, e “ao reconhecer que cada indivíduo tem sua forma distinta de aprender, junto de seu tempo e democratizar a educação” (Saviani, 2000, p. 18) respeitando e valorizando o indivíduo de forma legal e educativa, pois cada um possui suas qualidades e tem sua parcela de contribuição para o desenvolvimento da sociedade, mas para que tais ações se concretizem o professor precisa se conscientizar das suas atribuições e entender que em uma sala de aula existem indivíduos com sentimentos, traumas, culturas diferentes, distintas formas de interpretar a realidade e acima de tudo, “seres que estão em formação e que precisam de um tutor para guiá-los, não de forma mecanicista, mas a fim de formar cidadãos pensantes”. (Freire, 1996, p. 28).

Morin; Ciurana; Motta (2003) expõem que o docente precisa levar o individuo a se respeitar e respeitar o outro como o outro é diante da conjuntura cultural e da realidade que se encontram, mas, não se esquecendo das gerações que estão em constantes mudanças, isto é, o docente não pode se estagnar diante da realidade da qual esteve em formação, ele precisa entender que as gerações estão em mudanças e precisam ser entendidas.

 Tal afirmação não significa que o professor precise concordar com todos os preceitos e conceitos apesentados pelos alunos, mas precisa entender que as abordagens socias e culturais passaram e vão passar por mudanças, necessitando respeitar e entender que existe uma nova geração com seus modos de pensar e de enxergar o mundo (Calligaris, 2021), haja vista que os preceitos morais nunca se modificaram na sociedade, mas se adaptaram em relação às gerações.

Isso significa que o docente viveu em uma dada geração e seus estudantes em outra, nestas mudanças de gerações ocorre um choque de realidades na qual algumas chamas, tanto nos docentes quanto nos discentes, podem se apagar, desta forma, o docente precisa entender que “existem fogos pequenos, brandos, com várias cores e outros que nem queimam, mas existem fogos que incendeiam a vida e quem chega perto se incendeia, também” (Galeano, 1995), isto é, o profissional da educação não pode se esquecer da essência educacional que se apresenta a fim de mudar a vida daqueles indivíduos que por algum motivo perderam a perspectiva de vida e a esperança, e pela educação estes seres podem se enxergar como indivíduos dotados de qualidades e dons. (Freire, 2003).       

Assim, a capacidade de aceitar as mudanças que as gerações, o tempo e a educação promovem se pautam em gastar mais materiais para não deixar que o fogo do docente se esfrie ou se apague (Galeano, 1995) como as fogueiras dos alunos;

É se desgastar diante de uma situação que pode ser vista sem sentido, mas ao final deste desgaste é auferido que todo esforço não foi em vão, pois o docente esteve contra todo percurso do senso comum, promovendo o desenvolvimento de cada estudante com suas habilidades e competências para melhorar a sua vida e daqueles que estiveram ao seu redor, elevando ao grau de Alguém aqueles se viam como Ninguéns (Calligaris, 2021) de uma sociedade com grupos egocêntricos nos quais não percebem as qualidades e competência de pessoas que não tiveram a oportunidade de se conhecerem como Pessoas, Seres Humanos e se reconhecer como Seres Capazes de proporcionar benéfices aos demais semelhantes (Galeano, 1995), democratizando o princípio educativo, ou seja, promovendo o bem estar de todos os envolvidos no sistema educacional.     

Mas, para que estes Ninguéns se tornem Alguéns é preciso de um suporte, isto é, um apoio que levem estes indivíduos a se perceberem como capazes de ações nas quais podem mudar suas vidas e as que estão ao seu redor, proporcionando qualidade de vida e esperança, mas não do verbo esperar, mas esperançar, ou seja, criar esperanças e buscar meios que efetivem a realização de seus objetivos, porém, estes meios se dão através de uma educação que forma o ser humano em todas as instâncias como a holística, antropológica, política e social, não o manipulando e nem os utilizando de massa de manobra. (Gramsci, 2000).  

De acordo com Gramsci (2000) para que o ser humano se eleve ao grau de não ser manipulado, ele precisará ir contra o frenesi que sociedade contemporânea se apresenta com a ajuda do neoliberalismo, este no qual se aflora de modo a esquecer-se e deixar invisíveis os protagonistas do sistema social, promovendo a invisibilidade de muitos indivíduos que constituem os processos sociais (Palomo, 2021) e faz com que a sociedade não vivencie sua essência que é a busca do crescimento e o enaltecimento do homem.

Palomo (2021) expõe que a sociedade, por sua vez, é formada por pessoas com suas culturas, crenças, formas de enxergar e vivenciar a vida, seus valores e demais formas nas quais fazem com que um Ser ocupe um espaço no espaço, mas com a crise neoliberal se apresentando nos meios sociais, inúmeros desafetos como os maus tratos aos animais, com a natureza, as poluições sonoras e visuais levam a um desafio de paradigmas, desafiando novas formas de pensar e dentre estas formas, as barbáries vão se formando no ideário social criando preconceitos e degeneração do ser humano. (Morin, 2019).

A humanização de animais se tornou corriqueiro e o detrimento da pessoa humana se tornou natural na sociedade atual; pessoas celebram a vida de um animal de estimação e se esquecem das crianças em situação rua, muitas famílias passam despercebidas pelos olhares da sociedade, como se não fosse responsabilidade das mesmas por estes indivíduos estarem em situações abaixo da dignidade humana. (Morin, 2019).     

Com a cultura do invisível que se estende pela sociedade, nos é levado a questionar se o ser humano continua em evolução ou não, haja vista que o termo evolução “é um processo no qual indica o desenvolvimento das comunidades ou grupos de animais com estímulos racionais, sendo capazes de se adaptar em todos os ambientes e espaços” (Santos, 2020, p. 1), e com a cultura dos invisíveis ou os ninguéns que existem em uma sociedade, será que esta evolução está vivenciando a sua etimologia no sentido antropológico, uma vez que muitas situações nas quais nos assolam como, por exemplo, indivíduos em situação de rua, não tendo um lugar digno para dormir, se alimentar, com trabalhos insalubres e não dignificantes (Palomo, 2021), podem ser vistos em um processo evolutivo? (Santos, 2020).

Estes indivíduos fazem parte deste processo evolutivo e social ou apenas cumprem com seu papel de ocupar um espaço no espaço, mas sem saber qual o sentido da sua vida? Tais questionamentos devem ser revistos e interpelados por todos os cidadãos a fim de criar uma consciência crítica e tais críticas devem ser desenvolvidas na escola, levando os alunos a entenderem que o tido normal, deve ser analisado e refletido (Saviani, 2000) a fim de levá-los a consciência de que estes ninguéns e invisíveis (Galeano, 1995) são membros de uma sociedade e que estes possuem muitas capacidades, qualidades e dons que podem e devem ser colocadas em prol do crescimento da mesma, basta entender e criar meios para que estes invisíveis passem a ser visíveis.  

Segundo Santos (2020),

Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem é um dever, e lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize é uma obrigação. Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades. (Santos, 2009, p. 42).

Ao responder esta indagação entramos no campo da moral e da estética os quais se pautam no sentido da vida, levando-nos à reflexão sobre o que seria a vida e como os indivíduos, principalmente os ninguéns ou os invisíveis a interpreta, assim sendo, o sentido de vida pode ter vários significados; uma interpretação ocorre de uma forma para aqueles que possuem uma alimentação digna e seus direitos básicos respeitados e garantidos, já a outra ocorre na contramão da primeira para aqueles que não possuem o mínimo para sua subsistência, sendo ninguéns diante de uma sociedade (Galeano, 1995).

Uma vida sem sentidos ou sem dignidade pode ser considerada normal, quando não é, proporcionando concepções no qual o ser humano passa a não ser mais o centro das atenções, mas um objeto sem seu valor antropológico e holístico, não se reconhecendo mais como integrante de uma sociedade, se perdendo diante das muitas concepções e interpretações de vida que a sociedade proporciona.

Essa interpretação nos leva a perceber que o ser humano quando interpreta uma vida sem sentidos e sem a primazia de suas habilidades e competências se autodestroem, pois não conseguem se enxergar como membros de uma sociedade que está em desenvolvimento, sendo ele responsável por este desenvolvimento.

Quando o homem não consegue se enxergar como responsável por este enaltecimento, promove o detrimento do seu Ser e concomitantemente da própria sociedade, haja vista que este indivíduo é um membro que promove o crescimento e embeleza a “obra de arte que é a vida” (Calligaris, 2021), pois ela se “baseia em equilíbrio, simetria, harmonia e proporcionalidade daquilo que se apresenta harmoniosamente para os outros; sua essência não muda, pois ela é a simetria em si” (Boas, 2015, p. 2),  desta forma, se a vida é uma obra de arte, cada indivíduo em seu Ser possui uma essência na qual promove preceitos de enaltecimento da vida, uma vez que o belo  é “o Juízo Estético, onde a vida é a nossa obra de arte” (Calligaris, 2021).

Diante destes expostos percebemos que existe uma forma de amenizar esses problemas que surgiram e estas mudanças se dão pela educação, pois a partir dela que se forma uma consciência sólida e lúcida, levando um indivíduo a enxergar o outro como a si mesmo, com os mesmos direitos e deveres, não se enaltecendo por algum bem ou título que possui, mas enxergando o outro como um Ser que o ajudará a ser melhor dia a dia, diante de uma situação considerada complexa e dependente de outras formas de pensar e interpretar o problema, levando a uma multidisciplinariedade (Morin; Ciurana; Motta, 2003), proporcionando ao estudante, desde a mais tenra idade, a interpretação e o entendimento dos princípios morais já preestabelecidos para o bom convívio em sociedade.  

Deste modo, estes indivíduos se tornam mais livres e conseguem interpretar a sua realidade e como se portar diante dela, uma vez que estará sendo formada uma opinião crítica acerca daquela realidade e ela se desenvolverá como uma educação de qualidade na qual não o escravizará (Freire, 1996), levando-os a se verem como responsáveis e promovendo o desenvolvimento das suas habilidades e colocando-as a serviço do seu meio, mas para isso, o docente precisa proporcionar um ambiente que os levem a estas reflexões e interpretações livres e democráticas. (Morin, 2019).

Touraine (2011) destaca que a sociedade vive em uma grande crise existencial e moral, relatando que a realidade presente é uma crise que se estenderá por longos anos devido à economia mundial, na qual se encontra abalada, pois está fragmentada e enquanto persistir esta separação a sociedade passará por uma destruição, se degenerando devido ao conceito da sociedade estar pautada em recursos nos quais se constroem escolas, ruas, estradas, prédios e monumentos, esquecendo-se do ser humano em sua totalidade antropológica.

Estas construções e formas se apresentam às sociedades como princípios de crises que estão instauradas no sistema econômico e que se divide, sendo fragmentos de uma economia global fragilizada devido à globalização. “Ao se tratar dos fragmentos de uma economia desestruturada, ela se torna perceptível em uma individualidade que se volta ao consumismo e a busca exacerbada do poder” (Touraine, 2011, p. 5) na qual denigre a pessoa do ser humano que está inserido em uma sociedade pautada nas construções e nas formas monumentais de se apresentar às demais sociedades com preceitos evolutivos e demarcantes de poder.

Desta forma, o mercado passa a ser entendido como um processo de descontrole, enquanto as empresas ficam a mercê do mercado globalizado, não sendo administrado por ninguém, se inserindo e perpetuando à concepção de individualismo, consumismo e uma busca incessante de poder, levando e deixando o sistema financeiro mundial descontrolado e sem perspectivas de domínio devido à dialética de poder e consumo. (Touraine, 2011).   

Touraine (2007) destaca que diante desse paradigma o que mais se espanta é o silêncio que assola a sociedade, se tornando coniventes e aceitando todas as  concepções que lhes são apresentadas sem nenhum questionamento, fazendo dos cidadãos massa de manobra, se tornando perceptível na sociedade uma estigmatização e a reincidência do professor detentor do conhecimento, criando e desenvolvendo pessoas sem um sentido à vida, apáticos diante de muitas circunstâncias e contra a   transnacionalização de produção sem questionamentos políticos e bases estruturais nas quais buscavam o desenvolvimento e o enaltecimento de um povo, sendo encontrados projetos sem cunhos e fins enaltecedores de indivíduos, valorizando opiniões públicas sobre a xenofobia de forma ampla, na qual o medo do outro é a base de toda discussão, discutindo uma única pauta: aquilo que é ruim; sem projetos sociais e os debates educacionais não são mais pauta dos indivíduos, pois o outro causa insegurança e medo.

Estas ações que assolam a sociedade como um todo são resquícios de uma educação bancária na qual não formava adequadamente os estudantes, levando-os a não obterem uma capacidade hermenêutica e eloquente na qual denota uma grande fragilidade na realidade social, sendo desencadeada por uma má administração educacional. (Saviani, 2000).  

Assim, Morin (2009) complementa os argumentos de Touraine (2011) explicando como se estrutura o sistema econômico e social mundial, descrevendo que a sociedade em si é dominada pelos interesses econômicos, promovendo dominação econômica e ascese do neoliberalismo, premissa na qual nascem movimentos de rebeliões, sendo estes grandes sintomas de crises, levando a uma destruição do planeta, pois as rebeliões estão imersas nas insatisfações dos cidadãos e estas insatisfações o século XXI passa por alguns perigos, sendo estes divididos em três.

O Primeiro perigo do século XXI é o Desafio Ecológico, se pautando na devastação do planeta e na degradação da biodiversidade, estando estes dois presentes no interior de cada ser vivo e em nossas vidas, pois o homem precisa do solo para viver e este está em degradação pelo próprio ser humano.

O Segundo se pauta na Economia, não se encontrando regulamentada, existindo uma vontade descontrolada de lucros e poder, apresentando falsa ideia de prosperidade que desaparece em algumas classes sociais e presentes, em demasia, em outras, ou seja, nas classes altas e dominantes o poder e a lucratividade aumentam e nas classes baixas a pobreza sobressai, diminuindo e até desaparecendo a ideia de prosperidade.

O Terceiro perigo do século XXI se estrutura na Globalização, sendo esta impulsionada pelos motores da Ciência, Tecnologia e Economia  não controlados com as formas de pensar que com o frenesi diário se estruturam no descontrole emocional e social, sendo desafiadoras para a formação de uma sociedade anciã e ao mesmo tempo jovem, pois ela se centra na busca de uma verdade, sendo muitas vezes sem um conceito formado e com indicadores embasados nos fatos apresentados pelo senso comum fragmentando as ideias nas quais não são capazes de pensar de forma global com premissas na quais uma ideia depende da outra.

Este último perigo quando se depara com a limitação humana em relação a sua fugacidade, não consegue se eximir do senso comum devido o neoliberalismo, nascendo a Crise de Pensamentos e da Sociedade (Touraine, 2011), na qual desenvolvem características negativas em detrimento dos preceitos positivos e científicos, apresentando uma Crise da Humanidade como um destino incerto e ameaçador, pois poucos são os indivíduos que conseguem se inserir em uma concepção desafiadora de pensar diferente, haja vista que estão imersos em um pensamento dominado pelo capitalismo desenfreado onde a ideologia de poder e a busca de prosperidade são buscadas a todo custo. (Morin, 2009).

O conhecimento desta forma se torna frugal, ficando em segundo plano, haja vista que toda forma de pensar que leva a uma conclusão pode ser considerada uma aprendizagem e tal se concerna nas premissas do conhecimento (Peirce, 1977), mas, nesta busca desenfreada de prosperidade e estabilização financeira a todo custo promovido pelo neoliberalismo e por uma globalização com características negativas na qual a economia se mostra desregulamentada, desenvolvem-se duas barbáries que assola a sociedade como um todo sem ela perceber, além de estagnar a busca e o desenvolvimento do conhecimento.

Em primeiro lugar das barbáries está o Domínio, este se caracterizando com as guerras, com o desprezo, com as mortes, a dominação de povos, de culturas, de economia, a valorização da humilhação como meio de enaltecimento de uma cultura em relação à outra e o uso da servidão como domínio de nações e demais povos, levando o empobrecimento espiritual e antropológico, além de denegrir a própria essência do homem que está em desenvolvimento desde a sua origem (Peirce, 1977), bem como a estagnação do conhecimento, pois a dominação eleva o autoritarismo, coagindo a concepção democrática do conhecimento. (Morin, 2009). 

De acordo com Morin (2009) todos estes preceitos estão ao redor da sociedade atual, e em muitos casos estes processos são vivenciados de forma inconsciente, pois os indivíduos estão imersos nestas conjunturas, aviltando o estrangeiro ou aquilo que não faz parte ou não comungam dos mesmos ideais nos quais acreditam, criando isolamento mental, estrutural e uma consciência social, aumentando o desprezo social e a desvalorização cultural, uma vez que a aceitação da cultura e valorização da outra cultura é uma forma de crescimento humano e a propagação do conhecimento. 

A segunda barbárie, na qual complementa a primeira, está em uma concepção de Cálculos, no qual o ser humano é equiparado aos números, ou seja, os dígitos podem entender e justificar toda ação humana e os preceitos que enaltecem e promovem o bom convívio dos sentimentos como o amor, as emoções e as formas culturais, elevando o ser humano a níveis de objetos de pesquisa quantitativa, inerindo cada homem com um determinado valor, deixando-os mais uma vez a mercê da insignificância social, dos lucros e da economia descontrolada promovida por uma globalização neoliberalista sem controle, menosprezando e discriminando o conhecimento como um todo diante das conjecturas sociais. (Morin, 2009).

Com estes dois processos é possível questionar se a Democracia está em Crise e de acordo com Morin (2009), ela se encontra desestruturada, pois vive em um conflito de ideias que não levam ao crescimento social, ou seja, não promovem questões nas quais enaltecem a pessoa humana, mas se destinam apenas às questões partidárias dentro de assuntos fragilizados, sem bagagem social e com lacunas. Estas questões se pautam em políticas descentralizadas, na qual não apresentam ideias entre pessoas, mas das pessoas, promovendo uma desintegração e perdendo o seu sentido de administradora das necessidades sociais, valorizando em demasia os pensamentos em benefícios próprios, esquecendo que a sociedade é uma comunidade, isto é, todos vivem em uma comum unidade.

Desta forma, é perceptível que a difusão do conhecimento está em crise e a democracia fragilizada quando as crises humanitárias (Morin, 2009) denigrem e prejudicam todo o processo evolutivo e desenvolvimentista do conhecimento, sendo este a base da estrutura humana em relação ao domínio social e panóptico (Foucault, 2009) no qual grupos mais desenvolvidos buscam alienar e manipular uma massa que sofre com uma crise que assola a democracia social e educacional, tendo por resultado o surgimento de sistemas neoautoritários, com fachadas democráticas, perdendo todo o sentido e os fundamentos de liberdade e autonomia do povo.

Com tais ações o povo se torna massa de manobra, apresentando uma falsa democracia, se caracterizando nas economias massivas e descontroladas, prejudicando as populações e os trabalhadores, beneficiando grupos selecionados, não encontrando uma solução para estes problemas e as revoltas se perpetuando, sem pensamentos que indicam uma nova via, gerando um futuro incerto e nesta incerteza criando angústias, medos e fenômenos regressivos, além de regredir os preceitos educacionais à difusão do conhecimento, sendo este o processo que democratiza o acesso à concepção de liberdade intelectiva, levando a sociedade a se reinterpretar diante dos caoses criados pelas barbáries que as assolam. (Morin, 2009).

 

A tecnologia como suporte educacional

Diante de todo este exposto, percebemos que a solução para estes problemas se encontram na educação pautada no respeito e na liberdade de expressão desde que siga os preceitos morais da sociedade na qual o indivíduo está inserido (Saviani, 2000). É pela educação que as pessoas criam uma consciência crítica e libertadora (Freire,1996), libertando os indivíduos das amarras de concepções e opiniões atreladas ao senso comum (Freire, 2003), fazendo, também, com que os princípios educacionais se tornem ainda mais democráticos.

A evolução é um princípio inato no ser humano, por mais que ele não queira, é obrigado a passar por este processo, sendo forçosamente a realizar escolhas e sendo considerado um compromisso de liberdade. Nietzsche (2014, p. 92) relata que o homem “está condenado a ser livre e passar pelas evoluções que não escolheu, pois em todas as ações, realizam as mais variadas formas de escolhas”, assim, o homem dentro desta constante dialética, está preso em sua própria vida e nos preceitos evolucionistas, sendo obrigados a aceitar e se adaptar à realidade na qual se encontra.

Ao se tratar de evolução, as premissas como ascese antropológica, holística e tecnológica são afloradas no ideário social, mas a presente terminologia se apresenta como “a ação dos movimentos de qualquer série e ordem onde se desenvolve continuamente e regularmente suas fases, mantenho ou criando um círculo em harmonia” (Levy, 1999, p. 34), estes vão além dos preceitos já preestabelecidos pela sociedade voltada à elevação antropológica, pois a evolução se “encontra no âmago do ser humano, é um princípio inato que não há como negar sua essência e ação no desenvolvimento global” (Freitas, 2002, p. 27), uma vez que a sociedade por si só já produz meios tecnológicos, ou seja, elementos que facilitam a sua e a vida dos demais que estão ao seu redor.

Segundo Castells (1999) a tecnologia é uma ação que facilita a vida do homem no meio onde ele se encontra, elevando sua condição em níveis de eloquência e colocando-o em patamares distintos dos demais animais, nos quais não são capazes de criar, mas de utilizar e adaptar os materiais já existentes.

Se o ser humano é capaz de criar novas formas de subsistência na qual facilita sua vida e dos demais que os circundam, ele é um ser “tecnológico e esta ação se encontra em seu Ser, pois realiza ações inconscientemente na constante busca de satisfação e conforto, mesmo que em muitos casos esteja voltado a uma ação egocêntrica” (Santaella, 2018, p. 18), tal afirmativa corrobora a premissa na qual defende que o homem está condenado a ser livre (Nietzsche, 2014), mas, através desta condenação ele proporciona para si e aos demais, formas de desenvolvimento e ascese antropológica, legitimando que a ação evolucionista se encontra arraigada no seio da sociedade, esta que por sua vez promove um Darwinismo social e Antropológico. (Peirce, 1977).

A evolução acontece em todos os âmbitos e momentos da vida humana; o homem queira ou não, passa por evoluções, pois ela se encontra na essência da humanidade. O mundo passa por mudanças e concomitantemente a sociedade é atingida por estes processos, tal premissa se corrobora ao nos depararmos com as ações realizadas pelo homem quando busca melhorias palpáveis e sensíveis nas quais enaltecem seu bem estar, promovendo o uso das tecnologias, sendo e estando intimamente ligada à evolução, pois através dela que o “ser humano deixa sua marca no seio da história, promovendo ações que elevam as capacidades humanas a níveis de eloquência, podendo subestimar outros seres que se assemelham a si”. (Silva, 2005, p. 18).

Como a evolução e a tecnologia estão em íntima ligação e se encontram no âmago da sociedade, premissa na qual promove e distingue o ser humano das demais espécies, as formas de aprender, apreender e passar informações são princípios inatos ligados e interligados aos princípios evolucionistas de cada homem, pois é “impossível se desenvolver sem aprender ou apreender alguma informação” (Saviani, 1973, p. 18).

Se a ação evolucionista e tecnológica é uma ação intrínseca e inata no ser humano, as capacidades de interpretar, decodificar e passar informações também são, pois o homem precisa fazer escolhas, haja vista que sua vida é constituída de escolhas e ele é execrado às práticas de tais ações (Nietzsche, 2014) por conta da sua condição humana e a capacidade de criar subsídios para facilitar a sua vida e dos demais que estão ao seu redor, assim, o princípio educacional também é uma ação inata e intrínseca no ser humano.

O princípio educacional além de ser o meio que leva e eleva cada indivíduo a oferecer seu melhor a cada dia, ele também “é um processo contínuo no qual desenvolve as faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, melhorando uma integração na sociedade ou no seu próprio grupo” (Silva, 2005 p. 28), ou seja, o homem é capaz de crescer nos aspectos antropológicos, holísticos e morais diante de uma ação educativa, sendo elta um princípio arraigado no seio da sociedade, facilitando o homem se enxergar como evolutivo e tecnológico. (Levy, 1996).

Neste contexto, o homem por ser um Ser evolucionista, tecnológico, em constante evolução e tendo os princípios educativos como instrumentos filtrantes, lapidam o desenvolvimento do homem; a educação se torna um instrumento em constante transformação, pois se o homem evolui, ela acompanhe esta evolução e acompanhará as mudanças que servirão como meio de formação, lapidando outros indivíduos, sendo um “processo contínuo de desenvolvimento e integração com o meio”. (Silva, 2005, p. 29).

É de extrema valia que os profissionais da educação se vejam e se conscientizem diante desta nova conjuntura educacional, “onde a tecnologia não é um preceito, mas uma ação que se concerna e se arraiga dia após dia no ideário social” (Morozov, 2020, p. 15), sendo a promotora de um darwinismo social e educacional, no qual prevalecerão os adaptados à realidade que não se estagna, pois a tecnologia, a evolução e a educação sempre fizeram parte da sociedade que está em transformação.

Segundo Santos (2016), em pleno século XXI a concepção de educação bancária não pode ser vista como a prevalecente, pois a presente geração possui todas as informações em tempo real e são protagonistas de sua educação, haja vista que “a educação é um princípio inato no ser humano, precisando de um instrutor para lapidar e instruir cada estudante em como se portar diante das informações que vão ao seu encontro, sendo por sinal, inúmeras e de várias fontes” (Santaella, 2018, p. 31), possuindo conteúdos e contextos variados, alguns verídicos e outros sem nenhuma bagagem científica. 

Santos (2016) expõe que com os ambientes virtuais e o nascimento da internet, os programas EAD sofreram alterações, pois antes eram realizadas pelos correios e com o advento dos meios tecnológicos apresentou uma maior facilidade de acesso, porém, uma prerrogativa surgiu: “antes da internet as aulas EAD eram ministradas via correios, facilitando o acesso a todos os públicos com serviços de correios; com o advento da internet, poucos possuíam estes aparatos, limitando e criando uma segregação”. (Santos, 2016, p. 22).

Assim, quem possuía acesso à internet eram os com maiores poderes aquisitivos. As atividades pelos correios não foram encerradas de momento, mas diminuíram significativamente, pois “as instituições amorteciam seus custos com as taxas postais, investindo na tecnologia, sendo aos poucos extinto dos correios essa modalidade de ensino” (Santos, 2016, p. 28) e “mantendo o ensino pela internet, esta na qual se perpetua, tomando cada vez mais forças, apresentando, corroborando e levando o homem a se perceber como um ser tecnológico”. (Lemos, 2020, p. 45).

De acordo com Levy (1999),

Os ambientes virtuais potencializam um processo de ensino-aprendizagem mais interativo, por conta das potencialidades de suas interfaces de comunicação síncronas e assíncronas. Contudo, os paradigmas educacionais, na maior parte dos cursos, ainda se centravam na pedagogia da transmissão, na lógica da mídia de massa, na autoaprendizagem e nos modelos de tutoria reativa. O online é só uma tecnologia. A metodologia e a atuação docente ainda se baseavam nas clássicas lógicas da EAD de massa. (Levy, 1999, p. 51).

Embasado no escrito de Levy (1999), percebemos que a educação sempre passou por mudanças e continuará nesta dialética e em um alucinante frenesi social e tecnológico, na qual evidencia suas mutações e “muitos profissionais ainda não assumiram seu papel diante desta nova realidade” (Piscitelli, 2008, p. 69), desta forma, a educação ocupa seu espaço em um ciberespaço, conhecido como “Inteligência Coletiva, onde todos podem ter acesso às informações e materializar os fenômenos educacionais sem a necessidade de estar fisicamente na instituição escolar” (Levy, 1996, p. 37), ou seja, diante de uma tela de computador, tablet ou celular o estudante terá e tem acesso a uma turbamulta de informações, podendo equiparar uma tela com poucas polegadas à sala de aula. 

Com o passar dos anos e o advento das tecnologias, os meios tecnológicos levaram e elevaram as capacidades humanas de buscar melhorias para o meio onde estão inseridas e se tornando uma ação inerente à necessidade humana, além e estar presente em sua condição, uma vez que o homem busca em suas ações o aperfeiçoamento de sua vivência e estas experiências determinam as tecnologias “presentes e arraigadas em sua essência como um DNA” (Santaella, 2018, p. 72), levando a cibercultura a fazer parte da vida do homem, sendo que esta ação sempre se fez presente em sua vida, porém, dentro dos padrões e costumes de cada Era.

Diante desta nova realidade “as tecnologias digitais de informação e comunicação se caracterizam por uma nova forma de materialização” (Levy, 1996, p. 49), materialização presente em uma sociedade que ainda não se percebe tecnológica e reluta por mudanças, sendo que ela mesma sofreu e sofre inúmeras variações, isto é, os indivíduos relutam por mudanças, mas a sua essência é mutante e evolucionista. (Gomes, 2018). 

Perante esse frenesi e as mudanças que ocorrem diuturnamente, os processos tecnológicos e comunicacionais sofreram e sofrem mutações, bem como vão se aperfeiçoando ao longo da história da humanidade, deixando claras as mudanças que ocorreram ao longo destes períodos, “estas ações podem ser entendidas com as transmutações dos suportes como: a comunicação transmitida via madeiras, pedras, papiro, papel e a necessidade de um corpo (professor)” (Santos, 2016, p. 61), e com as variações ocorridas, atualmente precisam apenas dos bits, ou seja, de Códigos Digitais Universais (CDU), sendo estes códigos utilizados pelo mundo, passando e levando informações a todos os indivíduos, além de provocar “mudanças radicais na sociedade por conta do processo de digitalização, assim, uma nova revolução emerge: a revolução digital”. (Gomes, 2018, p. 41).

Saviani (1973) expõe que,

O que se requer da escola e do sistema educativo nesta atual circunstância é que na mudança, permaneça nela um espaço para a criação de um mundo sem cátedras, sem privilégios e sem medo. Para isso, é necessária uma atitude verdadeiramente crítica de seus gestores, um olhar profundo e abrangente para ver o que deve permanecer e o que precisa ser modificado. Sem esquecer a coragem para realizar as transformações necessárias. (Saviani, 1973, p. 55).

Segundo Morozov (2020) as realidades e as potencialidades das tecnologias, em relação aos ambientes virtuais de aprendizagem, proporcionam a estruturação das práticas educacionais, buscando a qualidade na educação nesta modalidade. Os contextos cibernéticos ganharam e estão ganhando maior potencialidade devido a plasticidade digital e sua versatilidade, atingindo variados públicos com suas interfaces e interatividade, devendo ser entendida como um conceito comunicacional e não computacional, proporcionando a educação uma nova roupagem, pois em pleno século XXI a “educação deve ser vista como uma linguagem interativa e com atitude intencional de se comunicar com o outro, co-criando uma nova mensagem” (Piscitelli, 2008, p. 31), uma vez que a geração presente é digital. 

Diante de uma realidade na qual a cibercultura se aflora, necessitando que o docente se aperfeiçoe constantemente nos meios tecnológicos, não sendo necessário que este profissional estude aprofundadamente os conteúdos computacionais, mas que conheça o possível para atingir e suprir as necessidades dos seus estudantes no meio tecnológico (Morozov, 2020), promove a este público qualidade em suas aulas e quiçá uma democratização dos conteúdos, pois os conteúdos pedagógicos estão em sua maioria, digitalizados e disponíveis a todos os públicos nos meios digitais. 

Quando o docente se apropria dos meios cibernéticos na educação, sente que está em constante formação e inicia seu processo de amadurecimento profissional diante da conjuntura da cibercultura, se percebendo como um eterno aprendiz diante do meio educacional, além de reconhecer que o estudante possui uma bagagem cultural e formas distintas de interpretar o mundo (Freire, 1996), assim, o profissional ao aceitar o uso das ferramentas tecnológicas e assumir que o estudante possui uma bagagem e esta deve ser respeitada e valorizada, tem a oportunidade de crescer não somente como profissional, mas holisticamente e antropologicamente, pois cada indivíduo possui suas idiossincrasias e formas distintas de interpretação de mundo, contribuindo com suas experiências para o crescimento do outro, concomitantemente, com o desenvolvimento da sociedade. 

Diante da conjuntura cibernética e da cibercultura, o estudante passa de espectador a apresentador, desta forma, “a autoria do aprendiz pode ser potencializada com situações de aprendizagens nas quais incentivam a prática da virtualização através de atividades de simulação” (Moran, 2017, p. 31), simulando e questionando as suas hipóteses, assim, a possibilidade de interatividade leva o sujeito às novas reflexões, podendo ser de grande relevância para o meio onde ele estiver inserido.

Assim sendo, a tecnologia se aflora levando a macro sociedade a rever seus conceitos informacionais, computacionais e educacionais, induzindo a educação às transformações – haja vista que tal premissa ocorre desde os primórdios dos tempos – além de levar os docentes e demais indivíduos a se adaptarem com as mudanças que ocorrem diuturnamente, promovendo o crescimento e o desenvolvimento de uma cultura cibernética e concomitantemente educacional, proporcionando uma interatividade nas mudanças de perspectivas educativas, de tal modo que permite à educação criar uma nova identidade e com nova roupagem de ensino, presente e inserida na cibercultura, ação na qual nunca se estagnou e estagnará, uma vez que a essência humana é tecnológica, indo para caminhos digitais. 

 

Materiais e Métodos

O artigo se estruturou na metodologia de pesquisa qualitativa e revisão bibliográfica em renomados autores com suas literaturas, utilizando de seus escritos como suportes nos quais justificaram as premissas apresentadas.

Segundo Gil (2008),

 Estes métodos têm por objetivo proporcionar ao investigador os meios técnicos para garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos sociais. Mais especificamente, visam fornecer a orientação necessária à realização da pesquisa social, sobretudo no referente à obtenção, processamento e validação dos dados pertinentes à problemática que está sendo investigada. (Gil, 2008, p. 34).

 

 

Considerações finais

O homem é um ser em constante evolução e em desenvolvimento antropológico, holístico e tecnológico, tal premissa se corrobora ao nos depararmos com a teoria da evolução quando apresenta um animal se adaptando diante das realidades e criando instrumentos nos quais promoviam qualidade de vida e meios que facilitariam a sua sobrevivência, desta forma, podemos entender que este animal pode ser considerado tecnológico, ou seja, capaz de produzir insumos e materiais que promovem o seu bem estar e dos demais que estão ao seu redor.

Se este animal é capaz de produzir materiais que facilitam sua sobrevivência, também é capaz de transmitir informações que elevam e ensinam outros animais, levando-os a praticarem as mesmas ações e aperfeiçoá-las de acordo com as suas realidades e necessidades, assim, a evolução e a tecnologia são preceitos presentes na essência do homem, como também na capacidade de transmitir informações e ensinar.

A tecnologia e a evolução também fazem parte da natureza do homem, não vivendo separadamente; evoluir gera aprendizagens, ela por sua vez promove o nascimento de novos preceitos e concomitantemente agencia a capacidade de ensinar outros semelhantes, se tonando assim, uma grande dialética evolucionista.

A educação além de ser da natureza humana, o homem está em intima consonância com a tecnologia e a evolução, assim sendo, com o passar dos anos houve a evolução do sistema educativo no qual as aulas presenciais passaram a ser à distância em cursos profissionalizantes e depois nos ensinos formais. Tais mudanças apresentaram a evolução da sociedade e do homem, além de facilitar, em alguns casos específicos, o ensino e as informações, pois até pouco tempo o professor era o detentor do conhecimento, mas com o Ensino a Distância (EAD) o docente passou a ser o mediador das informações que os estudantes angariavam com suas experiências; isso não significa que o docente perdeu suas habilidades ou sua posição laboral, apenas evoluiu, mas mantendo sua essência: um formador de opiniões.

Com a pesquisa foi possível analisar como o ser humano está em evolução; a educação também se encontra no mesmo nível, desta forma a cibercultura é a cultura do século XXI, uma vez que as informações estão em tempo real e democratiza a educação levando informações a todos os espaços e públicos (quando com acesso a internet e aparelhos eletrônicos), sendo que outrora era difícil seu acesso, assim, para que o docente não fique obsoleto e corra o risco de integrar o rol dos não adaptados no darwinismo educacional, é importante que busquem se interagir com os preceitos cibernéticos, pois não há a necessidade de ser profissional da computação, mas é preciso conhecer e trabalhar com os instrumentais e materiais que facilitam a transmissão dos conhecimentos, pois o homem por natureza é tecnológico e na atual conjuntura cibernético e digital.   

 

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[1] Mestrando em Educação pela Universidad de la Empresa (UDE)/ Montevidéu – Uruguai. Licenciatura Plena em Ciências Humanas (Filosofia, Sociologia, História e Ensino da Religião) pela USC – Universidade do Sagrado Coração/Bauru-SP. Técnico em Administração de Empresas pelo Instituto de Ensino Profissionalizante (IEP). Tradutor de textos acadêmicos nas línguas: Grego, Latim e Italiano; Palestrante na Formação humana contínua. Docente da Rede Pública de Educação do Estado de São Paulo.  Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7701232928481703. E-mail: jrphilophos@yahoo.com.br